247 - A Rede de Organizações Não Governamentais Palestinas denunciou neste sábado (19) o agravamento da crise humanitária na Faixa de Gaza, em meio à campanha de ataques e ao bloqueio total imposto por Israel desde o último dia 2 de março. As informações são da agência internacional Prensa Latina.

Segundo comunicado divulgado pelas entidades, desde o início do bloqueio nenhuma carga de ajuda essencial — como água potável, alimentos, combustível e medicamentos — conseguiu chegar ao enclave costeiro. A situação é considerada dramática, especialmente diante do colapso dos serviços básicos, da propagação da fome e da escalada da violência contra civis.

As ONGs criticam duramente os planos israelenses de controlar a entrada e a distribuição da ajuda humanitária, o que, segundo o texto, configura uma “flagrante violação de convenções, tratados e princípios internacionais”.

Em apoio às organizações palestinas, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, também manifestou preocupação com a militarização da ajuda internacional. Segundo o comunicado, Guterres “rejeitou qualquer mecanismo de distribuição de ajuda liderado pelos militares”, destacando a necessidade de uma operação humanitária neutra e baseada no direito internacional.

A Rede condenou ainda o “silêncio internacional” diante do que classificou como “crimes genocidas perpetrados pela ocupação contra civis palestinos, incluindo assassinato, destruição e um cerco sem precedentes”. As entidades apontam que o bloqueio tem efeitos devastadores, especialmente entre mulheres e crianças, que enfrentam fome extrema e falta de acesso a cuidados médicos.

De acordo com o comunicado, o sistema de saúde local está em colapso. Hospitais e clínicas operam com severas restrições devido à escassez de medicamentos, equipamentos e energia elétrica. A crise é agravada por bombardeios recorrentes que destroem unidades de atendimento e pela falta de segurança para equipes médicas.

A crise sanitária também foi destacada no documento. As ONGs alertam para os riscos de surtos de doenças devido à escassez de água potável e ao acúmulo de lixo. Segundo estimativas das entidades, mais de 600 mil toneladas de resíduos sólidos se acumulam no território, sem possibilidade de coleta e tratamento, em função do colapso dos serviços públicos e da falta de produtos básicos de limpeza e higiene.

Outro dado alarmante diz respeito ao deslocamento forçado da população. De acordo com a rede, mais de 90% dos habitantes da Faixa de Gaza foram obrigados a abandonar suas casas desde o início dos ataques. Ao menos dois terços do território foi evacuado, e grande parte das famílias vive em abrigos improvisados, sem acesso a recursos básicos.

“As agressões contra Gaza incluem bombardeios contínuos, ataques deliberados a civis, destruição sistemática da infraestrutura e aniquilação de famílias inteiras”, denuncia a nota. O texto conclui com um apelo à comunidade internacional para que atue com urgência na defesa dos direitos humanos da população palestina, exigindo o fim imediato do cerco e a garantia de acesso irrestrito à ajuda humanitária.

A situação na Faixa de Gaza tem gerado crescente pressão sobre organismos multilaterais e governos de diversos países. Apesar das condenações públicas, ainda não há consenso internacional sobre medidas concretas para garantir a entrada de ajuda e interromper o cerco militar, o que amplia a tragédia vivida por mais de dois milhões de palestinos no território.