A Marinha de Guerra do Peru e a Marinha e o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos mostraram suas capacidades através do exercício combinado e multissetorial de resposta rápida Ondas Solidárias. A coordenação de longa data entre as duas marinhas pôs à prova suas capacidades de resposta diante de desastres e assistência humanitária, durante um terremoto simulado de 8,5 graus na escala Richter, que resultou num tsunami na baía de Chorrillos, em Lima, Peru, no dia 24 de novembro de 2018.
O objetivo do exercício foi incrementar o treinamento e articular as instituições peruanas que formam os organismos de primeira resposta em operações de ajuda humanitária e desastres naturais. O treinamento criou um ambiente combinado e conjunto para compartilhar táticas, técnicas e procedimentos doutrinários entre os dois países na ocorrência de um desastre natural, não apenas no país andino, mas também no âmbito regional.
“A colaboração significa fortalecer os níveis de confiança mútua ao conhecer os pontos fortes e fracos das duas marinhas e dos corpos de fuzileiros navais”, disse à Diálogo o Vice-Almirante da Marinha de Guerra do Peru James Guido Thornberry Schiantarelli, comandante geral de Operações do Pacífico. “Através desses exercícios, os procedimentos e as doutrinas são atualizados para dar fluidez às tarefas e obter sucesso na missão.”
Destacamento, garantias, execução e retirada
No destacamento operacional, uma força-tarefa anfíbia realizou um desembarque na região afetada para desenvolver uma série de operações de segurança, busca e resgate e distribuição de ajuda humanitária. As embarcações multifuncionais USS Somerset (LPD-25), da Marinha dos EUA, e BAP Pisco, da Marinha do Peru, lideraram o avanço. Por sua vez, o Instituto Nacional de Defesa Civil do Peru comandou as operações, das quais participaram forças especiais, brigadas de resgate, polícias, bombeiros e voluntários do Ministério da Saúde. Fragatas lança-mísseis, helicópteros, barcos, lanchas de desembarque e veículos anfíbios de ambos os países participaram das operações.
O exercício teve quatro fases. Na primeira, foi realizado o destacamento dos participantes. A fase dois estabeleceu a segurança da área. Na terceira fase foram realizadas ações de ajuda humanitária em duas etapas, denominadas ondas de ajuda. Durante a primeira onda de ajuda foi criado um dispositivo de segurança para emergência, enquanto na segunda onda foi feita uma exibição de purificação da água, busca e resgate, simulação de remoção de escombros, atendimento a pessoas afetadas e evacuação médica. O exercício culminou com a quarta fase, que foi a retirada dos recursos participantes.
A região de praia onde as atividades foram realizadas estava em obras de reconstrução com estruturas em processo de demolição, o que permitiu armar um cenário adequado para que os militares cumprissem a missão. Por ser uma região localizada na faixa costeira de Lima, foi possível reunir um grande público para criar uma consciência de prevenção entre os cidadãos.
“O ponto nevrálgico do Ondas Solidárias foi a capacidade de operar como uma única força de primeira resposta combinada, conjunta e interinstitucional. O grande desafio foi articular todos os participantes, recursos e diferentes idiomas”, disse o V Alte Thornberry. Antes do exercício, foram realizadas reuniões de planejamento, coordenação e ensaio, quando foram expostas em detalhes cada uma das ações e funções correspondentes de forma individual e coletiva, para adaptar e integrar as capacidades marítimas, aéreas e terrestres das forças participantes.
“É necessário mencionar a importância da participação prévia da Marinha do Peru em diferentes exercícios multinacionais. Assim foi possível aprender doutrinas, táticas e procedimentos que apoiam as operações de uma força-tarefa multinacional humanitária”, destacou o V Alte Thornberry. “O Ondas Solidárias significa um passo à frente para trabalharmos juntos e cumprir os objetivos comuns de cooperação entre os dois países.”
Capacidade de comando e controle
Peru e Estados Unidos já sofreram revezes da natureza que ocasionaram grandes desastres. “Nossas marinhas têm experiência para dar uma primeira resposta e/ou uma resposta complementar com recursos próprios”, garantiu à Diálogo o Contra-Almirante da Marinha de Guerra do Peru Luis José Polar Figari, comandante da Força de Superfície. “Podemos dizer, depois do exercício, que a capacidade de comando e controle é boa. É possível melhorar, mas foi demonstrado que a capacidade é adequada.”
O oficial comentou que as experiências das marinhas do Peru e dos EUA permitem complementar os conhecimentos e corroborar que os procedimentos são comuns e apropriados diante de determinadas situações. “Os exercícios bilaterais e multinacionais fortalecem a ação das forças armadas contra inimigos comuns como o narcotráfico. As ameaças e riscos atuais dos Estados são transnacionais e requerem respostas multinacionais e uma preparação especial”, acrescentou.
“Um dos principais pontos fortes do Peru para responder em caso de desastres é a sua população solidária, unida e consciente da realidade geográfica em que o país se encontra”, disse o V Alte Thornberry. Tanto o V Alte Thornberry como o C Alte Polar compartilharam a ideia de reforçar os laços de cooperação e a capacidade de interagir entre as instituições nacionais e internacionais, através de exercícios como o Ondas Solidárias.
https://dialogo-americas.com/pt/articles/peru-us-participate-combined-maritime-exercise-waves-solidarity