TENSÃO
 

O presidente da Tunísia, Kais Saied, anunciou na noite deste domingo (25) a suspensão das atividades do Parlamento e a demissão do primeiro-ministro, Hichem Mechichi, após um dia de protestos contra as autoridades do país. Saied anunciou essas medidas após uma reunião de emergência no palácio presidencial de Cartago, em um momento em que a Tunísia enfrenta uma forte onda da covid-19 e uma profunda crise política que paralisa o país há meses.

A notícia foi recebida com buzinas na capital Túnis, após as manifestações de domingo em várias cidades, nas quais pediram a "dissolução do Parlamento". “A Constituição não me permite dissolver o Parlamento, mas sim suspender a sua atividade”, disse Saied, que tomou a sua decisão com base no artigo 80 da constituição, que permite que este tipo de medida seja adotada frente à um “perigo iminente".


Saied anunciou que assumirá o poder executivo com "a ajuda do governo" e nomeará um novo primeiro-ministro. Além disso, levantou a imunidade parlamentar dos deputados. Milhares de tunisianos protestaram no domingo contra a classe política, especialmente contra o partido islâmico Ennahda, maioria no Parlamento, mas confrontado pelo presidente.


“Vamos mudar de regime” ou “O povo quer a dissolução do Parlamento” foram algumas das principais proclamações nos protestos, cheios de críticas ao primeiro-ministro Mechichi. Os manifestantes pedem uma mudança na Constituição e um período de transição liderado pelo exército, mas no qual Saied seja mantido como chefe de estado.