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A tendência de aumento do número de mortos por coronavírus nos últimos dias levou o Governo espanhol a endurecer o confinamento dos 47 milhões de espanhóis. O presidente do Governo (primeiro-ministro) Pedro Sánchez anunciou que neste domingo será aprovada, por um Conselho de Ministros extraordinário, a limitação total de movimentos, salvo dos trabalhadores de atividades essenciais. A medida estará vigente entre segunda-feira e 9 de abril. O Governo havia resistido a tomar essa decisão, apesar dos crescentes pedidos da oposição e de seus aliados, devido ao impacto econômico que ela terá. De fato, os empresários a receberam com apreensão. Sánchez aumentou também a pressão sobre a União Europeia (UE), exigindo “decisões corajosas e contundentes”.
O confinamento generalizado da população ocorre após a Espanha ter superado os 78.000 contágios e 6.590 mortos pela Covid-19. Os aliados de Sánchez, incluindo o Unidas Podemos (UP, de esquerda), pressionavam para que fossem adotadas medidas mais drásticas. O Executivo iniciou a semana hesitando em endurecer ainda mais a restrição de movimentos, mas mudou após ver como a cifra de mortos disparava nas últimas 48 horas. O objetivo é reduzir, durante as próximas semanas, a mobilidade aos níveis existentes nos fins de semana, mas que aumenta nos dias de trabalho.
O decreto que impôs o estado de alarme enumerava uma lista de atividades que podiam permanecer operativas. A ordem permitia que permanecessem abertos estabelecimentos varejistas de alimentação, bebidas, produtos e artigos de primeira necessidade; farmacêuticos, médicos, óticas e produtos ortopédicos e higiênicos; gráfica e papelaria; combustível para veículos automotores; equipamentos tecnológicos; comércio pela Internet, telefônico ou por correspondência; tinturarias e lavanderias. Todas as demais atividades ficavam suspensas.
Fontes do Governo entendem que as empresas que operam para fornecer esses serviços são as únicas que poderão continuar funcionando até 9 de abril. Entre elas, estão as atividades relacionadas com o setor primário, como agricultura, pesca, produtos alimentícios, fabricação de roupa de trabalho, produtos farmacêuticos, transporte e distribuição de todos os produtos considerados básicos. Qualquer atividade que envolva teletrabalho também poderá ser mantida.
Sánchez afirmou, em anúncio transmitido por vídeo, que durante os dias em que for aplicada essa permissão os trabalhadores “continuarão recebendo seu salário com normalidade”. Quando terminar a situação de emergência sanitária, os empregados recuperarão as horas de trabalho não prestadas de maneira paulatina. A redução extrema da mobilidade estará vigente praticamente até que o atual prazo do estado de alarme acabar, em 11 de abril, como aprovou o Congresso dos Deputados na madrugada da quinta-feira.
A medida, de especial contundência, vinha sendo exigida por comunidades como a Catalunha. O presidente da Generalitat (o Governo regional catalão), Quim Torra, pediu o confinamento “total” da comunidade, salvo para os trabalhadores de setores essenciais, na videoconferência de presidentes autonômicos (governadores regionais) de domingo passado. Lideranças do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, de centro-esquerda) e do Partido Popular (PP, direita) pediram a restrição, em diferentes graus, dos movimentos da população. Entre eles, Juan Manuel Moreno (Andaluzia), Javier Lambán (Aragão), Emiliano García-Page (Castela-La Mancha), Alfonso Fernández Mañueco (Castela e Leão) e Ximo Puig (Comunidade Valenciana).
O posicionamento mais extremo foi o do presidente de Murcia, Fernando López Miras, do PP, que tentou endurecer a quarentena de forma unilateral por meio de um decreto. O Governo desautorizou o “fechamento total da região, exceto dos serviços mínimos”, e recordou que uma ordem dessas características só pode ser dada pela autoridade competente, neste caso o ministro da Saúde, Salvador Illa, “como autoridade designada” em virtude da declaração do estado de alarme. Na época, o Governo argumentou que seguia “a todo instante” as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e reiterou que havia adotado as medidas “mais drásticas da Europa e entre as mais estritas em âmbito mundial”. Naquele momento, havia 28.572 contagiados e 1.720 mortos.
