BOLÍVIA
 
Milhares de mineiros e indígenas relacionados ao ex-presidente de esquerda Evo Morales marcharam nesta terça-feira na cidade boliviana de El Alto, vizinha de La Paz, em rejeição ao adiamento das eleições gerais devido ao coronavírus.

Cerca de 5.000 pessoas marcharam vários quilômetros pelas ruas desse reduto de Morales (2006-2019), carregando bandeiras bolivianas vermelhas, amarelas e verdes e a 'whipala', o símbolo multicolorido dos povos aimara e quíchua.

Não faltaram críticas contra o governo da presidente de de transição, Jeanine Áñez, e do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), que na semana passada adiou as eleições de 6 de setembro para 18 de outubro devido à escalada da pandemia.

"A data da eleição de 6 de setembro deve ser cumprida", disse à AFP o líder mineiro Lucio Padilla. "Não podemos permitir a manipulação do direito e nossa obrigação é defender a democracia".

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Foto: AIZAR RALDES / AFP

 

Os apoiadores de Morales acreditam que as eleições foram adiadas porque seu herdeiro político e candidato Luis Arce lidera as pesquisas.

É o segundo adiamento em meio â pandemia, desde que a votação foi originalmente convocada para 3 de maio.

Durante a marcha, alguns mineiros soltaram rojões sem causar danos.

Froilán Mamani, líder do sindicato camponês Tupac Katari, disse que o TSE deveria recuar sobre o adiamento, porque caso não o faça haverá convulsão social.

"Não permitiremos mais prorrogações do governo de transição", disse.

Os manifestantes também criticaram o governo interino, que eles acusam de não combater eficazmente a COVID-19, que até agora deixou mais de 71.000 infecções e quase 2.500 mortes, em uma população de 11 milhões.

Marchas com motivos semelhantes também foram realizadas nas cidades de Cochabamba (centro) e Cobija (extremo norte).

O ministro da Presidência, Yerko Núñez, acusou Morales e o candidato Luis Arce de encorajarem as marchas em um momento que país enfrenta uma escalada da pandemia.