O ex-presidente Lula, que age como estadista em defesa do Brasil e dos países mais vulneráveis economicamente, pediu que a líder alemã Angela Merkel apoie a quebra de patentes das vacinas para serem produzidas mais rapidamente, e um encontro dos líderes do G-20 para uma estratégia global de enfrentamento da pandemia.


Lula também fez o mesmo pedido ao governo chinês. 

Veja a íntegra da entrevista que Lula concedeu ao portal alemão Der Spiegel e reproduzido no DW: 


Em entrevista publicada pela revista alemã Der Spiegel, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as mais de 300 mil mortes por coronavírus no Brasil são "o maior genocídio" da história do país, responsabilizando Jair Bolsonaro pela situação crítica enfrentando pelo país. Segundo o petista, o atual presidente deveria que "pedir perdão" aos brasileiros.

"Durante um ano, ele não levou o vírus a sério e disseminou mentiras. Durante um ano, atacou todos os que discordavam dele. Se ele realmente estivesse preocupado com o povo, teria dado o exemplo e colocado uma máscara imediatamente e não teria provocado aglomerações", disse Lula.

"Se ele tivesse um pouquinho de grandeza, teria se desculpado ontem [no pronunciamento na TV] às famílias de mortos pela covid e aos milhões de infectados. Ele é responsável por isso. (...) É o maior genocídio de nossa história. Temos que salvar o Brasil de covid", completou Lula.


"Um presidente não precisa saber tudo. Mas ele [Bolsonaro deveria ter humildade para consultar pessoas que sabem mais do que ele. Ele deveria falar com cientistas, médicos, governadores e ministros da saúde para elaborar um plano para derrotar a covid. Mas ele não leva covid a sério. (...) Não acredita em vacinas. Quem usa máscara é zombado por ele como um 'viado'. (...) Nunca tivemos na nossa história um presidente tão irresponsável", disse Lula.

Em discurso em cadeia nacionalna última terça-feira – dia em que o Brasil registrou mais de 3 mil mortes por covid-19 em 24 horas pela primeira vez –, Bolsonaro tentou emplacar uma falsa narrativa para as ações do governo durante a crise. Na fala, ele não mencionou o recorde de mortes e mentiu que sempre foi a favor das vacinas. O presidente também evitou mencionar que minimizou a pandemia seguida vezes e que combateu medidas de isolamento social. Alguns meios de comunicação apontaram que a fala representava uma "mudança de tom" de Bolsonaro, mas pouco depois o presidente já havia voltado a atacar governadores e a defender tratamentos ineficazes, além de mentir sobre os motivos do cancelamento do lockdown de Páscoa na Alemanha.