Um ataque suicida perto de um mausoléu sufista matou pelo menos 10 pessoas e feriu 24 pessoas em Lahore (leste), a segunda maior cidade do Paquistão, nesta quarta-feira (8), segundo dia do Ramadã (mês de jejum muçulmano).
Este atentado, reivindicado por uma facção dos talibãs paquistaneses através de um correio eletrônico enviado à AFP, aconteceu em uma área muito frequentada da cidade, perto da entrada reservada para as mulheres de um mausoléu sufista do século XI, um dos maiores da região.
O mausoléu Data Darbar, onde muitas festividades sufistas são realizadas, já havia sido alvo em 2010 de um ataque de homens-bomba que mataram 40 pessoas.
Segundo Usman Buzdar, chefe da província de Punjab, da qual Lahore é a capital, três policiais, dois seguranças e cinco civis, incluindo uma criança, morreram neste ataque.
Muhammad Ashfaq, um policial de Punjab, havia informado anteriormente um balanço de cinco mortos e 24 feridos.
"Aparentemente, é um ataque suicida contra um veículo de agentes de segurança", disse outro funcionário da AFP, Muhamad Kashif.
Um terceiro policial, que pediu para não ser identificado, confirmou que um veículo das forças de segurança tinha sido de fato o alvo deste ataque.
Fotos e um vídeo feito pela AFP mostram um veículo policial 4X4 completamente destruído, enquanto os investigadores trabalham em volta dos restos do carro.
- Medidas de seguridad vs. auge do extremismo -
Os sufistas, uma corrente mística do Islã, são frequentemente vítimas de ataques de grupos extremistas islâmicos, incluindo o Estado Islâmico (EI), que considera não muçulmanos alguns de seus ritos .
Após o ataque de 2010, a segurança em torno do Data Darbar foi bastante fortalecida e os visitantes passaram por vários controles antes de poderem entrar no local.
Em Data Darbar fica o mausoléu de Syed Ali bin Osman Al Hajvery, mais conhecido como Data Ganj Bakhsh. Originário do Afeganistão, ele foi um dos pregadores sufi mais populares da região.
Dezenas de milhares de peregrinos visitam o santuário toda primavera para comemorar o aniversário de sua morte. Aqui, os fiéis também ouvem o 'qawali' toda semana, uma forma muito popular de música religiosa.
A luta contra o extremismo se intensificou no Paquistão após o ataque a uma escola em Peshawar (noroeste), em 2014, que deixou mais de 150 mortos, a maioria crianças.
Desde então, a segurança melhorou consideravelmente. Mas grupos extremistas mantêm a capacidade de realizar ataques em larga escala.
Grandes centros urbanos como Lahore, a segunda maior cidade do Paquistão e capital de sua província mais rica, Punjab, não são deixados de fora dos insurgentes.
Em março de 2018, um ataque em Lahore deixou nove mortos, enquanto a explosão de um artefato contra cristãos que celebravam a Páscoa em um parque naquela cidade matou mais de 70 pessoas em 2016.