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Cerca de 400 policiais equatorianos lutavam nesta quinta-feira (30) pelo controle de uma prisão no porto de Guayaquil, onde uma rebelião deixou ao menos 116 presos mortos, seis deles decapitados, em um dos piores massacres penitenciários da história da América Latina.
O motim começou na terça-feira, quando presidiários de gangues rivais ligadas ao narcotráfico mexicano entraram em confronto usando armas de fogo.
O balanço no momento é de 116 mortos e 80 feridos, informou o presidente Guillermo Lasso, que foi até Guayaquil na quarta-feira e declarou estado de exceção em todo o sistema carcerário do Equador.
De acordo com o site local Primicias, a rebelião teve início quando presos de uma gangue comemoravam o aniversário de um de seus líderes detidos e se gabaram de ter o poder na prisão. Isso perturbou organizações rivais localizadas em outros pavilhões e gerou conflitos.
“Cerca de 400 servidores policiais realizam uma operação de intervenção e busca dentro do #CPLGuayas nº 1, a fim de manter a ordem e garantir a segurança no centro penitenciário”, afirmou a polícia via Twitter. Dois agentes ficaram feridos.
Tanques e soldados estão posicionados ao redor da prisão, onde centenas de familiares buscam desesperadamente por informações sobre seus parentes, verificaram jornalistas da AFP.
“É uma coisa muito dolorosa. (...) Dizem que tem gente que teve a cabeça arrancada”, disse à AFP Juana Pinto, que espera impaciente para saber o destino de seu filho preso.
“Com todas essas coisas que estão acontecendo, é algo muito doloroso, são muitas mortes, muitos feridos, não se sabe se meu filho vai ficar bem ou mal”, acrescentou.
“Para nós, familiares, é uma coisa horrível. (...) Não sabemos o que fazer. Nos sentimos impotentes por não ajudá-los”, lamentou Cecília Quiroz, parente de outro presidiário. "Queremos que o governo nos ajude", implorou.
- "Eles são mais fortes" -
Com uma superlotação de 30%, falta de guardas, corrupção e violência, o Equador sofre uma crise carcerária há vários anos. Antes desse motim, o número de presos mortos desde janeiro chegava a 120, e agora são 236.
Em fevereiro, 79 presidiários morreram em distúrbios simultâneos em quatro prisões de três cidades, incluindo Guayaquil.
É em um grande complexo prisional neste porto do sudoeste onde estão um terço dos 39.000 presidiários do país, que são vigiados por 1.500 guardas (3.000 a menos do que o necessário, segundo especialistas). Circularam imagens de corpos decapitados, desmembrados e incinerados.
“Na América Latina, infelizmente, nos tornamos o país com o maior massacre carcerário nos últimos anos, acima do Brasil e a Venezuela”, disse à AFP o equatoriano Freddy Rivera, especialista em segurança e tráfico de drogas.
Em 2020, houve 103 assassinatos nas prisões do Equador, segundo a Defensoria Pública Nacional.
Grupos criminosos "tomaram as prisões do país e estão tentando enviar assim uma mensagem ao Estado de que são mais fortes do que o Estado de Direito. O sistema penitenciário entrou em colapso", explicou a advogada Itania Villarreal, ex-diretora do órgão encarregado das prisões.
O diretor do Centro de Inteligência Estratégica do governo, Fausto Cobo, admitiu que os massacres nas prisões são "uma ameaça ao Estado", pois os responsáveis têm "um poder igual ou superior ao do próprio Estado".
- "Guerra" pelo poder -
O estado de exceção nas prisões decretado pelo presidente autoriza o governo a suspender os direitos civis dos prisioneiros e a usar a força pública para restabelecer a normalidade.
A recente carnificina tem origem em confrontos de poder entre gangues criminosas a serviço do tráfico internacional. Dois delas, com cerca de 20.000 membros, têm vínculos com os cartéis mexicanos de Sinaloa e Jalisco Nova Geração, de acordo com relatórios policiais.
Rivera, professor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) de Quito, observou que os presos também têm conexões com organizações criminosas da Colômbia, o maior produtor mundial de cocaína.
Segundo o especialista, as prisões equatorianas se converteram em “comandos centrais do crime” de onde se planejam, articulam, corrompem e ordenam atividades criminosas.
Ele destacou que a “guerra” pelo poder se deve ao fato de o Equador, com 65 presídios e onde um terço da população carcerária está ligada ao narcotráfico, ser “estratégico” para os criminosos porque também tem uma economia dolarizada, além de cinco portos marítimos.
Também existe no país “uma enorme fragilidade institucional, permeada pela corrupção e infiltração do crime organizado nas instituições de segurança, justiça e penitenciárias”, apontou Rivera.
O Equador apreendeu cerca de 116 toneladas de drogas entre janeiro e agosto de 2021, principalmente cocaína, em comparação com um recorde de 128 toneladas em 2020.
