array(31) {
["id"]=>
int(171135)
["title"]=>
string(69) "Ataques de Israel ao Irã sugerem ambição maior: mudança de regime"
["content"]=>
string(8855) "Reuters - O ataque surpresa de Israel ao Irã teve como objetivo imediato interromper drasticamente o programa nuclear iraniano e aumentar o tempo necessário para o país desenvolver uma arma atômica. No entanto, a escala dos bombardeios, a escolha dos alvos e as declarações dos líderes israelenses indicam um propósito de mais longo prazo: a queda do regime vigente em Teerã.
Alvos militares e apelo direto ao povo iraniano - Segundo especialistas ouvidos pela agência Reuters, além de instalações nucleares e fábricas de mísseis, os ataques israelenses da última sexta-feira atingiram cientistas nucleares e figuras estratégicas da cadeia de comando militar do Irã. Essa ação teria como meta minar a credibilidade do governo iraniano, tanto internamente quanto entre seus aliados regionais, o que poderia provocar instabilidade no poder central.
Michael Singh, do Washington Institute for Near East Policy e ex-funcionário do governo de George W. Bush, afirmou: “presume-se que uma das razões pelas quais Israel faz isso seja a esperança de ver uma mudança de regime. Eles gostariam que o povo iraniano se levantasse”. Ele também observou que o baixo número de vítimas civis nos primeiros ataques aponta para uma intenção mais ampla.
Horas após o início da ofensiva, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu fez um discurso em vídeo diretamente voltado à população iraniana. “O regime islâmico, que os oprime há quase 50 anos, ameaça destruir nosso país, o Estado de Israel”, disse. Embora tenha declarado que o objetivo era neutralizar as ameaças nucleares e balísticas, Netanyahu acrescentou: “ao atingirmos nosso objetivo, também estamos abrindo o caminho para que vocês conquistem sua liberdade. O regime não sabe o que o atingiu — ou o que ainda o atingirá. Nunca esteve tão fraco. Esta é sua oportunidade de se levantar e fazer sua voz ser ouvida”.
Resistência e limites da ofensiva militar - Apesar da gravidade dos danos, o histórico de hostilidade entre Israel e o Irã — não apenas entre seus líderes, mas também entre grande parte da população xiita — levanta dúvidas sobre a possibilidade real de um levante popular capaz de derrubar o regime teocrático, ainda respaldado por forças de segurança leais.
Singh alertou que ainda não se sabe quais condições seriam necessárias para o surgimento de uma oposição coesa no Irã. A ofensiva de sexta-feira foi apenas a primeira fase do que Israel já anunciou como uma operação prolongada. Analistas afirmam que novas ações devem ocorrer contra infraestruturas nucleares importantes, com o objetivo de retardar o avanço iraniano em direção a uma bomba atômica — ainda que Israel, isoladamente, não tenha capacidade para eliminar completamente o programa nuclear.
Teerã alega que seu programa atômico tem fins exclusivamente civis, mas o órgão nuclear das Nações Unidas concluiu nesta semana que o país está em violação de suas obrigações previstas no Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
Os primeiros ataques israelenses destruíram, além da usina de enriquecimento de superfície, grande parte do sistema de defesa aérea iraniano e atingiram figuras de destaque no setor militar e científico.
Israel mira liderança e estimula mudança interna - Em nota à Reuters, a embaixada israelense em Washington afirmou: “como país democrático, o Estado de Israel acredita que cabe ao povo de cada país definir sua política nacional e escolher seu governo. O futuro do Irã só pode ser decidido pelos iranianos”.
O próprio Netanyahu já havia defendido publicamente uma mudança no governo iraniano, inclusive em setembro passado.
Embora o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha dado apoio à defesa israelense diante do contra-ataque iraniano, não há sinais de que Washington esteja buscando, neste momento, promover uma mudança de regime em Teerã. A Casa Branca e a missão iraniana nas Nações Unidas, em Nova York, não responderam aos pedidos de comentário da agência.
Desmantelar o programa nuclear ainda é improvável - Especialistas apontam que Israel ainda está longe de conseguir desmantelar completamente o programa nuclear iraniano. Mesmo com os ataques de grande escala, os locais de enriquecimento são amplamente protegidos e distribuídos pelo território iraniano.
O próprio governo israelense reconhece esse limite. “Não há como destruir um programa nuclear apenas por meios militares”, declarou o assessor de Segurança Nacional de Israel, Tzachi Hanegbi, à emissora Channel 13. Segundo ele, os ataques podem servir para criar condições para um eventual acordo com os Estados Unidos que inviabilize o avanço nuclear iraniano.