Apesar dos avisos do Governo de que “o pior” estava por chegar, os quase 4.000 mortos e 44.000 infectados regitrados no domingo passado já antecipavam um cenário assustador. “Na Espanha, vivemos as horas mais tristes e amargas. No último fim de semana, informamos que esta semana seria muito dura. À medida que nos aproximamos do ápice da curva, o vírus nos golpeia com uma violência brutal. Quando a batalha se torna mais intensa, não é hora de baixar a guarda. É hora de intensificar a luta”, disse Sánchez para justificar o aumento das restrições.
Enquanto se aguarda o pico da epidemia, o presidente do Governo apelou à unidade diante da catástrofe que se abateu sobre o país. “Existem os que aproveitam para manifestar a gravidade da situação que todos já conhecemos e propagar o medo, e outros que trabalham com abnegação. Há quem procure culpados, fomente o rancor e a divisão. Outros trabalham pela união e a lealdade”, afirmou.
A situação é crítica após dois dias de aumento do número de mortos ―832, segundo a última cifra do Governo―, apesar das expectativas otimistas de meados da semana. A curva não se achata e continua sem atingir o pico de contágios. “Enquanto isso, tudo o que posso oferecer é sacrifício, resistência e ânimo de vitória”, disse Sánchez, resumindo o drama que atinge o país.
“Nós, responsáveis públicos, devemos nos deixar guiar pelos especialistas, e apenas por eles, além de estar presentes e combater o único inimigo que nos ameaça: o vírus e seus estragos sanitários, econômicos e sociais”, destacou Sánchez. “Cada dia que passa é um dia a menos [dessa situação]”, finalizou, numa última declaração com a qual tentou transmitir esperança. Sem que o pior tenha passado.
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A tendência de aumento do número de mortos por coronavírus nos últimos dias levou o Governo espanhol a endurecer o confinamento dos 47 milhões de espanhóis. O presidente do Governo (primeiro-ministro) Pedro Sánchez anunciou que neste domingo será aprovada, por um Conselho de Ministros extraordinário, a limitação total de movimentos, salvo dos trabalhadores de atividades essenciais. A medida estará vigente entre segunda-feira e 9 de abril. O Governo havia resistido a tomar essa decisão, apesar dos crescentes pedidos da oposição e de seus aliados, devido ao impacto econômico que ela terá. De fato, os empresários a receberam com apreensão. Sánchez aumentou também a pressão sobre a União Europeia (UE), exigindo “decisões corajosas e contundentes”.
O confinamento generalizado da população ocorre após a Espanha ter superado os 78.000 contágios e 6.590 mortos pela Covid-19. Os aliados de Sánchez, incluindo o Unidas Podemos (UP, de esquerda), pressionavam para que fossem adotadas medidas mais drásticas. O Executivo iniciou a semana hesitando em endurecer ainda mais a restrição de movimentos, mas mudou após ver como a cifra de mortos disparava nas últimas 48 horas. O objetivo é reduzir, durante as próximas semanas, a mobilidade aos níveis existentes nos fins de semana, mas que aumenta nos dias de trabalho.
O decreto que impôs o estado de alarme enumerava uma lista de atividades que podiam permanecer operativas. A ordem permitia que permanecessem abertos estabelecimentos varejistas de alimentação, bebidas, produtos e artigos de primeira necessidade; farmacêuticos, médicos, óticas e produtos ortopédicos e higiênicos; gráfica e papelaria; combustível para veículos automotores; equipamentos tecnológicos; comércio pela Internet, telefônico ou por correspondência; tinturarias e lavanderias. Todas as demais atividades ficavam suspensas.
