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string(71) "Chaves para entender eleições legislativas deste domingo na Argentina"
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A eleição ocorre em um contexto em que o presidente dos Estados Unidos condiciona sua ajuda econômica ao triunfo da coalizão La Libertad Avanza. Poucos dias antes das eleições, o Tesouro norte-americano interveio diretamente na economia argentina para evitar o colapso do modelo de Milei e de seu ministro da Economia, Luis “Toto” Caputo, que, sem o apoio de Washington, teria desabado.
Os votos deste domingo definirão não apenas quem obterá maior representação parlamentar, mas também o destino judicial de membros de um governo envolvido em múltiplos escândalos de corrupção, a possibilidade de um julgamento político e, não menos importante, uma saída massiva de investidores, uma desvalorização e o temido default, a falência total da economia argentina.
Nesse cenário, 36 milhões de cidadãos maiores de 16 anos votarão pela primeira vez com o sistema de Boleta Única de Papel, que definirá se o governo conseguirá ampliar seu peso legislativo ou se a oposição consolidará sua capacidade de negociação e bloqueio.
A maior parte da renovação legislativa ocorre na Câmara dos Deputados. A província de Buenos Aires concentra o maior número de cadeiras a renovar, com 35 deputados. Em seguida vêm Córdoba e Santa Fé, com 9 cada. Mendoza elegerá 5 deputados, enquanto Tucumán renovará 4.
Um amplo grupo de províncias renovará três cadeiras cada: Jujuy, Catamarca, San Juan, San Luis, Santa Cruz, Corrientes, La Pampa e Misiones. Por fim, La Rioja, Chubut e Formosa escolherão 2 deputados cada uma.
Na Câmara, o oficialismo arrisca apenas 22% de suas cadeiras, enquanto seus aliados do PRO enfrentam um panorama mais difícil, com quase 60% de seus assentos em jogo. Entre as terceiras forças, a UCR e a Coalición Cívica renovam mais de 70% de suas bancas, e a União pela Pátria coloca em disputa 47% de seu bloco.
Batalha legislativa
A ruptura de vínculos com aliados por parte do governo permitiu que a oposição revertesse decretos presidenciais e até insistisse três vezes na derrubada dos vetos às leis de Deficiência, Pediatria e Financiamento Universitário. Esses reveses, impostos para evitar cortes em setores críticos da assistência estatal, representam também um recado político frente a um pacote de reformas com o qual o Executivo pretende avançar, centrado principalmente em mudanças trabalhistas, previdenciárias e tributárias.
Ao mesmo tempo, a oposição conseguiu realizar 20 "emplazamientos" — um recurso que permite aos legisladores opositores acelerar convocações a sessões e estabelecer prazos para projetos que o governo evita pautar.
A oposição também criou duas comissões investigadoras, sobre os casos LIBRA$ e as mortes por fentanil, instrumentos até então pouco utilizados na atividade legislativa. Com isso, a oposição articulou consensos e avançou com uma agenda que limitou o Executivo.
O oficialismo, por sua vez, utiliza seu controle sobre as presidências das comissões para frear ou retardar o tratamento de projetos contrários à sua agenda. Isso se evidencia na escassez de reuniões de comissão, buscando impedir que as iniciativas cheguem ao plenário.
Essa dinâmica é especialmente clara na Comissão de Orçamento e Fazenda, onde 8 das 15 reuniões realizadas em 2025 ocorreram por meio de emplazamientos votados em sessão. Isso mostra como a oposição — que hoje tem maioria — usa esse mecanismo para debater projetos fora da agenda do governo.
Pesquisas
Nas eleições, serão renovadas 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados e 24 dos 72 assentos do Senado. As últimas pesquisas apontam um resultado muito equilibrado entre as duas principais coalizões: La Libertad Avanza, de Milei, e a peronista Fuerza Patria, que reúne o kirchnerismo.
A média de todas as sondagens publicadas durante o ano mostra uma vantagem de 5 pontos para a coalizão de Milei em relação aos peronistas, mas desde setembro ambas as forças aparecem praticamente empatadas.
