Diante de um oceano adulto de inércia, a adolescente Greta grita. Aos 16, a ativista sueca exige ações concretas contra as mudanças climáticas e provoca reações mundo afora. Na última sexta-feira (20), manifestantes de 130 países (incluindo o Brasil com a cidade de Belo Horizonte) fizeram uma Greve Global pelo Clima, inspirados pela menina e por outros movimentos em defesa do meio ambiente.
Mas quem é Greta? De onde vem essa força?
Greta Ernman Thunberg nasceu em janeiro de 2003 em uma família de artistas: a mãe é cantora de ópera, o pai é ator. A menina recebeu diagnóstico de Asperger, síndrome que afeta a capacidade de se socializar e de se comunicar com eficiência, mal considerado um aspectro do autismo.
Apesar disso, a adolescente já afirmou que, a depender das circunstâncias, "ser diferente é um superpoder".
Sua ação em favor do meio ambiente começou no ano passado, após incêndios e ondas de calor que tomaram conta da Suécia. Greta parou de ir à escola um mês antes das eleições gerais de setembro naquele país.
No horário que estaria nas aulas, a garota passou a sentar-se, diariamente, em frente ao Riksdag (Parlamento da Suécia) com um cartaz: "Skolstrejk för klimatet" (de greve da escola pelo clima). Greta pedia ao governo sueco que reduzisse as emissões de carbono em obediência ao Acordo de Paris.
Com o fim das eleições, Greta mobilizou o "Fridays for Future": a menina passou a protestar apenas as sextas-feiras, no mesmo local. O ato ganhou atenção mundial e foi replicado por estudantes de diversos países, incluindo o Brasil. Em 15 de março deste ano, ocorreu a primeira greve global pelo clima.
Greta também participou de outras manifestações na Europa e da COP24, das Nações Unidas, na Polônia, em dezembro de 2018. Na ocasião, a menina afirmou que "os sofrimentos de muitos vão pagar os luxos de poucos".
Coerência
Entre várias indicações a condecorações, incluindo o Prêmio Nobel da Paz, Greta recusou alguns, como o Prêmio do Clima para Crianças, com o argumento de que os finalistas teriam que voar até Estocolmo, capital da Suécia. Greta não usa meios de transporte que emitem gases poluentes.
Há três semanas, por exemplo, a menina chegou a Nova York para participar da Conferência do Clima da ONU, que teve início no último sábado (21). Para estar lá, ela atravessou o oceano atlântico em um veleiro com "zero emissão de carbono", cedido por um monarca de Mônaco.
A doença
Para Greta, Asperger não é inimiga, é aliada. Segundo ela, por ter um cérebro que funciona um pouco diferente, ela não consegue aceitar que pessoas falem uma coisa e façam outra.
"Se eu não fosse tão estranha, então eu teria me distraído com o jogo social que as pessoas jogam", disse à CNN.