247 – Em entrevista exclusiva aos jornalistas Leonardo Sobreira e Brian Mier, da TV 247, a analista política Batool Subeiti ofereceu uma das avaliações mais contundentes sobre o atual impasse entre Irã, Israel e os Estados Unidos. Para ela, Israel atravessa uma crise de identidade e de funcionalidade estratégica, sendo hoje incapaz de sustentar qualquer iniciativa militar sem o apoio direto de Washington. “Israel não respira sem o oxigênio americano”, afirmou.

Segundo Subeiti, a ofensiva israelense contra o Irã revelou uma fragilidade estrutural do Estado sionista. “Israel pode até ter superioridade aérea e inteligência tática, mas o Irã é uma nação de 90 milhões de habitantes, composta por 13 províncias, autossuficiente, com forte base industrial e uma capacidade de resistência moldada por décadas de guerra e sanções. É impossível dar um golpe final em uma estrutura como essa”, explicou.

 Ataques coordenados expõem vulnerabilidades estratégicas de Israel

A analista detalhou os danos provocados por uma única ofensiva iraniana contra Israel, apontando que os alvos foram cuidadosamente escolhidos: “A base aérea de Nevatim foi atingida várias vezes, sirenes soaram em Dimona, um edifício de 22 andares foi destruído, o centro de inteligência da unidade 8200 foi atacado, instalações em Tel Aviv foram bombardeadas e a refinaria de Haifa — que processa 60% do petróleo israelense — também foi atingida.”

Subeiti destacou ainda que os mísseis e drones iranianos superaram todas as camadas de defesa, como o Domo de Ferro, David’s Sling e o sistema THAAD. “Isso não é trivial. O Irã demonstrou capacidade de penetrar defesas múltiplas — inclusive as instaladas por aliados de Israel nos países do Golfo e na Jordânia — e ainda causar danos diretos. O Irã mostrou que vai até o fim. Israel iniciou essa guerra, mas não será ele quem a terminará”, afirmou.

Netanyahu e a autodestruição de Israel

Subeiti também foi dura ao avaliar a liderança israelense atual, centrando sua crítica em Benjamin Netanyahu: “Israel está cometendo suicídio. Está refém de um homem chamado Netanyahu, que parece disposto a arrastar o país para o abismo apenas para salvar a si mesmo.”

Ela ressaltou que o fracasso militar e político de Israel vem se acumulando: “Não conseguiu ocupar 350 km² da Faixa de Gaza, não derrotou o Hamas em combate terrestre, não desmobilizou a resistência libanesa e, agora, enfrenta um Irã muito mais bem preparado. Nem mesmo os 20 meses de genocídio produziram vitórias concretas.”

Trump, os Estados Unidos e a erosão do modelo ocidental

Batool Subeiti também analisou o papel dos Estados Unidos, e em especial de Donald Trump, no contexto atual. “Trump disse durante sua campanha que Israel era tão magro que precisava ser engordado. Mas se esse engordamento não funciona, a alternativa vira o despovoamento: remover os palestinos para manter artificialmente a maioria judaica”, disse.

Para ela, o colapso do modelo de dominação ocidental no Oriente Médio está em curso. “Estamos vivendo um ponto de virada. A hegemonia de Israel está em xeque. O Ocidente está em pânico porque sente que está perdendo algo que foi construído ao longo de décadas.”

Irã como novo centro de gravidade regional

A analista afirmou que o Irã, ao contrário do que previram os estrategistas ocidentais, não apenas sobreviveu ao cerco como saiu fortalecido. “Eles forçaram o Irã a ser autossuficiente e acabaram criando um ator muito mais resiliente. Mesmo sob as piores condições, o Irã se desenvolveu — e a guerra teve o efeito de acelerar esse processo.”

Subeiti apontou que a percepção ocidental de que o Irã teria uma reação contida foi um erro grave. “Eles subestimaram o Irã com base em sua paciência estratégica, acharam que a resposta seria limitada. Tentaram repetir no Irã a mesma tática usada no Líbano, assassinando comandantes e cientistas, acreditando que isso paralisaria o país. Falharam.”

Fim da hegemonia e colapso das estruturas regionais impostas pelo Ocidente

Em sua análise final, Subeiti aponta que o futuro da região será decidido por quem demonstrar capacidade de resistência real. “Se Israel for paralisado pelo Irã, toda a cadeia de substitutos e projeções dos Estados Unidos cairá com ele. O eixo de resistência sairá vitorioso.”

Ela acredita que a campanha ocidental contra o Irã já atingiu o limite: “Não haverá vitória, apenas efeitos colaterais negativos. O Irã não será paralisado. Na verdade, é ele quem vai paralisar Israel.”