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Cerca de 400 policiais equatorianos lutavam nesta quinta-feira (30) pelo controle de uma prisão no porto de Guayaquil, onde uma rebelião deixou ao menos 116 presos mortos, seis deles decapitados, em um dos piores massacres penitenciários da história da América Latina.
O motim começou na terça-feira, quando presidiários de gangues rivais ligadas ao narcotráfico mexicano entraram em confronto usando armas de fogo.
O balanço no momento é de 116 mortos e 80 feridos, informou o presidente Guillermo Lasso, que foi até Guayaquil na quarta-feira e declarou estado de exceção em todo o sistema carcerário do Equador.
De acordo com o site local Primicias, a rebelião teve início quando presos de uma gangue comemoravam o aniversário de um de seus líderes detidos e se gabaram de ter o poder na prisão. Isso perturbou organizações rivais localizadas em outros pavilhões e gerou conflitos.
“Cerca de 400 servidores policiais realizam uma operação de intervenção e busca dentro do #CPLGuayas nº 1, a fim de manter a ordem e garantir a segurança no centro penitenciário”, afirmou a polícia via Twitter. Dois agentes ficaram feridos.
Tanques e soldados estão posicionados ao redor da prisão, onde centenas de familiares buscam desesperadamente por informações sobre seus parentes, verificaram jornalistas da AFP.
“É uma coisa muito dolorosa. (...) Dizem que tem gente que teve a cabeça arrancada”, disse à AFP Juana Pinto, que espera impaciente para saber o destino de seu filho preso.
“Com todas essas coisas que estão acontecendo, é algo muito doloroso, são muitas mortes, muitos feridos, não se sabe se meu filho vai ficar bem ou mal”, acrescentou.
“Para nós, familiares, é uma coisa horrível. (...) Não sabemos o que fazer. Nos sentimos impotentes por não ajudá-los”, lamentou Cecília Quiroz, parente de outro presidiário. "Queremos que o governo nos ajude", implorou.
- "Eles são mais fortes" -
Com uma superlotação de 30%, falta de guardas, corrupção e violência, o Equador sofre uma crise carcerária há vários anos. Antes desse motim, o número de presos mortos desde janeiro chegava a 120, e agora são 236.
Em fevereiro, 79 presidiários morreram em distúrbios simultâneos em quatro prisões de três cidades, incluindo Guayaquil.
É em um grande complexo prisional neste porto do sudoeste onde estão um terço dos 39.000 presidiários do país, que são vigiados por 1.500 guardas (3.000 a menos do que o necessário, segundo especialistas). Circularam imagens de corpos decapitados, desmembrados e incinerados.
“Na América Latina, infelizmente, nos tornamos o país com o maior massacre carcerário nos últimos anos, acima do Brasil e a Venezuela”, disse à AFP o equatoriano Freddy Rivera, especialista em segurança e tráfico de drogas.
Em 2020, houve 103 assassinatos nas prisões do Equador, segundo a Defensoria Pública Nacional.
Grupos criminosos "tomaram as prisões do país e estão tentando enviar assim uma mensagem ao Estado de que são mais fortes do que o Estado de Direito. O sistema penitenciário entrou em colapso", explicou a advogada Itania Villarreal, ex-diretora do órgão encarregado das prisões.
O diretor do Centro de Inteligência Estratégica do governo, Fausto Cobo, admitiu que os massacres nas prisões são "uma ameaça ao Estado", pois os responsáveis têm "um poder igual ou superior ao do próprio Estado".
- "Guerra" pelo poder -
O estado de exceção nas prisões decretado pelo presidente autoriza o governo a suspender os direitos civis dos prisioneiros e a usar a força pública para restabelecer a normalidade.
A recente carnificina tem origem em confrontos de poder entre gangues criminosas a serviço do tráfico internacional. Dois delas, com cerca de 20.000 membros, têm vínculos com os cartéis mexicanos de Sinaloa e Jalisco Nova Geração, de acordo com relatórios policiais.
Rivera, professor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) de Quito, observou que os presos também têm conexões com organizações criminosas da Colômbia, o maior produtor mundial de cocaína.
Segundo o especialista, as prisões equatorianas se converteram em “comandos centrais do crime” de onde se planejam, articulam, corrompem e ordenam atividades criminosas.
Ele destacou que a “guerra” pelo poder se deve ao fato de o Equador, com 65 presídios e onde um terço da população carcerária está ligada ao narcotráfico, ser “estratégico” para os criminosos porque também tem uma economia dolarizada, além de cinco portos marítimos.
Também existe no país “uma enorme fragilidade institucional, permeada pela corrupção e infiltração do crime organizado nas instituições de segurança, justiça e penitenciárias”, apontou Rivera.
O Equador apreendeu cerca de 116 toneladas de drogas entre janeiro e agosto de 2021, principalmente cocaína, em comparação com um recorde de 128 toneladas em 2020.