EUA

Funcionários do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) encontraram na sexta-feira mais seis documentos durante uma busca na residência de Joe Biden em Delaware, informou no sábado (21) o advogado pessoal do presidente americano, Bob Bauer.

"O Departamento de Justiça tomou posse de materiais que considerou estarem dentro do escopo de sua investigação, incluindo seis documentos classificados", disse Bauer.

Segundo o advogado, os documentos correspondem a duas fases da vida política do democrata: sua extensa carreira de mais de 30 anos como senador por Delaware; e como vice-presidente de Barack Obama (2009-2017).

A busca durou mais de 12 horas e incluiu "todos os espaços de trabalho, moradia e armazenamento da casa", detalhou o advogado. 

"O Departamento de Justiça teve acesso total à casa do presidente, incluindo anotações escritas à mão, arquivos, papéis, pastas, 'memorabilia', listas de tarefas, agendas e lembretes que remontam a décadas", completou. 

Essa nova descoberta se soma a uma série de revelações, a conta-gotas, nos últimos dias, que colocaram a Casa Branca em uma posição muito delicada.

Particularmente incômodo para a Casa Branca, o caso começou em 9 de janeiro, quando Biden, por meio de seus advogados, reconheceu que documentos confidenciais haviam sido encontrados em um "think tank" de Washington, onde o agora presidente tinha ter um escritório. 

Três dias depois, em 12 de janeiro, o presidente democrata reconheceu que outros arquivos confidenciais foram encontrados na residência de sua família em Wilmington, Delaware. 

De acordo com uma lei de 1978, os presidentes e vice-presidentes dos Estados Unidos devem transmitir todos os seus e-mails, cartas e outros documentos de trabalho para os Arquivos Nacionais. 

O incidente é uma tema especialmente espinhoso para um presidente que pretende concorrer à reeleição em 2024.

'Não me arrependo' 
 

Há alguns dias, durante uma viagem à Califórnia, Biden tentou minimizar o caso.


"Escutem, encontramos alguns documentos (...) que estavam guardados no lugar errado. Imediatamente, entregamos os documentos aos Arquivos e ao Departamento de Justiça", disse ele aos jornalistas. 


"Não me arrependo", acrescentou. 

Seus advogados garantem que foi "sem se dar conta" que o 46º presidente dos Estados Unidos, de 80 anos, levou estes documentos sigilosos e destacaram sua "total" colaboração com a Justiça. 

A Casa Branca garantiu que os lotes anteriores de documentos foram entregues ao Departamento de Justiça, assim como aos Arquivos Nacionais, logo que foram encontrados.

O objetivo da Casa Branca é claro: diferenciar-se o máximo possível do ex-presidente Donald Trump, que também se declarou candidato a ocupar novamente a Casa Branca. 

O republicano está sendo investigado por levar várias caixas com documentos sigilosos para sua residência na Flórida e por suspeita de obstrução dos esforços do governo para recuperá-los. 

Embora os dois casos não sejam inteiramente comparáveis, a questão permanece delicada para Biden. Após os anos de escândalos da presidência de Donald Trump, o democrata se apresenta como um político com elevados padrões éticos, rigoroso e respeitador das regras. 

O Departamento de Justiça entregou os dois casos a promotores especiais para evitar qualquer acusação de parcialidade.