Presidente americano voltou a defender o endurecimento das leis migratórias dos EUA e o maior controle de fronteiras


Foi assim que a americana Laura Wilkerson, cujo filho foi morto por um imigrante ilegal, iniciou um evento organizado pela Casa Branca nesta sexta-feira (22), quando o governo Donald Trump enfrenta críticas internas e externas à decisão de separar crianças migrantes dos pais que entram no país sem documentos.

Ela e outras 12 mães e pais estiveram ao lado do republicano para contar suas histórias. Seus filhos foram baleados, atropelados por motoristas embriagados, estuprados, torturados.

"Essas são as famílias que a mídia ignora. Não se fala delas", afirmou Trump, que voltou a defender o endurecimento das leis migratórias dos EUA e o maior controle de fronteiras.

O republicano não falou das famílias de imigrantes que ele prometeu reunificar ao assinar uma ordem executiva nesta semana. Tampouco respondeu às dúvidas que ainda existem sobre em que locais elas ficarão juntas enquanto aguardam o processo legal.

Mas o presidente citou números de um relatório do governo segundo o qual 25 mil homicídios foram cometidos por imigrantes sem documentação nos EUA ao longo de 55 anos. O mesmo documento contabiliza 70 mil crimes sexuais e 42 mil roubos.

Embora o relatório leve em conta crimes ocorridos entre 1955 e 2010, 90% deles ocorreram após 1990.

"Onde está a indignação da mídia com as políticas de 'prender e soltar' que permitem que criminosos violentos entrem em nossas comunidades?", questionou Trump.

Uma das presentes no evento, Sabine Durden, nasceu na Alemanha, país dispensado de visto de entrada nos EUA. Disse ter vindo ao país legalmente, após pagar "muito dinheiro" e levar cinco anos para virar cidadã americana. "Não arrastei meu filho pelo deserto. Eu o protegi do mal", disse.

Seu filho, Dominic Durden, foi morto em um acidente de carro em 2012, aos 30 anos. O acidente foi provocado por um imigrante ilegal guatemalteco que tinha uma ordem de deportação, fora notificado por crimes de trânsito, mas vivia em uma "cidade santuário" - nome dado a municípios americanos que não denunciam moradores sem documentação às com autoridades federais de imigração.

"É assim que eu abraço meu filho", disse Durden, ao tocar um bojudo medalhão pendurado em seu pescoço, onde estavam as cinzas do rapaz.

Trump voltou a pedir, no evento, a mudança das leis migratórias dos EUA, que ele qualificou como "as mais fracas na história mundial".

O presidente defende medidas como a adoção de critérios meritocráticos para conceder residência permanente e o fim de brechas legais que permitem às autoridades prender e soltar imigrantes que não tenham a documentação exigida.

Republicanos e democratas debatem o tema há meses no Congresso, mas não conseguem chegar a um acordo. Trump acusa os opositores de obstruírem o debate.

Já os democratas dizem se recusar a apoiar uma lei que estabeleça financiamento para o muro na fronteira com o México, promessa de campanha do presidente.

No total, cerca de 2.300 crianças foram separadas dos pais na fronteira desde abril, incluindo 49 brasileiros. Elas estão sob a custódia de abrigos mantidos pelo governo americano, enquanto os pais aguardam definição sobre seus processos na prisão. Com informações da Folhapress.