Reuters - A Arábia Saudita e os países muçulmanos pediram neste sábado (11) o fim imediato das operações militares em Gaza, declarando em uma cúpula conjunta islâmico-árabe em Riad que Israel é responsável por "crimes" contra os palestinos.

O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, governante de fato da Arábia Saudita, reuniu líderes árabes e muçulmanos para a cúpula, já que o reino buscou exercer sua influência para pressionar os Estados Unidos e Israel a encerrarem as hostilidades em Gaza.

Dezenas de líderes, incluindo o presidente iraniano Ebrahim Raisi, o presidente turco Tayyip Erdogan, o emir do Catar, Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani, e o presidente sírio Bashar al-Assad, que foi readmitido na Liga Árabe neste ano, participaram da reunião.

O príncipe Mohammed afirmou que o reino condena e rejeita categoricamente esta "guerra bárbara contra nossos irmãos na Palestina".

"Estamos enfrentando uma catástrofe humanitária que prova o fracasso do Conselho de Segurança e da comunidade internacional em pôr fim às flagrantes violações israelenses das leis internacionais", disse ele em um discurso à cúpula.

Países árabes divididos - Os confrontos se intensificaram durante a noite até sábado perto dos hospitais superlotados na Cidade de Gaza, afirmaram autoridades palestinas.

Um bebê morreu em uma incubadora no maior hospital de Gaza após a perda de energia, e um paciente em terapia intensiva foi morto por um projétil israelense, disse o Ministério da Saúde palestino.

A guerra alterou as alianças tradicionais do Oriente Médio, já que Riade se aproximou mais do Irã, resistiu à pressão dos EUA para condenar o Hamas e suspendeu seus planos de normalizar os laços com Israel.

A visita de Raisi à Arábia Saudita é a primeira de um chefe de estado iraniano em mais de uma década. Teerã e Riad encerraram anos de hostilidade sob um acordo intermediado pela China em março.

Erdogan pediu uma conferência de paz internacional para encontrar uma solução permanente para o conflito entre Israel e os palestinos.

"O que precisamos em Gaza não são pausas de algumas horas, mas sim um cessar-fogo permanente", disse Erdogan à cúpula.

O Emir do Catar disse que seu país, onde vários líderes do Hamas estão baseados, está buscando mediar a libertação de reféns israelenses e espera que um cessar-fogo humanitário seja alcançado em breve.

"Até quando a comunidade internacional tratará Israel como se estivesse acima das leis internacionais?", questionou.

O reino estava programado para sediar duas cúpulas extraordinárias, a Organização para a Cooperação Islâmica e a Liga Árabe, no sábado e domingo. A cúpula conjunta substituirá os dois encontros em virtude da situação "extraordinária" em Gaza, afirmou o Ministério das Relações Exteriores saudita.

O Hamas havia apelado à cúpula para tomar "uma decisão histórica e decisiva e agir para interromper imediatamente a agressão sionista".

Os ministros das Relações Exteriores árabes estavam divididos, pois alguns países, liderados pela Argélia, pediam o corte total dos laços diplomáticos com Israel, disseram dois delegados à Reuters.

Outros países árabes, que estabeleceram relações diplomáticas com Israel, resistiram, enfatizando a necessidade de manter canais abertos com o governo de Netanyahu, afirmaram eles.