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string(76) "Há espaço para uma alternativa socialista mundial’, afirma Jeremy Corbyn"
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string(7333) "Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS INTERNACIONAL na quinta-feira (22/07), o jornalista Breno Altman entrevistou Jeremy Corbyn, principal porta-voz da esquerda trabalhista no Reino Unido, parlamentar e ex-líder do Partido Trabalhista britânico.
Corbyn, que se identifica como socialista, “amante da paz” e ambientalista, dedicado à igualdade e justiça, está enfrentando forte oposição dentro de seu partido, com a ascensão de alas trabalhistas mais conservadoras.
“Quando me tornei líder, em setembro de 2015, éramos oposição e nosso objetivo era desafiar os princípios da austeridade e do livre mercado. Com o tempo, tentei desenvolver o partido para que se dedicasse à base, à organização comunitária, para que não fôssemos só uma máquina eleitoral. Aí já encontrei resistência enorme dentro do partido”, contou.
Outro momento de tensão dentro do partido foi durante o referendo do Brexit, em que uma minoria trabalhista estava a favor da saída da União Europeia. Como resultado, o partido foi criticado por demorar a entrar na campanha anti-Brexit e passou a sofrer derrotas consecutivas, que culminaram com a eleição de Boris Johnson em 2019 e forçaram a renúncia de Corbyn à frente do Partido Trabalhista.
“Tive que enfrentar uma campanha massiva da mídia contra mim, mas não me arrependo das reformas que fiz dentro do partido, trazendo políticos mais jovens e renovando o partido, por exemplo. A política é, sim, sobre sucesso eleitoral, mas também é sobre o que você consegue fazer dentro da sua própria comunidade. É sobre empoderar as pessoas”, refletiu.
Para ele, apesar dessa ofensiva conservadora, “as demandas do povo seguem as mesmas”. Ele enfatizou que, apesar de o Brexit ter dividido a população, em vários aspectos os interesses de quem votou contra ou a favor são os mesmos.
“Estamos vendo em escala global governos que estão aprofundando a desigualdade. A pandemia aumentou a desigualdade, dividiu o mundo. Temos que pensar se vamos continuar num mundo de desigualdades e livre mercado, ou se vamos reconhecer que a nossa saúde depende da qualidade de vida de todos. Por isso acredito que ainda há espaço para uma alternativa socialista”, defendeu o parlamentar.
Além disso, ele destacou a crise ambiental como sendo uma questão crucial a ser abordada no futuro, pois “não podemos seguir explorando o planeta da forma como fazemos e esperar sobreviver, principalmente não às custas dos países pobres e culpando-os pelo aquecimento global, sendo que os culpados são os países ricos”.
Projeto Justiça e Paz
Seguindo esse raciocínio, de lutar a favor de todos os povos, Corbyn, que é declaradamente anti-imperialista e anticolonialista, falou sobre seu novo projeto, o Justice and Peace Project (Projeto Justiça e Paz), lançado em janeiro deste ano.
Atuando em quatro áreas da política, o objetivo é “dar voz ao povo” para que as pessoas possam discutir sobre os problemas da atualidade e contribuir na proposta de soluções.
“Queremos desafiar o sistema de controle e posse da mídia, para fortalecer o jornalismo e a liberdade de imprensa reais. Queremos justiça econômica e segurança alimentar, pois muitas pessoas dependem de bancos de alimentos e não deveriam, deveriam ter os recursos para comer. Temos que enfrentar as questões ambientais, principalmente na indústria, ao mesmo tempo que protegemos os empregos dos trabalhadores. E essa campanha deve se converter em uma campanha de solidariedade internacional”, listou.
Em seu lançamento, 50 mil britânicos se inscreveram no projeto.
Julian Assange
Corbyn também falou sobre o caso de Julian Assange, que atualmente, apesar de não estar preso no sentido estrito da palavra, nem ter sido condenado por nenhum delito, está sendo mantido numa prisão de segurança máxima no Reino Unido.
“Assange é um jornalista formidável que foi perseguido por ter descoberto o que descobriu e ter revelado tudo ao mundo. O pedido de extradição dos Estados Unidos foi rejeitado, pela segurança e saúde mental dele. Em qualquer outro caso, qualquer outra pessoa teria sido solta, mas os EUA notificaram a intenção de entrar com um recurso e agora ele está sendo detido numa prisão de segurança máxima, um lugar horrível para se manter uma pessoa”, lamentou o parlamentar.
Ele, juntamente a outros membros do Partido Trabalhista, redigiram uma carta dirigida ao presidente norte-americano Joe Biden pedindo que os EUA não apresentem o recurso e permitam que Assange seja solto, “a fim de promover uma mídia livre”.
Cuba
Outro ponto polêmico abordado durante a entrevista foi o bloqueio estadunidense contra Cuba e as sanções aplicadas contra a Venezuela. Para Corbyn, fica cada vez mais claro “o quão errado é manter o bloqueio”. Na ONU o debate é recorrente, e somente dois países apoiam a continuação do bloqueio: EUA e Israel.
“O Reino Unido sempre reconheceu o governo cubano, mas, no fim, as empresas têm medo de fazer negócios com Cuba por causa das sanções que sofreriam das cortes estadunidenses”, afirmou.
Para ele, igualmente graves são as sanções sendo aplicadas sobre a Venezuela, que estão contribuindo para o desabastecimento no país, como já acontece em Cuba.
