EUA

Um ciclone localizado nesta quarta-feira em frente à costa da Califórnia causou chuvas fortes e ameaçava provocar novas inundações e deslizamentos no estado americano, atingido por uma sequência de tempestades que já deixou 17 mortos.

As tempestades que atingem o oeste dos Estados Unidos são responsáveis por níveis de precipitação nunca vistos em 150 anos em alguns lugares. O longo dilúvio destruiu comunidades, derrubando linhas de energia e causando bloqueios de estradas.

"As chuvas mais intensas devem atingir o noroeste da Califórnia nos próximos dois dias", previu hoje o Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (NWS).

O anúncio acontece após as chuvas torrenciais desta terça-feira (10), que causaram inundações repentinas e arrastaram pessoas e veículos, incluindo um menino de 5 anos que continuava desaparecido na cidade de San Luis Obispo, centro do estado.

Moradores de Aptos, perto de Santa Cruz, observavam a dimensão dos estragos. "É, provavelmente, a pior inundação que já vi aqui, onde moro desde 1984", disse Doug Spinelli à AFP.

- Sem luz -
As tempestades também deixaram cerca de 60 mil lares e lojas sem eletricidade hoje, segundo o site Poweroutage.us. 

O NWS descreveu que "uma série implacável de rios atmosféricos" está provocando o sistema mais forte de tempestades a atingir a região desde 2005.

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, disse ontem que ao menos 34 mil pessoas foram instruídas a fugir das tempestades. "O fato é que não estamos fora de perigo", as chuvas devem continuar, pelo menos, até o dia 18 deste mês".

A localidade de Montecito, onde moram o príncipe Harry e sua esposa, Meghan Markle, chegou a receber uma ordem de evacuação na segunda-feira (9), quando fortes chuvas ameaçaram causar deslizamentos de terra em colinas já encharcadas após semanas de chuvas torrenciais. Mas o alerta foi intensificado no dia seguinte.

Lar de estrelas como Ellen DeGeneres, Gwyneth Paltrow, Katy Perry e Rob Lowe, Montecito é especialmente vulnerável a deslizamentos de terra, pois fica no sopé de uma cordilheira incendiada há cinco anos. Na ocasião, centenas de quilômetros quadrados foram queimados, o que acabou arrancando das encostas a vegetação que normalmente mantém o solo firme.

- Criança desaparecida -
Autoridades do condado de San Luis Obispo suspenderam as buscas por um menino de 5 anos, após as águas pluviais oferecerem riscos ao trabalho dos mergulhadores, informou a Fox News, citando uma autoridade local.

A criança, que fugia de um carro inundado com a mãe, não foi declarada morta. Sua mãe conseguiu ser resgatada.

Dois motoristas morreram em um acidente ao norte de Bakersfield após uma árvore cair em uma estrada. A destruição é generalizada, com comunidades inteiras inundadas em algumas áreas do estado.

Dominick King disse que seu restaurante em Capitola foi arrasado. "É muito pior que o esperado", disse à AFP. "Todas as janelas dos fundos estão completamente quebradas. Todas as mesas estão espalhadas pelo chão... e os pisos estão danificados, então acho que as ondas vieram de baixo do prédio", contou.  "Todo o quarteirão foi dizimado", acrescentou.

- Seca -
Várias áreas do estado estão sob alerta de inundação e os meteorologistas acreditam que a situação deve persistir.

O clima extremo não se limitará apenas à Califórnia, disse o NWS. O sistema que causou as chuvas de terça-feira está se espalhando pelo país e ainda pode causar tempestades em regiões no centro e sul dos Estados Unidos.

Não é incomum que a Califórnia tenha fortes chuvas no inverno, mas as recentes precipitações testam o estado.

Elas ocorrem em um momento em que grande parte da costa oeste dos EUA vive uma seca severa e um aumento significativo na frequência e intensidade dos incêndios florestais.

Porém, nem as chuvas recentes são suficientes para reverter completamente este fenômeno. Os cientistas dizem que são necessários vários anos de precipitações acima da média para que os reservatórios retornem a níveis saudáveis.

Embora seja difícil estabelecer uma relação direta entre as tempestades a as mudanças climáticas, os especialistas acreditam que o aquecimento global aumenta a frequência e intensidade dos fenômenos meteorológicos extremos.