Presidente faria referência a imigrantes de países africanos, do Haiti e de El Salvador
Em meio às negociações de uma reforma imigratória, durante reunião com legisladores nesta quinta (11), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez críticas à política americana e disse que o país recebe imigrantes de "países de merda", reportaram os jornais "The Washington Post" e "The New York Times".
"Por que todas essas pessoas desses países de merda vêm parar aqui?", teria afirmado o presidente, em referência a imigrantes de países africanos, do Haiti e de El Salvador. Trump ainda teria sugerido que os EUA estariam melhores se atraíssem pessoas de lugares como a Noruega, cuja primeira-ministra esteve com o republicano nesta semana.
A declaração foi reportada com base no relato de duas pessoas presentes à reunião, e confirmada posteriormente por outros veículos da imprensa norte-americana.
Segundo o "The Washington Post", a menção aos "países de merda" foi feita quando congressistas pediam ao presidente que permissões temporárias de residência concedidas a moradores de El Salvador, Haiti e outros países sob crise humanitária ou afetados por desastres naturais fossem mantidas pelo governo dos EUA.
Segundo o jornal, os comentários de Trump deixaram os legisladores estupefatos.
Em nota, a Casa Branca não negou nem confirmou as declarações, mas informou que o presidente Trump "sempre lutará pelo povo americano".
"Alguns políticos de Washington escolhem lutar por países estrangeiros, mas o presidente Trump sempre lutará pelo povo americano", disse o secretário de imprensa Raj Shah. "O presidente está lutando por soluções permanentes que fortaleçam o nosso país, dando boas-vindas àqueles que podem contribuir com a nossa sociedade e fazer crescer a economia."
O temor agora é que as declarações promovam um impasse num esperado acordo bipartidário sobre imigração, que vinha sendo negociado entre republicanos e democratas.
LINHA DURA
A administração de Trump, que tem endurecido as políticas de imigração, revogou recentemente a permanência de 200 mil salvadorenhos no país, cuja entrada foi autorizada após terremotos devastarem o país, em 2001. O mesmo foi feito alguns meses antes, com cidadãos do Haiti.
O presidente tem defendido que o sistema de imigração seja meritocrático, e permita a permanência apenas de imigrantes altamente qualificados e que contribuam para a economia dos EUA.
Trump sustenta que imigrantes ilegais roubam os empregos de cidadãos americanos —mas entidades de defesa dos imigrantes argumentam que a maioria deles preenche vagas que não são absorvidas pela mão-de-obra local, e que sua deportação massiva causaria danos à economia do país.
O presidente republicano defende a prisão e deportação de imigrantes sem status legal no país, o fim do sistema de "loteria de vistos" (que sorteia green cards para cidadãos de países com baixa representatividade nos EUA, a fim de aumentar a diversidade do país) e a restrição do que chama de "cadeia de migração", quando familiares de um residente ganham autorização para irem ao país.
Nesta quarta (10), congressistas republicanos apresentaram um projeto de lei que contempla parte das sugestões do presidente. A lei ainda está sob negociação no Congresso. Com informações da Folhapress.