Um tribunal sul-coreano emitiu, nesta quinta-feira (22), um mandado de prisão para o ex-presidente Lee Myung-bak, devido a acusações de que o político aceitou suborno enquanto estava no poder, no mais recente escândalo de corrupção a abalar a Coreia do Sul.
Lee foi interrogado por procuradores no início deste mês sobre as quase 20 acusações que enfrenta, incluindo suspeita de que teria aceitado ilegalmente 11 bilhões de wons (US$ 10,28 milhões) de diversas pessoas e instituições, incluindo o Serviço Nacional de Inteligência do país (NIS) e o grupo Samsung.
Lee negou a maioria das acusações, mas admitiu ter recebido fundos secretos em dólares americanos do NIS por meio de um colaborador, segundo a agência de notícias Yonhap.
Ao pedirem a prisão de Lee, os promotores expressaram o temor de que o acusado destruísse as provas do caso. Ele corre o risco de ser sentenciado a até 45 anos de prisão.
Acusações
Suspeita-se de que ele tenha recebido 1,7 bilhão de wons (US$ 1,6 milhão) do NIS.
Lee também é acusado de aceitar 2,2 bilhões de wons do diretor-geral do grupo Woori Financial, Lee Pal-sung, para ajudá-lo a vencer a eleição. Também teria desviado milhões de dólares de fundos do DAS, uma empresa de autopeças, cujos proprietários são membros de sua família, mas da qual ele seria o verdadeiro dono.
A investigação atingiu ainda o grupo Samsung, suspeito de ter comprado, em 2009, o indulto presidencial para seu presidente Lee Kun-hee, então condenado por evasão fiscal.
O ex-presidente e o conglomerado rejeitam essas acusações.
Ex-presidentes na prisão
Na Coreia do Sul, vários ex-presidentes terminaram na prisão, particularmente após uma alternância política.
A ex-presidente conservadora Park Geun-Hye, que sucedeu a Lee, aguarda o veredicto de seu julgamento por um escândalo de corrupção.
O predecessor de Lee, Roh Moo-hyun, de centro-esquerda, cometeu suicídio após ser acusado de corrupção em 2009.
Quando o país foi democratizado na década de 1990, o ex-ditador Chun Doo-hwan e seu amigo e sucessor Roh Tae-woo foram condenados à morte e à prisão perpétua por seu papel no golpe de 1979 e por receberem centenas de milhões de dólares em subornos. As condenações foram posteriormente reduzidas, e ambos acabaram sendo perdoados.