GAZA

O papa Francisco condenou, neste sábado (21), a "crueldade" de um ataque aéreo israelense na Faixa de Gaza no qual morreram, segundo os serviços de resgate locais, sete crianças de uma família palestina. Israel reagiu acusando o pontífice de usar uma "dupla moral".

"Ontem bombardearam crianças. Não é a guerra, é uma crueldade. E quero dizer porque é algo que me comove", declarou o papa argentino em uma audiência com membros da Cúria, o governo da Santa Sé.

Na sexta-feira, a Defesa Civil de Gaza relatou que 10 integrantes da mesma família, incluindo sete crianças, morreram em um ataque aéreo israelense em Jabaliya, no norte do território palestino.

Procurado pela AFP, o exército israelense afirmou que o balanço comunicado pela agência de Gaza "não coincide" com as informações das forças militares do país.

As tropas israelenses "atacaram vários terroristas que operavam em uma estrutura militar" do movimento islamista palestino Hamas e que "representavam uma ameaça", afirmou o exército.

Em uma reação posterior, a chancelaria israelense acusou o papa de adotar uma "dupla moral".

"Os comentários do papa são particularmente decepcionantes porque estão desconectados do contexto real e concreto da luta de Israel contra o terrorismo jihadista", condenou o ministério em um comunicado. "Já chega de duplas morais e de apontar o dedo para o Estado judeu e seu povo", acrescentou a pasta.

No comunicado, a chancelaria israelense afirmou que "crueldade é que terroristas se escondam atrás de crianças enquanto tentam assassinar crianças israelenses".

"Crueldade é que terroristas mantenham retidos 100 reféns durante 442 dias, entre eles um bebê e crianças, e abusem deles", prosseguiu, em alusão à incursão mortal de milicianos do movimento islamista Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra em Gaza.

"Infelizmente, o papa optou por ignorar tudo isto", criticou o ministério.

Francisco, que completou 88 anos esta semana, já fez diversos apelos a favor da paz na Faixa de Gaza.
Nas últimas semanas, o pontífice elevou o tom contra a ofensiva israelense, que, segundo as autoridades do território governado pelo Hamas, deixou mais de 45.000 mortos, a maioria civis.

No final de novembro, o líder da Igreja Católica afirmou que "a prepotência do invasor" estava "prevalecendo" sobre o diálogo.

Também publicou um livro em novembro no qual pediu uma investigação "com atenção" para saber se a situação em Gaza corresponde à "definição técnica" de genocídio, uma acusação rejeitada com veemência por Israel.