RFI-  O diário destaca que o ex-presidente está envolvido em uma centena de processos, e corre o risco de se tornar inelegível e ser preso Le Figaro lembra que Bolsonaro está "refugiado na Flórida desde o final de seu mandato", em dezembro. No último sábado (11), o ex-presidente evocou, mais uma vez, sua intenção de retornar ao Brasil nas próximas semanas, para, talvez, dar sequência à sua vida política.

A matéria salienta que Bolsonaro não esconde sua vontade de disputar a eleição presidencial em 2026.  "Resta saber se a Justiça lhe permitirá", diz o texto. 

Afinal, como afirma Le Figaro, os problemas de Bolsonaro com a Justiça não são novos. "Suspeita de empregos fictícios, bem como uma acusação de apologia ao estupro já pesavam sobre o ex-chefe de Estado antes de seu mandado presidencial de 2019 a 2022", recorda a matéria. A esses casos, juntam-se supostos crimes que cometeu durante o exercício da presidência, como a disseminação de fake news e o questionamento da fiabilidade das urnas eletrônicas, enumera o diário francês.

O papel de Bolsonaro na invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília, no último 8 de janeiro, também é investigado. Além disso, o ex-presidente é acusado de "genocídio" do povo Yanomami e ainda pode ser processado por sua gestão da pandemia de Covid-19, acrescenta o jornal.

Enquanto era presidente, o ex-líder da extrema direita brasileira era protegido por imunidade parlamentar. Mas, com o fim de seu mandato, o STF pode transmitir as primeiras sete investigações a tribunais de primeira instância, aponta o texto.

Golpe de Estado

A matéria salienta ainda que a mais grave das acusações é a de que o ex-presidente teria planejado um golpe de Estado. Um ex-aliado, o senador Marcos do Val, revelou recentemente ter participado de uma reunião com Bolsonaro cujo objetivo era discutir a anulação dos resultados da eleição de outubro, para que ele permanecesse no poder. 

Entrevistados por Le Figaro, especialistas divergem sobre a possibilidade de que o ex-presidente seja preso. Sérgio Praça, cientista político da Fundação Getúlio Vargas, defende que "é provável que Bolsonaro seja preso ao retornar ao Brasil". A ideia é refutada por Rogério Arantes, cientista político da USP, que pensa que o caráter inédito das acusações, aliado à complexidade da Justiça brasileira, podem tornar difícil a comprovação da responsabilidade de Bolsonaro em alguns crimes, como nos ataques de 8 de janeiro.

 
Mesmo se não for preso, a Justiça Eleitoral pode, por exemplo, determinar uma pena de inelegibilidade de oito anos para Bolsonaro. Mas, segundo o jornal francês, prender o ex-presidente pode também incitar revolta em uma parcela da população, já que, no segundo turno da eleição presidencial de 2022, ele obteve 49,1% dos votos.