Os jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Andreyevich Muratov, da Rússia, são os vencedores do prêmio Nobel da Paz de 2021 "pelo esforço para proteger a liberdade de expressão, o que é uma pré-condição para democracia e para uma paz duradoura".


"[Os vencedores] são representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal em um mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas", afirmou Berit Reiss-Anderson, presidente do Comitê Norueguês do Nobel, durante o anúncio da premiação.

Dimitri Muratov, de 59 anos, participou da fundação em 1993 do jornal russo independente Novaya Gazeta. Desde 1995, ele atua como editor-chefe do veículo que já teve mais de seis jornalistas mortos.

 
O comitê destacou a resistência de Muratov, que se recusou a abandonar a política independente do jornal mesmo em meio às mortes e ameaças e que há décadas ele "defende a liberdade de expressão na Rússia, em condições cada vez mais desafiadoras".

"O jornalismo baseado em fatos e a integridade profissional do 'Novaya Gazeta' a tornaram uma importante fonte de informações sobre aspectos censuráveis da sociedade russa raramente mencionados por outros meios de comunicação", afirmou a academia sueca.

Já Maria Ressa, de 58 anos, é uma das fundadoras e diretora-executiva da Rappler (rappler.com), agência de mídia digital especializada em Jornalismo Investigativo nas Filipinas.

O comitê do Nobel afirmou atribuir este prêmio à ex-jornalista da rede americana CNN por ela utilizar “a liberdade de expressão para expor o abuso de poder, o uso da violência e o crescente autoritarismo em seu país natal".

Para eles, o trabalho desenvolvido por Ressa e pela Rappler demonstra a forma como as redes sociais são usadas para espalhar 'fake news', atacar oponentes e manipular o discurso público.

A jornalista é alvo de uma série de processos judiciais e cyberbullying por publicar matérias críticas à gestão do presidente Rodrigo Duterte, tocando, inclusive, na polêmica luta contra o narcotráfico no país.


Em uma transmissão on-line, Ressa se diz emocionada pelo reconhecimento e afirmou que este “é o melhor momento para ser jornalista” porque "os momentos mais perigosos são também os momentos mais importantes".