“Sanções são coisas fáceis de votar quando é de longe, contra o outro. Os efeitos são difíceis de perceber, mas é um processo brutal. Temos que nos posicionar contra essas medidas por causa do efeito devastador que elas têm sobre as pessoas”, reforçou.
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Corbyn, que se identifica como socialista, “amante da paz” e ambientalista, dedicado à igualdade e justiça, está enfrentando forte oposição dentro de seu partido, com a ascensão de alas trabalhistas mais conservadoras.
“Quando me tornei líder, em setembro de 2015, éramos oposição e nosso objetivo era desafiar os princípios da austeridade e do livre mercado. Com o tempo, tentei desenvolver o partido para que se dedicasse à base, à organização comunitária, para que não fôssemos só uma máquina eleitoral. Aí já encontrei resistência enorme dentro do partido”, contou.
Outro momento de tensão dentro do partido foi durante o referendo do Brexit, em que uma minoria trabalhista estava a favor da saída da União Europeia. Como resultado, o partido foi criticado por demorar a entrar na campanha anti-Brexit e passou a sofrer derrotas consecutivas, que culminaram com a eleição de Boris Johnson em 2019 e forçaram a renúncia de Corbyn à frente do Partido Trabalhista.
“Tive que enfrentar uma campanha massiva da mídia contra mim, mas não me arrependo das reformas que fiz dentro do partido, trazendo políticos mais jovens e renovando o partido, por exemplo. A política é, sim, sobre sucesso eleitoral, mas também é sobre o que você consegue fazer dentro da sua própria comunidade. É sobre empoderar as pessoas”, refletiu.
Para ele, apesar dessa ofensiva conservadora, “as demandas do povo seguem as mesmas”. Ele enfatizou que, apesar de o Brexit ter dividido a população, em vários aspectos os interesses de quem votou contra ou a favor são os mesmos.
“Estamos vendo em escala global governos que estão aprofundando a desigualdade. A pandemia aumentou a desigualdade, dividiu o mundo. Temos que pensar se vamos continuar num mundo de desigualdades e livre mercado, ou se vamos reconhecer que a nossa saúde depende da qualidade de vida de todos. Por isso acredito que ainda há espaço para uma alternativa socialista”, defendeu o parlamentar.
Além disso, ele destacou a crise ambiental como sendo uma questão crucial a ser abordada no futuro, pois “não podemos seguir explorando o planeta da forma como fazemos e esperar sobreviver, principalmente não às custas dos países pobres e culpando-os pelo aquecimento global, sendo que os culpados são os países ricos”.
Projeto Justiça e Paz
Seguindo esse raciocínio, de lutar a favor de todos os povos, Corbyn, que é declaradamente anti-imperialista e anticolonialista, falou sobre seu novo projeto, o Justice and Peace Project (Projeto Justiça e Paz), lançado em janeiro deste ano.
Atuando em quatro áreas da política, o objetivo é “dar voz ao povo” para que as pessoas possam discutir sobre os problemas da atualidade e contribuir na proposta de soluções.
“Queremos desafiar o sistema de controle e posse da mídia, para fortalecer o jornalismo e a liberdade de imprensa reais. Queremos justiça econômica e segurança alimentar, pois muitas pessoas dependem de bancos de alimentos e não deveriam, deveriam ter os recursos para comer. Temos que enfrentar as questões ambientais, principalmente na indústria, ao mesmo tempo que protegemos os empregos dos trabalhadores. E essa campanha deve se converter em uma campanha de solidariedade internacional”, listou.
Em seu lançamento, 50 mil britânicos se inscreveram no projeto.
Julian Assange
Corbyn também falou sobre o caso de Julian Assange, que atualmente, apesar de não estar preso no sentido estrito da palavra, nem ter sido condenado por nenhum delito, está sendo mantido numa prisão de segurança máxima no Reino Unido.
“Assange é um jornalista formidável que foi perseguido por ter descoberto o que descobriu e ter revelado tudo ao mundo. O pedido de extradição dos Estados Unidos foi rejeitado, pela segurança e saúde mental dele. Em qualquer outro caso, qualquer outra pessoa teria sido solta, mas os EUA notificaram a intenção de entrar com um recurso e agora ele está sendo detido numa prisão de segurança máxima, um lugar horrível para se manter uma pessoa”, lamentou o parlamentar.
Ele, juntamente a outros membros do Partido Trabalhista, redigiram uma carta dirigida ao presidente norte-americano Joe Biden pedindo que os EUA não apresentem o recurso e permitam que Assange seja solto, “a fim de promover uma mídia livre”.
Cuba
Outro ponto polêmico abordado durante a entrevista foi o bloqueio estadunidense contra Cuba e as sanções aplicadas contra a Venezuela. Para Corbyn, fica cada vez mais claro “o quão errado é manter o bloqueio”. Na ONU o debate é recorrente, e somente dois países apoiam a continuação do bloqueio: EUA e Israel.
“O Reino Unido sempre reconheceu o governo cubano, mas, no fim, as empresas têm medo de fazer negócios com Cuba por causa das sanções que sofreriam das cortes estadunidenses”, afirmou.
Para ele, igualmente graves são as sanções sendo aplicadas sobre a Venezuela, que estão contribuindo para o desabastecimento no país, como já acontece em Cuba.
“Sanções são coisas fáceis de votar quando é de longe, contra o outro. Os efeitos são difíceis de perceber, mas é um processo brutal. Temos que nos posicionar contra essas medidas por causa do efeito devastador que elas têm sobre as pessoas”, reforçou.