O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse que milhões de pessoas no mundo vão pagar o preço pela decisão da Rússia de romper com o acordo de exportações de cereais pelo mar Negro. "Centenas de milhões de pessoas estão passando fome e os consumidores estão enfrentando uma crise global de aumento de custo de vida. Será um rude golpe nas pessoas necessitadas em todo o mundo", pontuou Guterres.

"Lamento profundamente a resolução da Rússia de encerrar a implementação da Iniciativa do Mar Negro, incluindo a retirada das garantias de segurança russas para a navegação no noroeste do mar Negro", declarou o líder das Nações Unidas, no dia em que expira a validade do pacto. Guterres defendeu ainda que a participação neste acordo é uma escolha, no entanto afirmou que as pessoas que lutam em todos os lugares e os países em desenvolvimento não têm escolha. Mas, o secretário-geral da ONU assegurou que não desistirá perante a sua suspensão. “A decisão russa não impedirá os esforços para facilitar o acesso sem entraves aos mercados mundiais de produtos agrícolas e fertilizantes tanto da Ucrânia como da Rússia”, acrescentou, anunciando que a segurança alimentar e a estabilidade dos preços dos alimentos vão continuar no centro dos seus esforços, tendo em conta o aumento do sofrimento humano, consequência inevitável da medida tomada hoje.

A União Europeia (UE) também repudiou o fim do acordo e acusou o Kremlin de usar a fome como arma de guerra.  "Lamento muito dizer que hoje a Rússia recusou prolongar este acordo. Isto é algo muito sério e que cria muitos problemas para muitas pessoas em todo o mundo. Tenho de culpar a Rússia por esta decisão injustificável”, disse o Alto Representante para a Política Externa e de Segurança da União Europeia%u200B, Josep Borrell.