Uma das pesquisas mais recentes, da consultora Rubikon, projetava uma leve vantagem nacional para La Libertad Avanza (34,6%) frente a Fuerza Patria (32,2%), com Provincias Unidas em 5,7%, Frente de Izquierda com 4,4% e outros espaços somando 6,2%.
A consultoria CB Consultores publicou um estudo nacional com 1.668 casos coletados entre 11 e 15 de outubro em várias regiões do país.
Como principal conclusão, o levantamento apontou um rejeição maior à coalizão peronista. Questionados se votariam na aliança oficialista, 47,4% responderam “nunca votaria”. A mesma pergunta feita sobre a oposição teve rejeição de 49%.
A pesquisa também considerou os principais partidos políticos: o oficialismo apareceu como a opção mais escolhida, com 40,8% das intenções.
Em segundo lugar ficou a Fuerza Patria, junto aos partidos provinciais, com 35,4% — sendo 29,6% para a FP e 5,8% para os aliados locais. Provincias Unidas aparece com 7,1%, seguida pelo Frente de Izquierda (4,4%) e outros partidos (12,3%).
O fator Trump
Durante encontro na Casa Branca, o presidente norte-americano Donald Trump vinculou explicitamente a ajuda econômica à vitória de La Libertad Avanza, o que gerou reação negativa nos mercados e evidenciou a politização do apoio externo.
O pronunciamento caiu como um balde de água fria no governo argentino, que, segundo todas as pesquisas, perderia a eleição por mais de 10% de diferença.
Trump foi enfático ao detalhar as consequências de uma derrota: “Se o presidente não vencer (...) não seremos generosos com a Argentina”, afirmou. Ele justificou sua posição chamando a oposição de “extrema esquerda” e afirmando que ela representa a “filosofia que levou a Argentina a essa situação”.
Trump também impôs um limite claro à futura ajuda: a relação da Argentina com a China. “Não quero que façam tantas relações com a China, nem nada com as forças armadas chinesas. Isso me desagradaria”, destacou.
Nos Estados Unidos, o Partido Democrata voltou a criticar o “insólito pacote de ajuda econômica” que Trump ofereceu a Milei como salvação diante da instabilidade econômica argentina. Os democratas denunciaram que o resgate, condicionado à vitória de La Libertad Avanza, inclui um swap e créditos do setor privado norte-americano.
O Tesouro dos EUA anunciou a compra direta de pesos, um swap de US$ 20 bilhões e novas declarações de apoio ao governo de Milei.
As críticas vieram acompanhadas de um vídeo no TikTok, mostrando Milei dançando e rindo, com a legenda: “Argentina depois de ficar com nossas vendas de soja e carne enquanto recebe US$ 40 bilhões de Trump”.
O vídeo original foi filmado em dezembro de 2024, durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) da Argentina, onde Milei e Lara Trump, nora de Donald Trump, dançaram a música “YMCA”, imitando o famoso passo de dança do presidente norte-americano.
Atualmente, a Argentina enfrenta uma inflação anual de 271%, uma das mais altas do mundo, em meio a uma escalada do desemprego e da recessão.
A pobreza disparou e afeta 55% dos 47 milhões de habitantes, segundo estimativas privadas. O economista Eduardo Levy Yeyati destacou que as classes mais baixas sobrevivem de forma cada vez mais limitada.
“O governo está tentando cortar a assistência às organizações sociais das quais essas pessoas dependem... Elas não podem poupar, não podem viajar, estão presas aqui e são as mais afetadas pela inflação e pelo ajuste fiscal”, afirmou.
Um levantamento da OPSA revelou que 58% dos argentinos consideram a pobreza o principal problema do país. Outros 48% classificam a Argentina como imprevisível, e 54% acreditam que o país tem “boa gente, mas péssimos políticos”.
Corrupção e “narcoestado”
As consequências das pressões de Trump não tardaram a aparecer. Milei havia antecipado uma renovação de ministros após as eleições, em meio a críticas internas depois de sua reunião com Trump na Casa Branca.
