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Um saco de pão de forma. Uma embalagem de queijo fatiado. Duas batatas. Duas cenouras. Duas bananas. Três maçãs. Uma lata de feijão branco. Um pacote de macarrão. Um tomate. Dois bolinhos industrializados. E três envelopinhos de iogurte líquido. Cinco dias de merenda escolar de uma criança britânica. A foto da vergonha. Foi publicada no Twitter por uma mãe que se assina @RoadsideMum e acabou na capa de vários jornais. “Essas imagens são escandalosas, vergonhosas e todo um insulto para as famílias que receberam esses pacotes”, admitiu o primeiro-ministro Boris Johnson nesta quarta-feira na Câmara dos Comuns. Ele respondia ao líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, que lhe fazia a pergunta mais óbvia aos olhos de muitos cidadãos: “Você estaria feliz alimentando seus filhos desse jeito?”.
Nos períodos em que as escolas precisaram fechar por causa da pandemia, como atualmente, o Governo britânico tem apresentado uma resposta hesitante à necessidade de garantir café da manhã e almoço gratuitos para os alunos mais necessitados. Fez isso na primeira onda, mas retirou a medida nas férias do verão, em julho. Só recuou porque houve uma intensa campanha nas redes sociais, lançada por Marcus Rashford, o jogador do Manchester United, de origem antilhana.
O problema de um Governo frequentemente desnorteado pela gravidade da crise e por sua própria ideologia liberal mal entendida é que reage às urgências com respostas ambíguas e corre o risco de parecer o sr. Scrooge de Charles Dickens. O Ministério da Educação ofereceu num dado momento duas opções às escolas: entregar pacotes semanais de alimentos diretamente aos alunos, ou encaminhá-los aos serviços sociais para que recebessem cupons que podem ser usados em grandes redes de supermercados. Cada escola receberia, segundo o estabelecido, o equivalente a aproximadamente 26 reais por semana e por criança. Já os vales seriam de 110 reais por semana. O Governo estimulou as escolas a priorizarem a distribuição de pacotes, que em muitos casos coube a um serviço terceirizado.
A Chartwells, empresa de catering escolar que acabou no olho do furacão, já pediu desculpas e se comprometeu a devolver o dinheiro recebido. Alega que a foto representava a merenda de cinco dias, e que o valor do conjunto era, somados os alimentos, embalagem e distribuição, de aproximadamente 77 reais. “Lamentamos muito que a quantidade tenha sido tão escassa neste caso concreto. Normalmente incluímos uma variedade ampla de alimentos nutritivos para os refeitórios escolares”, disse um porta-voz da empresa. O presidente do Compass Group, a matriz que abrange também serviços de distribuição de alimentos preparados, é um conhecido doador do Partido Conservador.
As redes se encheram de fotos de usuários com os pacotes que tinham recebido, cada um mais pobre que o outro. Mas esta nova crise que se abate sobre o Governo Johnson reflete algo mais do que um meme, porque a maioria dos produtos lançados ao debate público é, de fato, servida diariamente nos refeitórios escolares. A surpresa vem quando aparecem todos juntos, denunciando sua pouca qualidade e quantidade. Com os 77 reais que a Chartwells diz valer a polêmica cesta, muitos usuários demonstraram que poderiam comprar produtos muito mais nutritivos e em maior quantidade. Alguém, é a dedução geral, está levando um lucro extraordinário.
Em uma nova reviravolta, como muitas outras vezes na atual crise pandêmica, o Governo de Johnson anunciou que retirará a partir de segunda-feira sua recomendação de priorizar os pacotes de alimentos, estabelecendo em seu lugar uma norma geral de cupons que as famílias possam trocar no varejo.
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Um saco de pão de forma. Uma embalagem de queijo fatiado. Duas batatas. Duas cenouras. Duas bananas. Três maçãs. Uma lata de feijão branco. Um pacote de macarrão. Um tomate. Dois bolinhos industrializados. E três envelopinhos de iogurte líquido. Cinco dias de merenda escolar de uma criança britânica. A foto da vergonha. Foi publicada no Twitter por uma mãe que se assina @RoadsideMum e acabou na capa de vários jornais. “Essas imagens são escandalosas, vergonhosas e todo um insulto para as famílias que receberam esses pacotes”, admitiu o primeiro-ministro Boris Johnson nesta quarta-feira na Câmara dos Comuns. Ele respondia ao líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, que lhe fazia a pergunta mais óbvia aos olhos de muitos cidadãos: “Você estaria feliz alimentando seus filhos desse jeito?”.
Nos períodos em que as escolas precisaram fechar por causa da pandemia, como atualmente, o Governo britânico tem apresentado uma resposta hesitante à necessidade de garantir café da manhã e almoço gratuitos para os alunos mais necessitados. Fez isso na primeira onda, mas retirou a medida nas férias do verão, em julho. Só recuou porque houve uma intensa campanha nas redes sociais, lançada por Marcus Rashford, o jogador do Manchester United, de origem antilhana.
O problema de um Governo frequentemente desnorteado pela gravidade da crise e por sua própria ideologia liberal mal entendida é que reage às urgências com respostas ambíguas e corre o risco de parecer o sr. Scrooge de Charles Dickens. O Ministério da Educação ofereceu num dado momento duas opções às escolas: entregar pacotes semanais de alimentos diretamente aos alunos, ou encaminhá-los aos serviços sociais para que recebessem cupons que podem ser usados em grandes redes de supermercados. Cada escola receberia, segundo o estabelecido, o equivalente a aproximadamente 26 reais por semana e por criança. Já os vales seriam de 110 reais por semana. O Governo estimulou as escolas a priorizarem a distribuição de pacotes, que em muitos casos coube a um serviço terceirizado.
A Chartwells, empresa de catering escolar que acabou no olho do furacão, já pediu desculpas e se comprometeu a devolver o dinheiro recebido. Alega que a foto representava a merenda de cinco dias, e que o valor do conjunto era, somados os alimentos, embalagem e distribuição, de aproximadamente 77 reais. “Lamentamos muito que a quantidade tenha sido tão escassa neste caso concreto. Normalmente incluímos uma variedade ampla de alimentos nutritivos para os refeitórios escolares”, disse um porta-voz da empresa. O presidente do Compass Group, a matriz que abrange também serviços de distribuição de alimentos preparados, é um conhecido doador do Partido Conservador.
As redes se encheram de fotos de usuários com os pacotes que tinham recebido, cada um mais pobre que o outro. Mas esta nova crise que se abate sobre o Governo Johnson reflete algo mais do que um meme, porque a maioria dos produtos lançados ao debate público é, de fato, servida diariamente nos refeitórios escolares. A surpresa vem quando aparecem todos juntos, denunciando sua pouca qualidade e quantidade. Com os 77 reais que a Chartwells diz valer a polêmica cesta, muitos usuários demonstraram que poderiam comprar produtos muito mais nutritivos e em maior quantidade. Alguém, é a dedução geral, está levando um lucro extraordinário.
Em uma nova reviravolta, como muitas outras vezes na atual crise pandêmica, o Governo de Johnson anunciou que retirará a partir de segunda-feira sua recomendação de priorizar os pacotes de alimentos, estabelecendo em seu lugar uma norma geral de cupons que as famílias possam trocar no varejo.