GUERRA

Em uma coletiva de imprensa do primeiro-ministro do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, foi anunciado o acordo de cessar-fogo permanente entre Israel e o Hamas, pedindo que ambas as partes cumpram todas as clausulas estabelecidas no documento.

O país tem mediado esforços para um acordo de tréguas entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, após meses de avanços e recuos.

A confirmação das tréguas levou já milhares de palestinos às ruas de Gaza para festejar e familiares e amigos dos reféns celebram em Tel Aviv.

No entanto, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deverá ainda se reunir hoje para discutir sobre alguns detalhes do acordo. "Devido à forte insistência do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o Hamas cedeu à sua exigência de última hora de alterar o posicionamento das forças das IDF no Corredor de Filadélfia. No entanto, vários pontos do acordo ainda não foram finalizados; esperamos que os pormenores sejam finalizados esta noite", diz o comunicado do gabinete.

O acordo abrange uma fase inicial de seis semanas, que inclui o cessar-fogo em Gaza, com a retirada gradual das forças militares israelenses no enclave e da troca de reféns por prisioneiros palestinos.

A troca de 33 reféns israelenses, que será gradual, por prisioneiros palestinos detidos em Israel, terá inicio já no próximo domingo (19). Mas, o Hamas pediu à população deslocada de Gaza que confie somente nas fontes oficiais, evitando espalhar rumores e boatos sobre o regresso às suas cidades de origem, cujo calendário irá depender da retirada de Israel.

Há diversos dias que várias fontes próximas das negociações anunciavam que o acordo estaria próximo, entre apelos a flexibilidade das partes. 

O acordo pode ser considerado uma vitória também para a administração de Joe Biden, uma vez que faltam apenas cinco dias antes da tomada de posse de Trump. O enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkof, se juntou às negociações há algumas semanas.

Os Estados Unidos, o Egito e o Catar passaram o último ano buscando mediar o fim da guerra em Gaza e a libertação de dezenas de reféns capturados no ataque do Hamas, em 07 de outubro de 2023.

Acordo

O acordo de três fases é baseado numa estrutura definida por Biden, e endossada pelo Conselho de Segurança da ONU. 

O primeiro passo será a libertação 33 reféns ao longo de um período de seis semanas, incluindo primeiramente mulheres, crianças, idosos em troca de um número de palestinos detidos em Israel que ainda será definido.

Durante esta primeira fase de 42 dias, as forças israelenses ainda deverão se retirar e os palestinos autorizados a começar a regressar ao norte da região, num processo acompanhado de um aumento da ajuda humanitária, com cerca de 600 caminhões entrando todos os dias no território.

Os detalhes das restantes fases ainda têm de ser negociados enquanto decorre a primeira, com os mediadores a garantirem ao Hamas que o processo irá prosseguir, para implementar a segunda e terceira fases antes do final da primeira, segundo as autoridades egípcias.

O acordo permitiria a Israel, durante a primeira fase, permanecer no controle do Corredor Filadélfia, a faixa de território ao longo da fronteira da Faixa de Gaza com o Egito, da qual o Hamas exigiu inicialmente que as forças israelenses se retirassem.

No entanto, Israel deve sair do corredor Netzarim, no centro do território.

Na segunda fase, o Hamas libertaria os restantes reféns vivos, em troca de mais prisioneiros palestinos e da "retirada completa" das forças israelenses da Faixa de Gaza, de acordo com o projeto de acordo.

Numa terceira fase, os corpos dos restantes reféns seriam devolvidos em troca de um plano de reconstrução de três a cinco anos a ser executado sob supervisão internacional.