Todas as vítimas foram encontradas na área entre o porto de Raúna, a 30 quilômetros de Atenas, e Nea Makri
O balanço dos incêndios nos arredores de Atenas subiu para 60 mortos nesta terça-feira (24) - indicou à AFP Myron Tsagarakis, vereador de Rafina, capital da turística área afetada pelas chamas.
"Contabilizamos 60 mortos", declarou Myron, confirmando as informações divulgadas pela imprensa local, enquanto o governo ainda mantém, oficialmente, um total de 50 óbitos.
Nesta terça, os corpos carbonizados de 26 pessoas foram encontrados em uma casa em Mati, costa oriental da região de Ática.
Os corpos das vítimas estavam abraçados e carbonizados, segundo um fotógrafo da AFP.
Aparentemente, não conseguiram chegar ao mar para se protegerem das chamas, avaliaram os bombeiros, acrescentando que o incêndio foi controlado em Ática. Continua muito ativo, porém, em Kineta, 50 quilômetros ao oeste de Atenas.
Segundo Tsagarakis, o balanço de vítimas pode aumentar com a descoberta de pessoas que ficaram presas em suas casas.
Entre os mortos confirmados há uma mãe polonesa e seu filho, de acordo com Varsóvia, que não forneceu mais detalhes.
Os moradores das áreas afetadas continuam a assinalar desaparecidos, principalmente junto aos três postos da Cruz Vermelha instalados na região, afirmou à AFP Georgia Trisbioti, uma porta-voz da organização.
"As pessoas estão chocadas, perdidas. Algumas perderam tudo, filhos, parentes, casas", declarou, comovida.
"Hoje a Grécia está de luto", afirmou por sua vez o primeiro-ministro Alexis Tsipras, que anunciou em um pronunciamento oficial três dias de luto nacional.
Autoridades e testemunhas descrevem um dilúvio de chamas que se abateu na segunda-feira à tarde na região, surpreendendo as vítimas em suas casas e veículos.
'Avanço fulgurante'
Segundo o secretário-geral da Defesa Civil, Yannis Kapakis, os incêndios foram avivados por ventos de mais de 100 km/h, uma "situação extrema".
"Os ventos provocaram um avanço fulgurante do fogo na malha urbana", explicou a porta-voz dos Bombeiros, Stavroula Maliri.
"Mati não existe mais", declarou o prefeito de Rafina, Evangélos Bournous, contabilizando "mais de mil construções e 300 veículos" afetados.
O governo cita 172 feridos, incluindo 16 crianças. Entre os adultos, 11 estão em estado grave.
Os sobreviventes passatam horas de angústia em meio às nuves de cinzas à beira mar, à espera do socorro.
Cerca de 715 pessoas foram resgatadas por mar.
Autoridades e voluntários se organizam para ajudar as vítimas, com coleta e distribuição de água, comida e roupas, enquanto os desabrigados foram enviados a hoteis.
Ao menos cinco pessoas morreram no mar, onde as buscas continuam. A identificação das vítimas será longa, uma vez que esta região é bastante frequentada por turistas estrangeiros.
Ajuda externa
O país, que ativou o Mecanismo Europeu de Defesa Civil, tem recebido ajuda - principalmente aérea - da Espanha, França, Israel, Bulgária, Turquia, Itália, Macedônia, Portugal e Croácia, enquanto mensagens de condolências chegavam do exterior.
"A Comissão Europeia não poupará esforços para ajudar a Grécia", tuitou seu presidente Jean-Claude Juncker.
A Procuradoria do Supremo Tribunal abriu uma investigação sobre as causas do incidente.
Antecipando-se a uma possível polêmica sobre a resposta do aparato estatal, o governo enfatizou que enfrentava um fenômeno "extremo" e "assimétrico", segundo Tsipras.
O porta-voz do governo, Dimitris Tzanakopoulos, observou que "15 incêndios começaram simultaneamente em três frentes diferentes" em Attica.
Os Estados Unidos emprestaram um drone para sobrevoar Attica e "observar e detectar qualquer atividade suspeita", acrescentou.
A presidência da República cancelou a recepção anual marcada para esta terça-feira para comemorar a restauração da democracia na Grécia em julho de 1974.
A Grécia enfrenta uma onda de calor com temperaturas de até 40ºC, e segundo os serviços de meteorologia as condições seguirão muito complicadas nesta terça-feira.