Ex-presidente catalão Carles Puigdemont, que está foragido em Bruxelas
O líder do Parlamento catalão, Roger Torrent, convocou para o dia 12 uma sessão para escolher o próximo presidente da região. O candidato é o separatista Jordi Sànchez, número dois da sigla Juntos pela Catalunha.
Ele substitui o ex-presidente catalão Carles Puigdemont, que está foragido em Bruxelas e desistiu de se apresentar para a posse.
A decisão, no entanto, abre duas novas frentes para a crise territorial espanhola.
A primeira delas é a impossibilidade, por ora, de que Sànchez compareça a sua própria posse. Ele está detido desde 16 de outubro, acusado de sedição por ter convocado os protestos de 20 de setembro em que separatistas destruíram viaturas policiais.
Movimentos independentistas dizem que a prisão é política.
Sànchez pediu ao juiz do Tribunal Supremo Pablo Llarena para ser libertado provisoriamenteapenas para participar da sessão. Seu advogado argumenta que a soltura seria "a maneira mais adequada de garantir o respeito à presunção de inocência". Ainda não há uma decisão sobre isso. O outro problema é que Sànchez não tem o apoio necessário no Parlamento catalão.
Nas contas do jornal local "El País", ele tem 64 votos a favor, mas precisa no mínimo de 68 dos 135 para ser eleito na primeira votação, por maioria absoluta.
Caso seja derrotado na primeira tentativa, ele pode ser eleito por maioria simples, ou seja, se tiver mais votos a favor do que contra. Mas ele fracassaria também nisso: são por ora 65 votos contra, segundo o diário.
SEPARATISMO
A Catalunha é uma região espanhola com alguma autonomia, incluindo seu próprio Parlamento e sua polícia, os chamados Mossos d'Esquadra. Movimentos separatistas têm crescido nos últimos anos alegando razões culturais e econômicas para a independência.
Secessionistas como Sànchez e Puigdemont argumentam, por exemplo, que a Catalunha contribui mais ao governo central do que recebe de volta em repasses. Essa região industrializada e turística corresponde a 20% do PIB espanhol, de US$ 1,2 trilhão.
Os movimentos independentistas realizaram em outubro passado um plebiscito para decidir a sua secessão, mas o governo central considerou o voto ilegal.
Embates entre a polícia nacional e eleitores deixaram quase 900 feridos, diz a Catalunha -a cifra é contestada pelas autoridades em Madri.
Diversos líderes separatistas foram detidos, entre eles Sànchez e um grupo de deputados que participou de uma declaração ilegal de independência no Parlamento catalão.
O ex-presidente Puigdemont fugiu para Bruxelas, onde se encontra atualmente, para escapar das acusações de rebelião, sublevação e uso irregular de fundos públicos.
O governo central dissolveu o governo catalão e, utilizando o Artigo 155 da Constituição espanhola, passou a intervir diretamente na administração regional, convocando eleições antecipadas para dezembro -nas quais separatistas voltaram a vencer, desafiando Madri.
O impasse atual é a formação do próximo governo catalão, com sua liderança aprisionada ou foragida. Puigdemont, impossibilitado de voltar a Barcelona para a posse, desistiu do processo. Pode ser também o destino de Sànchez, nestes próximos dias. Com informações da Folhapress.