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No gabinete que ocupa desde dezembro, em Buenos Aires, a algumas quadras da Casa Rosada, a ex-deputada Victoria Donda, 42, afirma ser possível trabalhar para acabar com a violência contra negros, pobres, mulheres e outras ditas minorias – "que muitas vezes nem minorias são".
Responsável pelo Inadi (Instituto Nacional Contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo), ligado ao Ministério da Justiça, ela admite, porém, que a Argentina está longe de ser um modelo para a região.
Um exemplo recente que choca o país é o assassinato de um garoto pobre, filho de paraguaios, numa cidade do litoral, por um grupo de jovens de famílias ricas que jogavam rugbi.
"Meu objetivo é que não discriminar vire moda. Não quero pedir leis que levem gente à prisão, porque problemas sociais não se resolvem com cadeia, muito menos com as que temos", diz ela, que que tem formação em direito penal. "E mandar um idoso para a prisão porque ele fala mal de negros não fará com que ele passe a gostar de negros."
Como alternativa, ela defende penas "mais construtivas", como a participação obrigatória em cursos e a realização de tarefas para a comunidade.
O Inadi nasceu na segunda metade dos anos 1990, após o atentado contra a entidade judaica Amia, que deixou 85 mortos em Buenos Aires, em 1994. Ao combate ao antissemitismo, somaram-se outras bandeiras, como a da defesa de mulheres, de imigrantes e do casamento homossexual.
O órgão acolhe denúncias de pessoas que afirmam ter sofrido discriminação e, por lei, tem autonomia para advertir tanto empresas quanto indivíduos, além de aplicar multas. Os casos mais graves são encaminhados à Justiça.
Donda diz que o órgão voltou a receber denúncias e a aplicar multas, ao contrário do que, segundo ela, ocorria na gestão de Mauricio Macri. Não há, no entanto, números disponíveis sobre esses atendimentos e decisões.
O Inadi também atua organizando campanhas contra a discriminação.
Nascida no centro clandestino de detenção da ESMA (Escola Mecânica da Armada) durante a ditadura militar (1976-1983), Donda só conheceu sua verdadeira identidade aos 26 anos.
Na ocasião, também descobriu que o homem que dizia ser seu pai biológico era um militar que trabalhava no centro em que seus pais ficaram detidos antes de desaparecer.
Para ela, o ativismo feminista de hoje está vinculado com a luta por Justiça depois dos anos de repressão, "algo que não ocorreu no Brasil, no Chile, no Uruguai".
Tanto que, diz ela, as mulheres usam lenços remetendo aos das Mães da Praça de Maio, que buscam filhos desaparecidos desde os anos 1970.
Enquanto as Mães usavam as peças brancas, as argentinas de hoje carregam panos verdes para defender a descriminalização do aborto ou azuis,contra a mudança na lei.
Na gestão de Cristina Kirchner (2007-2015), Donda se afastou do kirchnerismo, afirmando que a então presidente não tinha uma agenda verdadeiramente progressista.
Hoje, porém, diz que pensa diferente, pois "há momentos na história em que o melhor que você pode fazer é se juntar ao melhor que se pode fazer naquele momento".
"Apareceu para muitos um inimigo comum, que era o governo de Macri. Com isso, vários setores progressistas superaram suas dissidências para lutar contra o que estava ali, que era pior."
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Responsável pelo Inadi (Instituto Nacional Contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo), ligado ao Ministério da Justiça, ela admite, porém, que a Argentina está longe de ser um modelo para a região.
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O Inadi nasceu na segunda metade dos anos 1990, após o atentado contra a entidade judaica Amia, que deixou 85 mortos em Buenos Aires, em 1994. Ao combate ao antissemitismo, somaram-se outras bandeiras, como a da defesa de mulheres, de imigrantes e do casamento homossexual.
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Donda diz que o órgão voltou a receber denúncias e a aplicar multas, ao contrário do que, segundo ela, ocorria na gestão de Mauricio Macri. Não há, no entanto, números disponíveis sobre esses atendimentos e decisões.
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Na ocasião, também descobriu que o homem que dizia ser seu pai biológico era um militar que trabalhava no centro em que seus pais ficaram detidos antes de desaparecer.
Para ela, o ativismo feminista de hoje está vinculado com a luta por Justiça depois dos anos de repressão, "algo que não ocorreu no Brasil, no Chile, no Uruguai".
Tanto que, diz ela, as mulheres usam lenços remetendo aos das Mães da Praça de Maio, que buscam filhos desaparecidos desde os anos 1970.
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Na gestão de Cristina Kirchner (2007-2015), Donda se afastou do kirchnerismo, afirmando que a então presidente não tinha uma agenda verdadeiramente progressista.
Hoje, porém, diz que pensa diferente, pois "há momentos na história em que o melhor que você pode fazer é se juntar ao melhor que se pode fazer naquele momento".
"Apareceu para muitos um inimigo comum, que era o governo de Macri. Com isso, vários setores progressistas superaram suas dissidências para lutar contra o que estava ali, que era pior."