A Coreia do Norte falhou na tentativa de lançar um satélite de espionagem militar nesta quarta-feira (31). O dispositivo caiu no mar após sofrer falha mecânica, e o episódio provocou alertas de emergência na vizinha Coreia do Sul e no Japão, além de aumentar a tensão com os Estados Unidos.

Segundo a agência estatal norte-coreana KCNA, o satélite, nomeado Chollima-1, caiu no mar Amarelo, localizado no oceano Pacífico, após instabilidade no motor de arranque e no sistema de combustível.

Sirenes chegaram a ser disparadas na capital sul-coreana, Seul, e a população recebeu um alerta de emergência por mensagem nos celulares. O aviso, que pedia que os cidadãos se preparassem para serem retirados, foi cancelado minutos depois -o governo disse que a mensagem foi enviada por engano.

"Fiquei em pânico", disse à agência Reuters Lee Juyeon, 33, enquanto se preparava para se abrigar em um porão com o filho pequeno.

Também foi emitido um alerta de míssil na província japonesa de Okinawa, no qual a população foi orientada a buscar um refúgio seguro. Também esse comunicado acabou cancelado posteriormente.

Militares sul-coreanos compartilharam fotos de um grande objeto cilíndrico no mar a cerca de 200 quilômetros da costa oeste da ilha de Cheongdo que dizem ser parte do satélite. "A partir dos destroços recuperados, os especialistas poderão ter uma ideia das capacidades da Coreia do Norte", disse à agência AFP o analista americano Ankit Panda.

Pyongyang havia anunciado na terça-feira (30) sua intenção de colocar em órbita um satélite espião para monitorar ações militares dos EUA. Essa foi a sexta tentativa do regime de Kim Jong-un de lançamento de um satélite com armas nucleares -e a primeira desde 2016.

Os EUA condenaram o lançamento do satélite e advertiram que a ação aumenta as tensões na região. Na mesma linha, o Japão declarou que a iniciativa viola as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu à Coreia do Norte que ponha fim aos testes. "Qualquer lançamento usando tecnologia de mísseis balísticos contraria resoluções do Conselho de Segurança."

A Administração Nacional de Desenvolvimento Aeroespacial norte-coreana declarou que investigará os problemas técnicos do lançamento e que uma nova tentativa seria realizada assim que possível.

O fracasso no teste, para especialistas ouvidos pelas agências AFP e Reuters, deve ser visto apenas como um revés temporário para Kim Jong-un, que continuará a desenvolver programas nucleares e de satélites.

Forças dos EUA e da Coreia do Sul têm realizado vários exercícios de treinamento nos últimos meses, incluindo exercícios aéreos e marítimos envolvendo bombardeiros B-1B americanos. Pyongyang, que, por óbvio, reagiu aos exercícios, os caracteriza como uma preparação das forças americanas e sul-coreanas para uma invasão.

Após o rompimento do diálogo com Washington sobre o programa nuclear em 2019, a Coreia do Norte intensificou o desenvolvimento do projeto, com uma série de testes de armas, incluindo o lançamento de ICBMs (míssil balístico intercontinental, na sigla em inglês).

Desde 1998, a Coreia do Norte lançou cinco satélites, três dos quais falharam imediatamente. Dois teriam atingido a órbita, embora seus sinais nunca tenham sido detectados.