Por:AFP - Agence France-Presse
Um dia após o encerramento da cúpula histórica no Vaticano sobre a luta contra a pedofilia, a sociedade civil e as congregações religiosas estão se organizando para garantir que a Igreja Católica realmente coloque em prática suas boas resoluções.
Depois de três dias de debates, o papa Francisco prometeu no domingo (24) uma "luta em todos os níveis", mas a falta de medidas concretas e sua insistência em dizer que os pedófilos não são todos os padres irritaram as vítimas.
Para mostrar sua boa fé, o Vaticano anunciou que uma reunião interministerial foi realizada na manhã desta segunda-feira (25) no Vaticano sobre a proteção dos menores, o "primeiro efeito concreto" da cúpula.
Depois da cúpula, "pareceu claro que tal acontecimento deve ser seguido por medidas concretas como exigido pelo povo de Deus", explicou a Santa Sé, afirmando que os documentos e grupos de trabalho prometidos no domingo se apoiariam na escuta das vítimas e num maior envolvimento dos leigos.
Neste contexto, as associações "End clergy abuse" (ECA") e "Bishop accountability", as mais ativos à margem da cúpula, apresentaram em frente à Praça de São Pedro um "plano de guerra" em 21 pontos, o mesmo número de pontos de reflexão propostos pelo papa no início da cúpula.
"O papa anunciou uma batalha contra os abuso de menores, mas com as armas mais fracas imagináveis. Se colocar em prática esses 21 pontos, acabaria com essa praga de uma vez por todas", disse Anne Barrett Doyle, codiretora da Bishop Accountability.
A lista pede que qualquer padre culpado de abusar de um menor e qualquer bispo que o tenha encoberto seja imediatamente entregue à justiça civil, que imponha às igrejas locais o pagamento de indenizações às vítimas e que assumir os gastos médicos e psicológicos que possam precisar.
Também pede o estabelecimento de registros públicos e documentados de todos os padres, religiosos e religiosas que abusaram de crianças.