O ministro da Saúde anunciou neste domingo (21) que o ataque jihadista de 30 horas a um hotel em Mogadíscio deixou 21 mortos. Enquanto isso, os familiares aguardavam desesperadamente notícias dos desaparecidos.

"O Ministério da Saúde confirmou até agora 21 mortos e 117 feridos" no hotel Hayat na capital somali. Segundo o ministro Ali Haji Adan, o ataque começou na noite de sexta-feira (19).

O levantamento anterior era de 13 mortos.

Neste domingo, os familiares dos desaparecidos no ataque esperavam notícias de seus entes queridos. "Meu irmão estava no hotel na última vez que ouvimos falar dele, mas seu telefone está desligado e não sabemos o que esperar", o empresário Muktar Adan disse à AFP.

Horas antes, as forças de segurança haviam anunciado ter dado um fim ao ataque durante a madrugada de domingo com a morte de todos os assaltantes.

Equipes de resgate tentam encontrar desde domingo possíveis sobreviventes nos escombros, confirmaram jornalistas da AFP.

O hotel, frequentado por funcionários do governo, sofreu danos consideráveis durante o enfrentamento dos islamistas e forças de segurança, com algumas partes até desmoronando.

Esse é o mais grave ataque em Mogadíscio desde maio, na eleição do novo presidente somali Hasan Sheikh Mohamud, e destaca o perigo que a insurreição islâmica representa há 15 anos.

Crianças em choque

Os membros do Al Shabab, um grupo afiliado à Al-Qaeda, iniciaram o ataque na noite de sexta-feira ao invadir com armas e bombas o popular hotel Hayatt, onde ficaram barricados por cerca de 30 horas.

O comissário da polícia, Abdi Hasan Mohamed Hijar, disse à imprensa no domingo que "106 pessoas, incluindo mulheres e crianças" foram resgatadas pelas forças de segurança durante o ataque islamita, que terminou por volta da meia-noite.

Pouco antes do fim do cerco, uma testemunha, Salaad Ali, que assistia todo o ocorrido no telhado de outro edifício, disse que as forças de segurança atacavam "com armas pesadas".

Al-Shabab reivindicou a responsabilidade pelo ataque no sábado (20), através dos meios de comunicação relacionados. Abdiaziz Abu Musab, porta-voz do grupo, assegurou em declarações à rádio Andalus que suas forças haviam "causado inúmeras vítimas".

Uma mulher chamada Hayat Ali disse que as forças de segurança haviam encontrado três crianças, entre quatro e sete anos, escondidas em estado de choque no banheiro de um hotel.

O ataque foi feito após os Estados Unidos anunciarem na quarta-feira (17) o abate de 13 militantes do Al-Shabab em um ataque aéreo nas redondezas de Teedaan, cerca de 300 quilômetros ao norte de Mogadíscio e perto da fronteira com a Etiópia.

O presidente Joe Biden decidiu retomar em maio a presença militar americana na Somália, revertendo a decisão de seu antecessor Donald Trump.

Os militantes do Al-Shabab foram expulsos de Mogadíscio em 2011 por uma força da União Africana, mas ainda controlam grandes áreas do território e são capazes de cometer ações mortais contra civis e militares.

O presidente Hasan Sheikh Mohamud disse no mês passado que não poderá vencer os militantes com o recurso único da força militar, mas especificou que ainda não era o momento de encarar uma negociação.