Sima Shine, ex-analista-chefe do Mossad e pesquisadora do Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Israel, disse que os armamentos disponíveis não seriam suficientes para Israel eliminar o projeto nuclear sozinho. “Israel provavelmente não pode desmantelar completamente o projeto nuclear por conta própria, sem a participação dos Estados Unidos”, afirmou.
Ainda assim, o esforço para enfraquecer o regime pode explicar a decisão de Israel de mirar altos oficiais militares, numa tentativa de provocar confusão e desorganização no aparato de segurança iraniano. “Essas pessoas eram essenciais, muito experientes, e estavam há muitos anos em suas posições. Elas representavam um pilar importante da estabilidade do regime, especialmente em termos de segurança”, disse Shine. “Num cenário ideal, Israel preferiria uma mudança de regime, não há dúvida quanto a isso.”
Contudo, uma eventual queda da atual liderança iraniana não está livre de riscos, segundo Jonathan Panikoff, ex-vice-diretor nacional de inteligência dos EUA para o Oriente Médio e atualmente pesquisador do Atlantic Council. “Por anos, muitos em Israel acreditaram que uma mudança de regime no Irã traria um novo e melhor momento — que nada poderia ser pior do que o atual governo teocrático. Mas a história mostra que sempre pode ser pior”, concluiu.
"
["author"]=>
string(19) " Guilherme Levorato"
["user"]=>
NULL
["image"]=>
array(6) {
["id"]=>
int(627662)
["filename"]=>
string(15) "alikkamenel.jpg"
["size"]=>
string(5) "73857"
["mime_type"]=>
string(10) "image/jpeg"
["anchor"]=>
NULL
["path"]=>
string(0) ""
}
["image_caption"]=>
string(55) " Aiatolá Ali Khamenei (Foto: WANA NEWS AGENCY/REUTERS)"
["categories_posts"]=>
NULL
["tags_posts"]=>
array(0) {
}
["active"]=>
bool(true)
["description"]=>
string(147) "Netanyahu já admitiu: "estamos abrindo caminho para que vocês conquistem sua liberdade. O regime nunca esteve tão fraco"
"
["author_slug"]=>
string(18) "guilherme-levorato"
["views"]=>
int(53)
["images"]=>
NULL
["alternative_title"]=>
string(0) ""
["featured"]=>
bool(false)
["position"]=>
int(0)
["featured_position"]=>
int(0)
["users"]=>
NULL
["groups"]=>
NULL
["author_image"]=>
NULL
["thumbnail"]=>
NULL
["slug"]=>
string(64) "ataques-de-israel-ao-ira-sugerem-ambicao-maior-mudanca-de-regime"
["categories"]=>
array(1) {
[0]=>
array(9) {
["id"]=>
int(428)
["name"]=>
string(13) "Internacional"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(7) "#a80000"
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(13) "internacional"
}
}
["category"]=>
array(9) {
["id"]=>
int(428)
["name"]=>
string(13) "Internacional"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(7) "#a80000"
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(13) "internacional"
}
["tags"]=>
NULL
["created_at"]=>
object(DateTime)#539 (3) {
["date"]=>
string(26) "2025-06-14 12:55:38.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["updated_at"]=>
object(DateTime)#546 (3) {
["date"]=>
string(26) "2025-06-14 12:55:38.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["published_at"]=>
string(25) "2025-06-14T12:50:00-03:00"
["group_permissions"]=>
array(4) {
[0]=>
int(1)
[1]=>
int(4)
[2]=>
int(2)
[3]=>
int(3)
}
["image_path"]=>
string(16) "/alikkamenel.jpg"
}
Reuters - O ataque surpresa de Israel ao Irã teve como objetivo imediato interromper drasticamente o programa nuclear iraniano e aumentar o tempo necessário para o país desenvolver uma arma atômica. No entanto, a escala dos bombardeios, a escolha dos alvos e as declarações dos líderes israelenses indicam um propósito de mais longo prazo: a queda do regime vigente em Teerã.
Alvos militares e apelo direto ao povo iraniano - Segundo especialistas ouvidos pela agência Reuters, além de instalações nucleares e fábricas de mísseis, os ataques israelenses da última sexta-feira atingiram cientistas nucleares e figuras estratégicas da cadeia de comando militar do Irã. Essa ação teria como meta minar a credibilidade do governo iraniano, tanto internamente quanto entre seus aliados regionais, o que poderia provocar instabilidade no poder central.
Michael Singh, do Washington Institute for Near East Policy e ex-funcionário do governo de George W. Bush, afirmou: “presume-se que uma das razões pelas quais Israel faz isso seja a esperança de ver uma mudança de regime. Eles gostariam que o povo iraniano se levantasse”. Ele também observou que o baixo número de vítimas civis nos primeiros ataques aponta para uma intenção mais ampla.
