GUERRA

Nesta quarta-feira (6), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou que a União Europeia está trabalhando para estabelecer um possível corredor humanitário de apoio à população da Faixa de Gaza através do Mediterrâneo.

O ministro das Relações Exteriores britânico, David Cameron, também disse que irá fazer uma série de avisos ao ministro do gabinete de guerra israelita, Benny Gantz, na reunião marcada hoje, para a necessidade urgente de expandir a ajuda humanitária que chega a Gaza. ''Muitos itens são descartados porque são produtos supostamente de dupla utilização. Algumas dessas coisas são absolutamente imprescindíveis para procedimentos médicos e outros'', apontou. 

Cameron ainda anunciou que vai apelar por uma pausa humanitária, ao aumento do acesso às rotas terrestres e marítimas para Gaza, ao aumento das capacidades dentro do enclave, à retomada do fornecimento estável de água e eletricidade em todo o território, assim como ao aumento da lista de itens de ajuda autorizados a entrar em Gaza. 

Fome se alastra entre crianças, grávidas e mães, diz OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a fome e a desnutrição estão se alastrando entre crianças, mulheres que amamentam e grávidas em Gaza. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, publicou um vídeo nas redes sociais sobre a desnutrição que afeta as crianças em Gaza, com o apelo dramático de um médico que não tem como tratar as crianças que estão morrendo de fome. ''Crianças que sobrevivem ao bombardeio, vão morrer de fome'', relata o médico.

''O único hospital pediátrico no norte de Gaza está sobrecarregado de pacientes e enfrenta escassez aguda de alimentos, água, combustível, profissionais de saúde e medicamentos. A necessidade de acesso à ajuda humanitária é terrível'', indicou Tedros.

Já o Programa Alimentar Mundial afirmou que um comboio com 14 caminhões de ajuda humanitária foi enviado pelas Forças de Defesa de Israel (FDI). ''Embora o comboio de hoje não tenha chegado ao norte para fornecer alimentos às pessoas que passam fome, o PAM continua a explorar todos os meios possíveis para o fazer'', disse Carl Skau, vice-diretor executivo do PMA. Skau acrescentou que, apos terem sido rejeitados, os caminhões foram desviados e posteriormente parados por uma grande multidão de pessoas desesperadas que saquearam os alimentos. As rotas rodoviárias são a única opção para transportar as grandes quantidades de alimentos necessários para evitar a fome no norte de Gaza, informou a agência humanitária.

O PMA, além disso, recorreu aos lançamentos aéreos para entregar ajuda humanitária em: ''Hoje cedo, com a ajuda da Força Aérea Real da Jordânia, foram lançados suprimentos alimentares do PMA para 20 mil pessoas no norte de Gaza.''

Horrores em Gaza 

A porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Tess Ingram, relatou que testemunhou horrores em Gaza, onde milhares de crianças já morreram de fome e de doença e outras tantas estão com a vida por um fio.

''Nunca pensei assistir a tanto horror durante a visita de uma semana, em trabalho, que efetuei ao sul e centro da Faixa de Gaza. A situação das crianças na Faixa de Gaza é inacreditável. Pelas notícias que vemos e lemos e pelas imagens que vemos, todos sabemos que é uma situação terrível. Mas quando se vê ao vivo e se fala com as pessoas sobre o que elas suportaram ao longo de 120 dias de guerra, isso nos faz compreender que se trata de algo que está tirando das pessoas a sua esperança, a sua dignidade e a sua segurança. As pessoas estão vivendo em condições muito inseguras, não só por causa das bombas e dos tiros, mas também por causa da crise humanitária no terreno, sendo as crianças, as grávidas e as mulheres que acabaram da dar à luz os casos mais assustadores'', contou Ingram.

''As crianças não estão recebendo alimentos suficientes para comer. Quase não têm acesso a água potável. Vivem ao frio, debaixo de lonas de plástico. Conheci crianças que não tinham sapatos nem casacos, num período que é agora o mês de inverno. Muitas crianças estão exaustas. Têm fome, estão traumatizadas com o que viram e estão doentes porque estão bebendo água contaminada, não estão vestidas adequadamente, estão expostas aos elementos e a viver muitas vezes em espaços muito lotados onde é muito fácil a propagação de doenças. Não há lugar para uma criança e não há lugar seguro na Faixa de Gaza para onde estas crianças possam ir'', enfatizou a porta-voz.