Antes mesmo da votação, o chanceler Gerardo Werthein apresentou sua renúncia ao Ministério das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto. A decisão já havia sido comunicada ao presidente Javier Milei e à secretária-geral Karina Milei.
A saída surpreendeu, já que Werthein havia sido nomeado para substituir Diana Mondino, destituída após votar a favor de Cuba em uma Assembleia da ONU.
Por esse motivo, o ex-ministro conduziu uma política externa rígida e totalmente alinhada aos Estados Unidos e Israel, refletida nas votações multilaterais das quais a Argentina participa.
Enquanto isso, avançam as investigações sobre a Criptofraude Libra$, que já apresentam provas comprometedoras envolvendo Milei e seu entorno, incluindo o pagamento de propinas para que o presidente promovesse a criptomoeda em suas redes sociais.
Somam-se ainda denúncias de corrupção na Agência Nacional de Deficiência (ANDIS) e áudios vazados de Diego Spagnuolo.
O caso mais grave, porém, envolve o ex-candidato e deputado José Luis Espert, cabeça de lista do partido governista na província de Buenos Aires para as eleições de 26 de outubro.
Espert renunciou à candidatura após vir à tona o pagamento de US$ 200 mil feito por Federico “Fred” Machado, cuja extradição para os EUA foi recentemente autorizada pela Suprema Corte argentina, devido a seus vínculos com o narcotráfico.
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Nesse cenário, 36 milhões de cidadãos maiores de 16 anos votarão pela primeira vez com o sistema de Boleta Única de Papel, que definirá se o governo conseguirá ampliar seu peso legislativo ou se a oposição consolidará sua capacidade de negociação e bloqueio.
A maior parte da renovação legislativa ocorre na Câmara dos Deputados. A província de Buenos Aires concentra o maior número de cadeiras a renovar, com 35 deputados. Em seguida vêm Córdoba e Santa Fé, com 9 cada. Mendoza elegerá 5 deputados, enquanto Tucumán renovará 4.
Um amplo grupo de províncias renovará três cadeiras cada: Jujuy, Catamarca, San Juan, San Luis, Santa Cruz, Corrientes, La Pampa e Misiones. Por fim, La Rioja, Chubut e Formosa escolherão 2 deputados cada uma.
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Batalha legislativa
A ruptura de vínculos com aliados por parte do governo permitiu que a oposição revertesse decretos presidenciais e até insistisse três vezes na derrubada dos vetos às leis de Deficiência, Pediatria e Financiamento Universitário. Esses reveses, impostos para evitar cortes em setores críticos da assistência estatal, representam também um recado político frente a um pacote de reformas com o qual o Executivo pretende avançar, centrado principalmente em mudanças trabalhistas, previdenciárias e tributárias.
Ao mesmo tempo, a oposição conseguiu realizar 20 "emplazamientos" — um recurso que permite aos legisladores opositores acelerar convocações a sessões e estabelecer prazos para projetos que o governo evita pautar.
A oposição também criou duas comissões investigadoras, sobre os casos LIBRA$ e as mortes por fentanil, instrumentos até então pouco utilizados na atividade legislativa. Com isso, a oposição articulou consensos e avançou com uma agenda que limitou o Executivo.
O oficialismo, por sua vez, utiliza seu controle sobre as presidências das comissões para frear ou retardar o tratamento de projetos contrários à sua agenda. Isso se evidencia na escassez de reuniões de comissão, buscando impedir que as iniciativas cheguem ao plenário.
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Nas eleições, serão renovadas 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados e 24 dos 72 assentos do Senado. As últimas pesquisas apontam um resultado muito equilibrado entre as duas principais coalizões: La Libertad Avanza, de Milei, e a peronista Fuerza Patria, que reúne o kirchnerismo.
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A saída surpreendeu, já que Werthein havia sido nomeado para substituir Diana Mondino, destituída após votar a favor de Cuba em uma Assembleia da ONU.
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