Decisão ocorre após pedido feito no último dia de mandato da ex-presidente Michelle Bachelet
A Corte de Apelações de Santiago decidiu investigar 30 mil casos de pessoas torturadas durante a ditadura de Augusto Pinochet, ocorrida entre 1973 e 1990 no Chile. A decisão ocorreu após pedido feito pela ex-secretária de direitos humanos Lorena Fríes em 10 de março, o último dia do mandato da ex-presidente Michelle Bachelet.
Desta forma, o sigilo até então mantido acerca de aproximadamente 30 mil depoimentos será quebrado. Eles serão todos enviados ao Instituto Nacional de Direitos Humanos, que, segundo o jornal El Pais, terá autonomia para entregá-los total ou parcialmente quando houver solicitação da Corte.
Até então havia uma determinação do governo para que os depoimentos fossem mantidos em sigilo por 50 anos, supostamente por pedido das vítimas, que não gostariam que seus filhos e netos tivessem conhecimento detalhado das atrocidades pelas quais passaram. Movimentos ligados aos direitos humanos, no entanto, alegam que o longo período poderia fazer parte de um acordo entre governo e Forças Armadas.
“Não se entende por que ficou secreto por 50 anos se não foi para outorgar impunidade aos que torturaram”, chegou a dizer ao El Pais o deputado Hugo Gutiérrez.