Horas após o início da ofensiva, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu fez um discurso em vídeo diretamente voltado à população iraniana. “O regime islâmico, que os oprime há quase 50 anos, ameaça destruir nosso país, o Estado de Israel”, disse. Embora tenha declarado que o objetivo era neutralizar as ameaças nucleares e balísticas, Netanyahu acrescentou: “ao atingirmos nosso objetivo, também estamos abrindo o caminho para que vocês conquistem sua liberdade. O regime não sabe o que o atingiu — ou o que ainda o atingirá. Nunca esteve tão fraco. Esta é sua oportunidade de se levantar e fazer sua voz ser ouvida”.
Resistência e limites da ofensiva militar - Apesar da gravidade dos danos, o histórico de hostilidade entre Israel e o Irã — não apenas entre seus líderes, mas também entre grande parte da população xiita — levanta dúvidas sobre a possibilidade real de um levante popular capaz de derrubar o regime teocrático, ainda respaldado por forças de segurança leais.
Singh alertou que ainda não se sabe quais condições seriam necessárias para o surgimento de uma oposição coesa no Irã. A ofensiva de sexta-feira foi apenas a primeira fase do que Israel já anunciou como uma operação prolongada. Analistas afirmam que novas ações devem ocorrer contra infraestruturas nucleares importantes, com o objetivo de retardar o avanço iraniano em direção a uma bomba atômica — ainda que Israel, isoladamente, não tenha capacidade para eliminar completamente o programa nuclear.
Teerã alega que seu programa atômico tem fins exclusivamente civis, mas o órgão nuclear das Nações Unidas concluiu nesta semana que o país está em violação de suas obrigações previstas no Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
Os primeiros ataques israelenses destruíram, além da usina de enriquecimento de superfície, grande parte do sistema de defesa aérea iraniano e atingiram figuras de destaque no setor militar e científico.
Israel mira liderança e estimula mudança interna - Em nota à Reuters, a embaixada israelense em Washington afirmou: “como país democrático, o Estado de Israel acredita que cabe ao povo de cada país definir sua política nacional e escolher seu governo. O futuro do Irã só pode ser decidido pelos iranianos”.
O próprio Netanyahu já havia defendido publicamente uma mudança no governo iraniano, inclusive em setembro passado.
Embora o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha dado apoio à defesa israelense diante do contra-ataque iraniano, não há sinais de que Washington esteja buscando, neste momento, promover uma mudança de regime em Teerã. A Casa Branca e a missão iraniana nas Nações Unidas, em Nova York, não responderam aos pedidos de comentário da agência.
Desmantelar o programa nuclear ainda é improvável - Especialistas apontam que Israel ainda está longe de conseguir desmantelar completamente o programa nuclear iraniano. Mesmo com os ataques de grande escala, os locais de enriquecimento são amplamente protegidos e distribuídos pelo território iraniano.
O próprio governo israelense reconhece esse limite. “Não há como destruir um programa nuclear apenas por meios militares”, declarou o assessor de Segurança Nacional de Israel, Tzachi Hanegbi, à emissora Channel 13. Segundo ele, os ataques podem servir para criar condições para um eventual acordo com os Estados Unidos que inviabilize o avanço nuclear iraniano.
Sima Shine, ex-analista-chefe do Mossad e pesquisadora do Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Israel, disse que os armamentos disponíveis não seriam suficientes para Israel eliminar o projeto nuclear sozinho. “Israel provavelmente não pode desmantelar completamente o projeto nuclear por conta própria, sem a participação dos Estados Unidos”, afirmou.
Ainda assim, o esforço para enfraquecer o regime pode explicar a decisão de Israel de mirar altos oficiais militares, numa tentativa de provocar confusão e desorganização no aparato de segurança iraniano. “Essas pessoas eram essenciais, muito experientes, e estavam há muitos anos em suas posições. Elas representavam um pilar importante da estabilidade do regime, especialmente em termos de segurança”, disse Shine. “Num cenário ideal, Israel preferiria uma mudança de regime, não há dúvida quanto a isso.”
Contudo, uma eventual queda da atual liderança iraniana não está livre de riscos, segundo Jonathan Panikoff, ex-vice-diretor nacional de inteligência dos EUA para o Oriente Médio e atualmente pesquisador do Atlantic Council. “Por anos, muitos em Israel acreditaram que uma mudança de regime no Irã traria um novo e melhor momento — que nada poderia ser pior do que o atual governo teocrático. Mas a história mostra que sempre pode ser pior”, concluiu.