A UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) divulgou hoje um relatório, no qual os dados apontam que mais de 370 milhões de crianças ou adolescentes, ou uma em cada oito, foram vítimas de violação ou abuso sexual na infância. 

“Uma prevalência alarmante. Apesar de haver mais meninas e mulheres afetadas e as suas experiências estejam mais documentadas, os rapazes e os homens também são afetados. Estima-se que 240 a 310 milhões de rapazes e homens, 1 em cada 11, - tenham sido vítimas de violação ou abuso sexual durante a infância”, revela também o documento intitulado “Violência Sexual contra Crianças”. 

O relatório da agência das Nações Unidas para a infância mostra as primeiras estimativas globais e regionais recordes sobre a violência sexual contra crianças. “Elas revelam a dimensão da violência em todo o mundo, uma violação dos direitos humanos, com especial enfoque nas meninas e mulheres, com repercussões negativas na saúde e bem-estar psicológico, emocional e social, na infância e vida adulta”, relata o texto.

Entretanto, a organização também afirma que se a análise for ampliada a violência sexual sem contato físico, abrangendo, por exemplo, violência verbal ou em ambiente digital, o número de meninas e mulheres afetadas aumenta para 650 milhões em termos globais e o número de rapazes e homens para 410 a 530 milhões, o que destaca a necessidade urgente de estratégias integradas e ambiciosas de prevenção e combate a todos os tipos de violência contra crianças. “A persistência de lacunas nos dados, no que diz respeito às novas formas de violência sexual sem contato, realça a premência de um maior investimento na recolha de dados para conhecer a realidade total da violência sexual contra crianças”, alerta as Nações Unidas.

A agência da ONU ressalta ainda que o relatório compova que a violência sexual contra crianças é uma prática generalizada, ultrapassando fronteiras geográficas, culturais e econômicas. “A África subsaariana é região do mundo mais afetada, com 79 milhões de meninas atingidas, seguindo-se a Ásia Oriental e Sudeste, com 75 milhões, a Ásia Central e do Sul, com 73 milhões, a Europa e América do Norte com 68 milhões, América Latina e Caraíbas com 45 milhões, Norte da África e Ásia Ocidental com 29 milhões e a Oceania com seis milhões.

 “A maior parte dos abusos acontece na adolescência, com um pico significativo entre os 14 e os 17 anos. As crianças vítimas de abuso sexual levam frequentemente o trauma para a vida adulta, enfrentando riscos mais elevados diante de doenças sexualmente transmissíveis, abuso de substâncias, isolamento social ou problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, bem como apresentam dificuldades em formar relações saudáveis”, informa a UNICEF.

A UNICEF indica que nos dias 7 e 8 de novembro, em Bogotá, na Colômbia, será realizada a primeira Conferência Ministerial Global Sobre a Violência Contra as Crianças e defende que este “é o momento de agir de forma global e nacional”, esperando que da conferência saia a decisão de “desafiar e mudar as normas sociais e culturais” para adotar uma “política de tolerância zero com a violência”, assim como mudanças na lei para reforçar a proteção das crianças, entre outras medidas.