SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com o ataque aéreo do Irã contra Israel na terça-feira (1º) e a promessa de retaliação do Estado judeu, o conflito que se desenrola no Oriente Médio há quase um ano tende a escalar nos próximos dias.

Apesar de a guerra ter como protagonistas Israel e a organização terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza, hoje ela já se expandiu e chegou a partes da Síria e do Líbano. No cenário internacional, o conflito se tornou um complexo xadrez diplomático, com repercussões também no governo Lula.Entenda, abaixo, a situação atual do conflito em sete perguntas e respostas.

Quando e como o conflito no Oriente Médio começou?

A crise protagonizada por Israel e o Hamas começou em 7 de outubro de 2023, depois que o grupo terrorista que controla a Faixa de Gaza lançou sua maior ofensiva contra o Estado judeu em anos, matando civis e mantendo reféns no sul do país. Em resposta, o premiê Binyamin Netanyahu declarou guerra e, logo depois, Tel Aviv realizou bombardeios aéreos contra o território palestino.

O que são o Hamas e o Hezbollah?

O Hamas, nome que significa Movimento de Resistência Islâmica, foi fundado em 1987 em meio a uma revolta contra a ocupação israelense de territórios palestinos. Ele controla a Faixa de Gaza desde as eleições na região, em 2006, em que obteve maioria do Legislativo num pleito considerado limpo por agentes internacionais, mas rejeitado por Estados Unidos, Israel e países europeus que, hoje, classificam o grupo como terrorista.

Já o Hezbollah, que significa Partido de Deus, é um grupo armado fundamentalista e partido político do Líbano, onde concentra instituições que funcionam como funil de recursos e apoio popular, principalmente da população muçulmana xiita. É definida como uma organização terrorista por Estados Unidos, Arábia Saudita e Israel.

Qual é a participação do Irã?

A principal fonte de recursos do Hezbollah e do Hamas é o Irã, potência regional governada por aiatolás xiitas. Teerã fornece armas e treinamento a eles desde a sua fundação.

Nas últimas semanas, Israel intensificou os ataques contra o Líbano, visando alvos do Hezbollah. Seu líder, Hassan Nasrallah, foi morto, num prelúdio de uma série de incursões terrestres contra o sul do país, base de lançamentos de foguetes e mísseis feitos pelos extremistas e que se intensificaram com a guerra na Faixa de Gaza.

Nesta terça-feira (1º), o Irã retaliou ao atacar Israel pela segunda vez na história, lançando cerca de 200 mísseis sobre o Estado judeu -a grande maioria foi abatida, segundo Tel Aviv.

Quais outros países estão envolvidos no conflito?

Além de Israel, protagonista, Líbano e Irã se viram envolvidos por serem, respectivamente, sede e patrocinador do Hezbollah. Outros países que também assumiram papel na guerra foram Síria, Iraque e Iêmen, que abrigam células de rebeldes pró-Irã. Eles fazem parte do chamado Eixo da Resistência, aliança informal entre países do Oriente Médio que inclui ainda o Afeganistão e o Paquistão.

Quais líderes do Hezbollah foram mortos?

Hassan Nasrallah, principal nome do Hezbollah, foi morto em seu abrigo subterrâneo no sul do Líbano, durante um bombardeio de Israel na semana passada. Segundo o Estado judeu, outros 20 comandantes estão entre as vítimas.

Antes dele, em julho, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, também morreu por uma explosão na capital iraniana, em que ele visitava como convidado à cerimônia de posse do novo presidente do país, Masoud Pazeshkian. Em abril, seu antecessor, Ebrahim Raisi, já havia morrido num acidente de helicóptero.

Israel vai atacar o Irã?

O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, afirmou nesta quarta-feira (2) que Israel vai responder aos ataques aéreos lançados pelo Irã de forma dolorosa. "Este foi um ataque calculado contra uma população civil. Israel não ficará parado diante de tal agressão. Israel responderá. Nossa resposta será decisiva e sim, será dolorosa, mas ao contrário do Irã, agiremos em total conformidade com o direito internacional", afirmou a jornalistas.

Na própria terça, o premiê Binyamin Netanyahu já havia divulgado um comunicado em que prometia vingança. "O Irã não aprendeu a lição. Quem ataca o Estado de Israel paga um preço alto. Este ataque terá consequências. Temos planos e agiremos no tempo e no lugar que escolhermos", afirmou, deixando a região em alerta.

O que o governo brasileiro pensa sobre os ataques recentes?

O governo brasileiro ainda não se manifestou sobre os ataques do Irã contra Israel. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, por sua vez, disse não apoiar um ataque israelense contra instalações nucleares ou focos de civis no Irã em retaliação.

"Nós discutiremos com os israelenses o que eles vão fazer, mas os sete de nós [as nações do G7] concordamos que eles têm direito de responder, de forma proporcional", afirmou o americano nesta quarta-feira (2).

Enquanto isso, o Itamaraty monitora a situação dos 180 brasileiros que moram no Irã. No Líbano, onde a comunidade é bem maior, com cerca de 21 mil brasileiros, 3.000 já preencheram formulário para repatriação, disponibilizado na semana passada. Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) está previsto para buscar alguns deles ainda nesta semana.

A decisão foi tomada depois que dois brasileiros morreram durante os ataques de Israel contra o Líbano, Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, e Mirna Raef Nasser, de 16.