Valor estimado em doações até o momento chega a 600 milhões de euros em dinheiro, além de materiais necessários para restaurar a catedral
Milionários e doadores privados estão se mobilizando para financiar a longa e custosa reconstrução da catedral de Notre-Dame de Paris, em parte destruída por um incêndio devastador.
O bilionário francês Bernard Arnault anunciou nesta terça-feira que ele e seu grupo LVMH, especializado em produtos de luxo, doarão 200 milhões de euros (226 milhões de dólares) para a reconstrução.
A oferta foi feita depois que a Kering, grupo de moda fundado por outro bilionário francês, François Pinault, ofereceu 100 milhões de euros para "reconstruir completamente Notre-Dame".
A Total doará 100 milhões de euros para reconstruir a catedral de Notre-Dame de Paris, conforme anunciou o presidente executivo do petroleiro francês, Patrick Pouyanné, no Twitter.
Por sua vez, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, disse nesta terça que a cidade financiaria a reconstrução com 50 milhões de euros e propôs uma conferência internacional para coordenar as doações e restaurar o edifício.
A região de Ile-de-France, que inclui Paris e seus arredores, prometeu dez milhões de euros.
Para reconstruir o templo, que anualmente recebe 13 milhões de visitantes - uma média de 35.000 pessoas por dia - serão necessários artesãos especializados e madeiras raras.
O diretor do grupo Charlois, o maior fornecedor de carvalho na França, prometeu oferecer os melhores materiais para reconstruir a complexa armação de madeira, conhecida como "a floresta", devido ao número de vigas usadas para construí-la.
"As obras certamente vão levar anos, talvez décadas, e serão necessários milhares de metros cúbicos de madeira. Vamos ter de encontrar as melhores peças, de grande diâmetro", explicou Sylvain Charlois à rádio France Info.
A UNESCO, com sede em Paris, prometeu trabalhar com a França para restaurar a catedral, inscrita desde 1991 em sua lista de patrimônios da humanidade.
"Já estamos em contato com especialistas e preparados para enviar uma missão urgente para avaliar os danos, salvar o que pode ser salvo e começar a tomar medidas para o curto e médio prazo", disse Audrey Azoulay, secretário-geral da agência da ONU, em comunicado.
A restauração poderá custar centenas de milhões de euros por vários anos, até mesmo décadas, embora especialistas afirmem que as consequências poderiam ter sido piores.
É por isso que muitas pessoas pediram uma mobilização de recursos para uma rápida reconstrução.
"Desde ontem venho ouvindo que levará uma década, é um absurdo", disse à AFP o ex-ministro francês da Cultura, Jack Lang.
Lang pediu um plano de três anos para reconstruir o telhado e a flecha, que desabou duas horas após o início do incêndio.
"Precisamos estabelecer um prazo curto, como fizemos outras vezes em outros trabalhos excepcionais", disse ele.
O edifício gótico estava sendo reformado para reparar o efeito do clima e da poluição, com um orçamento de 11 milhões de euros, financiado pelo Estado francês.