Megaoperação contra opositores deixou outros mortos e pelo menos cinco pessoas feridas
CARACAS, VENEZUELA - A operação da polícia venezuelana para capturar Óscar Pérez, piloto rebelde perseguido pelo governo do presidente Nicolás Maduro desde que sobrevoou e supostamente atacou prédios públicos de Caracas, terminou com sua morte, disseram altas fontes do governo venezuelano à CNN. O governo não se pronunciou oficialmente. Mais cedo, o governo havia anunciado que dois policiais morreram na ação, além de rebeldes, e que cinco pessoas foram presas.
Forças de segurança cercaram na manhã de ontem uma casa onde estava o dissidente, desencadeando várias horas de tensão. Pérez publicou um vídeo nas redes sociais, no qual se ouviam os dois lados negociando a sua entrega, enquanto o seu rosto está coberto de sangue. O chavismo, no entanto, o acusa de ter aberto fogo primeiro contra as autoridades.
Dentre os mortos, estão dois policiais e um número ainda não conhecido de opositores, a quem o governo venezuelano chama de terroristas. Cinco agentes de segurança estão gravemente feridos. As autoridades dizem que o grupo já foi desmantelado.
“Esses terroristas, que estavam com armamento de alto calibre, abriram fogo contra os funcionários encarregados da sua captura, com o muito lamentável saldo de dois funcionários da Polícia Nacional Bolivariana e cinco gravemente feridos”, diz um comunicado do Ministério do Interior e Justiça.
Nas imagens publicadas nas redes sociais, Pérez – que já foi inspetor do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (Cipc) da Venezuela – mostra o rosto coberto de sangue, enquanto se escutam detonações ao fundo. Ele fala para a câmera, pedindo liberdade para a Venezuela.
“Dissemos que íamos nos entregar, e não querem deixar que nos entreguemos. Querem nos assassinar”, diz Pérez no vídeo. “Essa luta é por vocês. Não o fizemos por nós, e sim por vocês, suas famílias e seus filhos.”
Pelo Twitter, a ministra de prisões do governo de Maduro, Iris Varela, confirmou a operação de captura: “Agora vem o show de choro, que covarde quando se vê preso como um rato!”, escreveu. Enquanto isso, o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, ofereceu uma versão diferente dos fatos, acusando Pérez de ter aberto fogo primeiro contra os agentes de segurança. “O terrorista Óscar Pérez atacou aqueles que o cercam, ferindo dois funcionários da Força de Ação Especial (Faes). Os corpos de segurança responderam ao fogo”, disse Cabello.
Também pelas redes sociais, a mãe de Pérez publicou um vídeo, no qual fez um apelo em favor do filho e acusou as forças de segurança de truculência: “Qualquer coisa que aconteça será responsabilidade de vocês”, escreveu.
Entenda o caso
Óscar Pérez roubou um helicóptero no fim de junho e é acusado de atacar prédios públicos em Caracas.
Desde então, Pérez tem vivido na clandestinidade e divulgado vídeos de protesto contra Nicolás Maduro, ameaçando o presidente e prometendo liberar o país a partir da resistência do povo.
Em dezembro, ele voltou a aparecer num roubo de armas de uma unidade militar, onde amordaçou policiais.
Antes de seu ataque, Pérez já era conhecido pelos venezuelanos, pois estrelou o filme “Morte Suspensa” em 2015, um longa de ação baseado no famoso sequestro de um comerciante português em Caracas em 2012.