REFLEXÃO
Papa pediu reflexão sobre o sentido espiritual de suas vidas e o fato de compartilhar com os mais pobres
O papa Francisco criticou fortemente na noite desta segunda-feira (24) a "voracidade consumista" da humanidade, e pediu reflexão sobre o sentido espiritual de suas vidas e o fato de compartilhar com os mais pobres, em sua homilia na noite de Natal.
"Diante da manjedoura, compreendemos que não são os bens que alimentam a vida, mas o amor; não a voracidade, mas a caridade; não a abundância ostentada, mas a simplicidade que devemos preservar", disse o sumo pontífice.
"O homem tornou-se ávido e voraz. Para muitos, o sentido da vida parece ser possuir, estar cheio de coisas", acrescentou Francisco, líder de 1,3 bilhão de católicos do mundo, diante de dezenas de milhares de fiéis reunidos, como ocorre todos os anos, na basílica de São Pedro, em Roma.
"Uma ganância insaciável atravessa a história humana, chegando ao paradoxo de hoje, em que alguns se banqueteiam lautamente, enquanto muitos não têm pão para viver", destacou.
Francisco disse que "é preciso superar os cumes do egoísmo" e "evitar escorregar nos precipícios da mundanidade e do consumismo".
"Diante da manjedoura, compreendemos que não são os bens que alimentam a vida, mas o amor; não a voracidade, mas a caridade; não a abundância ostentada, mas a simplicidade que devemos preservar", disse.
"Será verdade que preciso de tantas coisas, de receitas complicadas para viver? Quais são os contornos supérfluos de que consigo prescindir para abraçar uma vida mais simples?", perguntou o papa.
Nenhum texto do Novo testamento detalha o dia e a hora de nascimento de Jesus de Nazaré.
Sua celebração em 25 de dezembro na tradição cristã foi escolhida no século IV no Ocidente.
O papa, que acaba de completar 82 anos, dirigirá sua sexta mensagem de Natal "Urbi et orbi" ("para a cidade e o mundo") na terça-feira, diante de fiéis reunidos na Praça de São Pedro.
Peregrinos do mundo se reúnem em Belém
Em espera, peregrinos de todo o mundo se reuniram nesta segunda-feira para celebrar a noite de Natal na Basílica da Natividade, em Belém, frequentada este ano por um número maior de visitantes,.
Em sua homilia, o arcebispo Pierbattista Pizzaballa, administrador apostólico do patriarcado latino de Jerusalém, homenageou a cidade palestina, ao afirmar que o nascimento de Cristo em Belém foi "uma escolha divina".
"Belém, Nazaré, Canaã Cafarnaum, Jerusalém: são nomes queridos em nossos corações, pois Jesus amou estas cidades", declarou durante a missa da meia-noite na igreja de Santa Catarina, perto da basílica da Natividade.
Mencionando uma "responsabilidade" a respeito da "cidade e da terra em que vivemos", completou: "Não se trata de possuí-la ou de ocupá-la, e sim de transformá-la" para que possam florescer a experiência da comunhão e da paz".
O presidente palestino, Mahmud Abbas, seu primeiro-ministro e um representante do rei da Jordânia compareceram à missa.
Mais cedo, como de costume, escoteiros vestindo uniformes em azul, amarelo e bege desfilaram por volta do meio-dia ao som de tambores e cornamusas (espécies de gaitas de fole) em uma praça situada perto da Basílica, onde foi montada uma imponente árvore de Natal.
Nigerianos, franceses e palestinos, centenas de fiéis que vieram a Belém puderam admirar este ano os mosaicos da basílica da Natividade, da época das Cruzadas e recentemente restauradas.
"É uma bela oportunidade para estar em um lugar tão simbólico para o Natal", disse Léa Gudel, estudante francesa de 21 anos, que faz intercâmbio universitário em Jerusalém.
"Assistir a uma missa à meia-noite em Belém não acontece com todo mundo", afirmou Maurice Le Gal, francês de 75 anos, que já fez a viagem há sete anos para celebrar o Natal em Belém e Jerusalém.
A basílica da Natividade, inscrita no patrimônio mundial da Unesco, continua sendo um destino religioso e turístico importante, embora os cristãos não sejam mais os mais numerosos com relação aos muçulmanos em Belém e seus arredores na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel há mais de 50 anos.