Um líbio suspeito de ter programado a bomba que explodiu um avião sobre Lockerbie, na Escócia, em 1988, matando 270 pessoas, está sob custódia dos Estados Unidos, informaram autoridades americanas neste domingo (11).

Um porta-voz do Departamento de Justiça confirmou à AFP a prisão de Abu Agila Mohamad Massoud, divulgada anteriormente pela promotoria escocesa. "Ele deve comparecer perante um tribunal no Distrito de Columbia", informou o porta-voz, sem especificar uma data.

Não foram divulgados detalhes sobre as circunstâncias da entrega de Massud às autoridades americanas. Ele foi indiciado pelos Estados Unidos há dois anos pelo atentado de Lockerbie.

O atentado teve como alvo um voo de Londres para Nova York. O avião, um Boeing 747 da Pan Am, explodiu em 21 de dezembro de 1988 sobre a cidade escocesa de Lockerbie, matando todos os 259 passageiros e tripulantes e 11 pessoas em terra.

Apenas uma pessoa foi condenada pelo ataque, o líbio Abdelbaset Ali Mohamed al-Megrahi, que morreu em 2012. Ele sempre declarou inocência.

"As famílias das vítimas do atentado de Lockerbie foram informadas de que o suspeito Abu Agila Mohamad Massoud está sob custódia americana", declarou um porta-voz da Promotoria escocesa em comunicado.

"A promotoria e a polícia escocesas, em coordenação com o governo dos Estados Unidos e seus colegas americanos, continuarão esta investigação com o único propósito de levar à justiça aqueles que agiram ao lado de al-Megrahi", acrescentou.

Regime de Khaddafi
Em dezembro de 2020, 32 anos após a tragédia, a Justiça americana anunciou que processaria Abu Agila Mohamad Massoud, um antigo membro dos serviços de inteligência do ex-presidente líbio Muammar Khaddafi, suspeito de ter fabricado e programado a bomba. Massoud estava detido na Líbia na época.

O atentado de Lockerbie foi o ataque mais mortal cometido no Reino Unido e o segundo mais mortal contra os americanos (190 mortos), atrás apenas do 11 de setembro de 2001.

O regime de Khaddafi reconheceu oficialmente sua responsabilidade pelo atentado em 2003 e pagou 2,7 bilhões de dólares em indenizações aos familiares das vítimas.

A investigação foi reaberta em 2016 quando a Justiça americana soube que Massoud havia sido preso após a queda de Khaddafi e teria confessado aos serviços de inteligência do novo governo líbio em 2012.

No ano passado, um tribunal escocês rejeitou um recurso da família de al-Megrahi e afirmou que "não houve erro judicial".

A Justiça descartou um dos argumentos de defesa da família do condenado, que acreditava que alguns documentos relacionados ao caso, que as autoridades britânicas se recusam a desclassificar, teriam permitido chegar a um veredito diferente.