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Quando a escola abriu as portas, as estudantes, que caminharam pelos corredores e conversaram, pareciam alheias à agitação que dominou o país nas últimas duas semanas.
As cenas do retorno às aulas, que muitos pensavam inimagináveis com a volta dos islamitas radicais ao poder desde domingo (15/8), foram filmadas esta semana em Herat por um jornalista da AFP, poucos dias depois de a cidade ser controlada pelos talibãs.
"Queremos progredir como outros países. E esperamos que os talibãs mantenham a segurança. Não queremos guerra, queremos a paz em nosso país", disse Roqia, uma das estudantes.
Perto da fronteira com o Irã, localizada 150 quilômetros ao oeste, Herat sempre foi uma cidade bastante cosmopolita no Afeganistão, em comparação com outras regiões mais conservadoras.
Nesta cidade, reconhecida por sua poesia e artes, as mulheres e meninas caminham habitualmente de maneira mais livre pelas ruas que em outros lugares e frequentam escolas e universidades em grande número.
Porém, o futuro a longo prazo continua incerto: quando os talibãs governaram o Afeganistão, de 1996 a 2001, adotaram uma versão radical da sharia (lei islâmica), que impedia educação e emprego às mulheres.
Além disso, elas eram obrigadas a usar a burca, vestimenta que cobre todo o corpo e tem apenas uma pequena abertura na altura dos olhos. Também eram proibidas de sair sem um acompanhante masculino.
As mulheres acusadas de adultério eram açoitadas e apedrejadas em público até a morte.
Ocidente cauteloso
Desde o fim de semana, os talibãs se esforçam para mostrar uma face mais moderada aos olhos do mundo. Eles afirmaram que a burca não será obrigatória e que outro tipo de hijab poderia ser suficiente, ao mesmo tempo que indicaram que as mulheres teriam autorização para trabalhar "respeitando os princípios do Islã".
Na primeira entrevista coletiva dos talibãs em Cabul, na terça-feira, o porta-voz do grupo, Zabihullah Mujahid, disse que os insurgentes aprenderam durante sua primeira passagem pelo poder e que há "muitas diferenças" em sua maneira de governar, mesmo que em termos de ideologia e crenças, "não exista diferença".
Também anunciou uma anistia geral para todos os funcionários estatais.
Mas as pessoas desconfiam das promessas dos talibãs e adotam a precaução. Na terça-feira em Cabul os homens trocaram as roupas ocidentais pelo shalwar kameez, o traje tradicional afegão.
O Ocidente também opta por uma grande cautela a respeito dos talibãs devido a seu histórico de violação dos direitos humanos e às cenas dos afegãos que tentam fugir desesperadamente do país.
Até o momento o movimento não publicou uma diretriz sobre educação. Mas em uma entrevista na terça-feira (17/8) em Doha ao canal Sky News, Suhail Shaheen, outro porta-voz dos talibãs, apresentou garantias sobre o tema: as meninas "podem receber educação do nível básico até a universidade", disse.
Milhares de escolas em áreas controladas pelos talibãs continuam abertas, completou.
Em Herat, a diretora da escola, Basira Basiratkha, se mostrou prudentemente otimista e declarou estar "agradecida a Deus" por ter conseguido reabrir o estabelecimento de maneira tão rápida.
"Nossas queridas estudantes vêm em grande número para as aulas, usando o hijab islâmico. Os testes continuarão", completou.
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Perto da fronteira com o Irã, localizada 150 quilômetros ao oeste, Herat sempre foi uma cidade bastante cosmopolita no Afeganistão, em comparação com outras regiões mais conservadoras.
Nesta cidade, reconhecida por sua poesia e artes, as mulheres e meninas caminham habitualmente de maneira mais livre pelas ruas que em outros lugares e frequentam escolas e universidades em grande número.
Porém, o futuro a longo prazo continua incerto: quando os talibãs governaram o Afeganistão, de 1996 a 2001, adotaram uma versão radical da sharia (lei islâmica), que impedia educação e emprego às mulheres.
Além disso, elas eram obrigadas a usar a burca, vestimenta que cobre todo o corpo e tem apenas uma pequena abertura na altura dos olhos. Também eram proibidas de sair sem um acompanhante masculino.
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Ocidente cauteloso
Desde o fim de semana, os talibãs se esforçam para mostrar uma face mais moderada aos olhos do mundo. Eles afirmaram que a burca não será obrigatória e que outro tipo de hijab poderia ser suficiente, ao mesmo tempo que indicaram que as mulheres teriam autorização para trabalhar "respeitando os princípios do Islã".
Na primeira entrevista coletiva dos talibãs em Cabul, na terça-feira, o porta-voz do grupo, Zabihullah Mujahid, disse que os insurgentes aprenderam durante sua primeira passagem pelo poder e que há "muitas diferenças" em sua maneira de governar, mesmo que em termos de ideologia e crenças, "não exista diferença".
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Mas as pessoas desconfiam das promessas dos talibãs e adotam a precaução. Na terça-feira em Cabul os homens trocaram as roupas ocidentais pelo shalwar kameez, o traje tradicional afegão.
O Ocidente também opta por uma grande cautela a respeito dos talibãs devido a seu histórico de violação dos direitos humanos e às cenas dos afegãos que tentam fugir desesperadamente do país.
Até o momento o movimento não publicou uma diretriz sobre educação. Mas em uma entrevista na terça-feira (17/8) em Doha ao canal Sky News, Suhail Shaheen, outro porta-voz dos talibãs, apresentou garantias sobre o tema: as meninas "podem receber educação do nível básico até a universidade", disse.
Milhares de escolas em áreas controladas pelos talibãs continuam abertas, completou.
Em Herat, a diretora da escola, Basira Basiratkha, se mostrou prudentemente otimista e declarou estar "agradecida a Deus" por ter conseguido reabrir o estabelecimento de maneira tão rápida.
"Nossas queridas estudantes vêm em grande número para as aulas, usando o hijab islâmico. Os testes continuarão", completou.