O diplomata Antonio Patriota, que foi chanceler de 2011 a 2013 durante o governo de Dilma Rousseff, assume nesta sexta-feira (4) o posto de embaixador do Brasil no Cairo. Com isso, ele substitui Ruy Pacheco de Azevedo Amaral, que será agora embaixador em Amã, na Jordânia.
Patriota, 65, representará o governo de Jair Bolsonaro neste que é o país árabe mais populoso e um importante parceiro comercial. O contexto político, porém, não estará a seu favor: Bolsonaro tem se aproximado de Israel e, com isso, antagonizado com lideranças árabes. A Autoridade Palestina e a Liga Árabe -sediada no Cairo- já ameaçaram boicotar produtos brasileiros em retaliação a Bolsonaro.
Em entrevista à Anba (Agência de Notícias Brasil - Árabe) Patriota disse que sua prioridade no posto será a agenda comercial. Para tal, reuniu-se com representantes da Câmara de Comércio Árabe Brasileira em São Paulo antes de partir para o Cairo. Ele mencionou o acordo entre Mercosul e Egito, em vigor desde 2017, e a visita da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, em setembro. O Egito é hoje o principal destino das exportações brasileiras para a África e para o mundo árabe. Foram US$ 2,1 bilhões exportados em 2018, entre produtos como carne bovina, açúcar, milho e frango.
Patriota foi, além de chanceler do governo Dilma, embaixador do Brasil em postos como a ONU, Roma e Washington - todos considerados de bastante prestígio. Quando sua ida ao Cairo foi anunciada em março, a ideia foi recebida com alguma surpresa, uma vez que a cidade não tem o mesmo peso na hierarquia do Itamaraty.