Fontes do Governo entendem que as empresas que operam para fornecer esses serviços são as únicas que poderão continuar funcionando até 9 de abril. Entre elas, estão as atividades relacionadas com o setor primário, como agricultura, pesca, produtos alimentícios, fabricação de roupa de trabalho, produtos farmacêuticos, transporte e distribuição de todos os produtos considerados básicos. Qualquer atividade que envolva teletrabalho também poderá ser mantida.
Sánchez afirmou, em anúncio transmitido por vídeo, que durante os dias em que for aplicada essa permissão os trabalhadores “continuarão recebendo seu salário com normalidade”. Quando terminar a situação de emergência sanitária, os empregados recuperarão as horas de trabalho não prestadas de maneira paulatina. A redução extrema da mobilidade estará vigente praticamente até que o atual prazo do estado de alarme acabar, em 11 de abril, como aprovou o Congresso dos Deputados na madrugada da quinta-feira.
A medida, de especial contundência, vinha sendo exigida por comunidades como a Catalunha. O presidente da Generalitat (o Governo regional catalão), Quim Torra, pediu o confinamento “total” da comunidade, salvo para os trabalhadores de setores essenciais, na videoconferência de presidentes autonômicos (governadores regionais) de domingo passado. Lideranças do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, de centro-esquerda) e do Partido Popular (PP, direita) pediram a restrição, em diferentes graus, dos movimentos da população. Entre eles, Juan Manuel Moreno (Andaluzia), Javier Lambán (Aragão), Emiliano García-Page (Castela-La Mancha), Alfonso Fernández Mañueco (Castela e Leão) e Ximo Puig (Comunidade Valenciana).
O posicionamento mais extremo foi o do presidente de Murcia, Fernando López Miras, do PP, que tentou endurecer a quarentena de forma unilateral por meio de um decreto. O Governo desautorizou o “fechamento total da região, exceto dos serviços mínimos”, e recordou que uma ordem dessas características só pode ser dada pela autoridade competente, neste caso o ministro da Saúde, Salvador Illa, “como autoridade designada” em virtude da declaração do estado de alarme. Na época, o Governo argumentou que seguia “a todo instante” as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e reiterou que havia adotado as medidas “mais drásticas da Europa e entre as mais estritas em âmbito mundial”. Naquele momento, havia 28.572 contagiados e 1.720 mortos.
Apesar dos avisos do Governo de que “o pior” estava por chegar, os quase 4.000 mortos e 44.000 infectados regitrados no domingo passado já antecipavam um cenário assustador. “Na Espanha, vivemos as horas mais tristes e amargas. No último fim de semana, informamos que esta semana seria muito dura. À medida que nos aproximamos do ápice da curva, o vírus nos golpeia com uma violência brutal. Quando a batalha se torna mais intensa, não é hora de baixar a guarda. É hora de intensificar a luta”, disse Sánchez para justificar o aumento das restrições.
Enquanto se aguarda o pico da epidemia, o presidente do Governo apelou à unidade diante da catástrofe que se abateu sobre o país. “Existem os que aproveitam para manifestar a gravidade da situação que todos já conhecemos e propagar o medo, e outros que trabalham com abnegação. Há quem procure culpados, fomente o rancor e a divisão. Outros trabalham pela união e a lealdade”, afirmou.
A situação é crítica após dois dias de aumento do número de mortos ―832, segundo a última cifra do Governo―, apesar das expectativas otimistas de meados da semana. A curva não se achata e continua sem atingir o pico de contágios. “Enquanto isso, tudo o que posso oferecer é sacrifício, resistência e ânimo de vitória”, disse Sánchez, resumindo o drama que atinge o país.
“Nós, responsáveis públicos, devemos nos deixar guiar pelos especialistas, e apenas por eles, além de estar presentes e combater o único inimigo que nos ameaça: o vírus e seus estragos sanitários, econômicos e sociais”, destacou Sánchez. “Cada dia que passa é um dia a menos [dessa situação]”, finalizou, numa última declaração com a qual tentou transmitir esperança. Sem que o pior tenha passado.