Por:AFP - Agence France-Presse

As imagens da câmera de vigilância divulgadas pela imprensa russa mostram um roubo incomum. Nelas, um homem de cabeça raspada e vestido de preto se aproxima, com o rosto descoberto, da pintura do paisagista russo Arjip Kuinyi, tira o quadro da parede e o carrega, diante do olhar desconcertado dos visitantes deste museu estatal, muito frequentado.
Um dos principais museus moscovitas, a Galeria Tretiakov não explicou a passividade de seus agentes de segurança durante o roubo, que aconteceu às 18h locais de domingo (12h em Brasília), em uma exposição dedicada a Kuinyi.
"No momento do roubo, o dispositivo de segurança da galeria, nas mãos da Guarda Nacional e de funcionários do serviço de segurança do museu, funcionava normalmente", assegurou a instituição em um comunicado, acrescentando que as medidas de segurança haviam sido reforçadas para a exposição. Algumas horas mais tarde, na periferia de Moscou, a polícia russa prendeu um suspeito de 31 anos.
O quadro, que representa o monte Ai-Petri na Crimeia e foi pintado entre 1898 e 1908, foi encontrado pela polícia em uma obra, onde estava escondido, informou o Ministério russo do Interior. As imagens divulgadas pelo Ministério mostram a polícia colocando o homem no chão e descobrindo a pintura, que parece estar intacta. O valor da obra foi estimado em 175.000 euros por um especialista em história da arte consultado pela agência de notícias pública TASS.
Em um vídeo que mostra seu interrogatório por parte da polícia, o suspeito negou sua responsabilidade e disse não se lembrar de onde estava no dia do roubo. Segundo as autoridades, ele já havia sido acusado no passado por posse de entorpecentes e era alvo de uma proibição de deixar o território. A polícia tenta descobrir se teve cúmplices.
Segundo episódio
Fundada em 1856, a Galeria Tretiakov tem uma das coleções mais importantes da Rússia, que inclui obras de Marc Chagall, Vasili Kandinski e o célebre "Quadrado negro sobre fundo branco", de Kazimir Malevich.
Este foi o segundo incidente constrangedor na galeria em menos de um ano. No final de maio, um homem de 37 anos danificou, depois de quebrar o vidro protetor, um dos quadros mais importantes da galeria: "Ivan, o Terrível, matando seu filho", do pintor Ilia Repin. Atingida em três pontos, a tela foi retirada da exposição pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.
O Kremlin garantiu, nesta segunda-feira, que o museu está "protegido adequadamente", mas reconheceu que "é preciso tirar conclusões" do roubo. "Felizmente, o quadro foi encontrado rápida e eficazmente, graças aos esforços enérgicos das nossas forças da ordem", disse o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, à imprensa.