Duas pessoas foram mortas nesta quarta-feira (9), no meio de uma rua em Halle, cidade do leste da Alemanha, em um tiroteio em que um dos supostos autores foi preso.
Segundo uma testemunha, os tiros foram direcionados a um restaurante turco, enquanto, de acordo com o jornal "Bild", o tiroteio ocorreu em frente a uma sinagoga. Uma granada também teria sido lançada em um cemitério judeu nas proximidades.
Esta informação não foi, porém, confirmada pela polícia.
"Duas pessoas foram mortas em Halle, de acordo com informações preliminares. Vários tiros foram disparados. Os supostos autores fugiram em um veículo", disse a polícia no Twitter, pedindo aos moradores que fiquem em casa.
Uma pessoa foi presa logo depois, anunciou a polícia, sem fornecer mais detalhes.
Várias pessoas também relataram disparos, incluindo de granada, contra um restaurante de kebab turco.
"Um atirador usava capacete e roupas militares", testemunhou um homem, que estava dentro do restaurante, em entrevista ao canal de notícias NTV.
"Ele jogou uma granada no local. A granada bateu na porta e explodiu", acrescentou a testemunha, ainda em choque.
"Em seguida, o homem atirou pelo menos uma vez na loja. O homem sentado atrás de mim deve ter morrido. Eu me escondi no banheiro e tranquei a porta", disse ele.
Todo bairro foi isolado, e a estação de trem de Halle (estado da Saxônia-Anhalt), fechada.
O ataque ocorre meses após o assassinato em Hesse de Walter Lübcke, um político pró-migrantes do partido conservador da chanceler Angela Merkel (CDU). O principal suspeito é membro do movimento neonazista.
Esse caso chocou o país, onde a extrema direita anti-imigrante tem registrado sucessos eleitorais. Isso despertou o medo de um terrorismo de extrema direita, como o do pequeno grupo NSU, responsável pelo assassinato entre 2000 e 2007 de uma dúzia de migrantes.
Vários são os precedentes violentos: um ataque a faca contra a prefeita de Colônia, Henriette Reker, em 2015, e dois anos depois contra o prefeito de Altena, Andreas Hollstein. Ambos escaparam da morte por pouco. Os dois defendiam uma política de acolhimento generosa dos migrantes, como Walter Lübcke.
A Alemanha é confrontada com "uma nova RAF", uma "RAF marrom", estimou o "Süddeutsche Zeitung", em referência ao grupo terrorista de extrema esquerda Fração do Exército Vermelho, também conhecido como Grupo Baader-Meinhof, ativo entre 1968 e 1998.
Mais de 12.700 extremistas de direita considerados perigosos já foram identificados pelas autoridades.
As autoridades alemãs também estão em alerta após vários ataques jihadistas nos últimos anos. O mais mortal foi em dezembro de 2016, quando um tunisiano, Anis Amri, invadiu um mercado natalino em Berlim com um caminhão roubado, matando 12 pessoas.