Personalidades como a tenista Ashleigh Barty, depois da atriz Nicole Kidman e a cantora Pink, mobilizaram-se neste domingo (5) para arrecadar fundos ou fazer doações para os bombeiros e vítimas dos incêndios que devastam a Austrália e que já mataram 24 pessoas.
 
Depois de um dia de incêndios particularmente violentos, este domingo registrou temperaturas mais baixas e chuvas em partes dos estados de Victoria e Nova Gales do Sul (sudeste).
 
Mas as cidades litorâneas da costa leste estão mergulhadas na escuridão. Cinzas caem nos vilarejos, enquanto as grandes cidades sufocam em meio à fumaça.
 
Neste domingo, a capital Canberra liderava as cidades mais poluídas do mundo, à frente de Nova Délhi e Cabul, devido à fumaça que emana do incêndio nas proximidades, pelo Air Visual, site independente que mede a qualidade do ar. 
 
As personalidades estão engajadas e levantaram milhões de dólares para apoiar os bombeiros e as comunidades afetadas por esses incêndios devastadores. 
 
Uma vaquinha lançada pela atriz Celeste Barber no Facebook para ajudar os bombeiros arrecadou em 48 horas 25 milhões de dólares australianos (15,5 milhões de euros) de doações de todo o mundo.
 
A tenista australiana Ashleigh Barty, número um do mundo, anunciou que doará seus prêmios no torneio de Brisbane à Cruz Vermelha para ajudar as vítimas do incêndio. Seus prêmios podem chegar a 250.000 dólares.
 
Doações 
A cantora americana Pink prometeu no sábado doar 500.000 dólares, valor equivalente ao prometido pela atriz australiana Nicole Kidman.
 
"O apoio, pensamentos e orações de nossa família se estendem a todos os afetados pelos incêndios em toda a Austrália", escreveu a atriz no Instagram.
 
No sábado, centenas de propriedades foram destruídas e um homem morreu tentando salvar a casa de um amigo, em um dos piores dias desde que os incêndios começaram em setembro.
 
Quase 200 incêndios continuam ativos, muitos deles fora de controle, mas poucos dispararam avisos de emergência.
 
Milhões de australianos foram afetados no sudeste, a parte mais populosa do continente insular, por essa catástrofe que as autoridades não conseguem conter e que já destruiu uma área equivalente ao dobro da Bélgica e causou 24 mortes, incluindo de três bombeiros.
 
Os incêndios são comuns na Austrália na primavera e no verão. Mas têm sido particularmente precoces e violentos nesta temporada, principalmente devido às condições mais favoráveis provocadas pelo aquecimento global.
 
"Estamos em território desconhecido", disse Gladys Berejiklian, primeiro-ministro de Nova Gales do Sul, cuja capital é Sydney. "Não podemos dizer que já vivemos isso. Não é o caso". 
 
Um estado de emergência foi declarado no sudeste da ilha e ordens de evacuação foram dadas na sexta-feira a mais de 100.000 pessoas.
 
Incêndios e inundações 
Muitas localidades continuam ameaçadas, especialmente em torno da cidade de Eden, em Nova Gales do Sul, perto do estado de Victoria.
 
"Víamos a menos de 50 metros e havia detritos caindo do céu, principalmente cinzas brancas", contou à AFP John Steele, de 73 anos, evacuada no sábado à noite de sua propriedade ao norte de Eden. "O céu ainda está vermelho".
 
Incêndios e inundação: Cooma, no interior do país, teve que enfrentar dois males quando uma enorme torre de água com 4,5 milhões de litros desabou, varrendo carros e cobrindo casas de lama.
 
Diante da gravidade da crise, o primeiro-ministro Scott Morrison anunciou no sábado a maior mobilização militar já realizada, convocando 3.000 reservistas do exército para ajudar os bombeiros voluntários.
 
Navios da Marinha e helicópteros de combate já foram mobilizados na sexta-feira para a maior evacuação lançada desde a Segunda Guerra Mundial na Austrália, em Mallacoota (estado de Victoria), onde 4.000 pessoas ficaram presas à beira-mar pelos incêndios que cercam a cidade.
 
A rainha Elizabeth II disse estar "profundamente triste" pelos incêndios e agradeceu aos serviços de emergência "que colocam suas próprias vidas em perigo" para ajudar a população.
 
Milhares foram deslocados, como Noreen Ralston-Birchaw, de 75 anos, que perdeu sua casa em Mogo na véspera de Ano Novo, cerca de 100 km a sudeste de Canberra.
 
"Enquanto falo com você, não quero voltar lá para ver minha casa em cinzas", disse à AFP. "Eu não quero reconstruir lá."