As manifestações contra as operações migratórias do presidente Donald Trump se espalham pelos Estados Unidos nesta quarta-feira (11), apesar da presença da Guarda Nacional e dos fuzileiros navais em Los Angeles e das ameaças de repressão. Em Los Angeles, onde os distúrbios começaram na semana passada, reina a calma nas ruas do centro da cidade nesta quarta-feira, após o toque de recolher noturno.

Agentes armados, vários deles a cavalo, patrulhavam perto dos edifícios do governo. A polícia da cidade conta com o reforço de pelo menos 4 mil soldados da reserva da Guarda Nacional, mobilizados por Trump.

Os protestos explodiram devido à rigidez das operações contra os imigrantes que se encontram ilegalmente no país. Os agentes os detêm na rua, em escolas, locais de trabalho ou quando comparecem aos tribunais, denunciam famílias e advogados.

A maioria das manifestações tem sido pacífica, mas houve episódios violentos, como a queima de táxis e o lançamento de pedras contra a polícia. As autoridades responderam com gás lacrimogêneo e armas não letais.

"Desde 6 de junho, 330 imigrantes ilegais foram presos como parte desses distúrbios em Los Angeles", dos quais 113 com "condenações criminais prévias", afirmou nesta quarta-feira a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, em entrevista coletiva.

Trump venceu as eleições em parte graças à sua retórica anti-imigrantes e aproveita a oportunidade para obter ganhos políticos. Ele ordenou o envio da Guarda Nacional da Califórnia, apesar das objeções do governador democrata Gavin Newsom.

Trump forçou ainda mais os limites constitucionais ao ordenar o envio de cerca de 700 fuzileiros navais, uma força treinada principalmente para o combate.

"Se nossas tropas não tivessem entrado em Los Angeles, neste momento a cidade estaria em chamas", disse Trump nas redes sociais nesta quarta-feira. Acrescentou que seus habitantes tiveram "muita sorte".

Apesar das ameaças de Trump de enviar a Guarda Nacional, uma força militar de reserva, para outros estados governados por democratas, as manifestações se espalham.

Milhares de pessoas se manifestaram em Nova York na terça-feira à noite e também houve protestos em Chicago. Para esta quarta estão previstos protestos em Nova York, Seattle, Las Vegas e outras cidades.

Na noite de terça, o governador republicano do Texas, Greg Abbott, anunciou o envio da Guarda Nacional contra um protesto anunciado para quarta-feira em San Antonio.

Os organizadores ameaçam até mesmo mobilizações no sábado, quando Trump presidirá um desfile militar no centro de Washington.

Em um discurso em uma base militar na terça-feira, Trump advertiu que qualquer protesto durante o desfile militar de Washington enfrentaria uma "força" muito contundente.

O desfile com aviões de guerra e tanques, organizado para celebrar o 250º aniversário da fundação do Exército dos Estados Unidos, coincide com o dia do 79º aniversário de Trump.