No auge, Tatá Werneck emenda um trabalho atrás do outro e estrela 'Uma Quase Dupla' com Cauã Reymond
Tatá Werneck estava a caminho do set para o primeiro dia das filmagens de “Uma Quase Dupla”, que estreia nesta quinta-feira (19). No carro, ela começou a se sentir um pouco quente e incomodada. Sua temperatura já era de 37ºC. Mais perto do set, chegou a 38ºC e, quando ia filmar sua primeira cena, já chegava a 39,7ºC. “Comecei a sentir calafrios e falei ‘gente, acho que preciso ir para o hospital’”, lembra.
A comediante foi diagnosticada com pneumonefrite e teve que ficar dez dias de repouso, enquanto a produção filmava as cenas em que sua personagem não aparecia. “Quando voltei, precisei de um médico me acompanhando o tempo todo, foi tudo muito delicado”, conta. O “piripaque”, contudo, não foi por acaso. Tatá reconhece que, desde 2010, ela praticamente não parou de trabalhar. “Eu sou do tipo que faz três faculdades ao mesmo tempo. Se não estou fazendo nada, fico achando que preciso estudar mais, aprender mais, trabalhar mais, produzir”, explica.
O resultado disso é que, logo após encerrar a novela “Deus Salve o Rei”, a atriz começa as gravações de seu “Lady Night”, no Multishow. Terminada a temporada, ela grava uma minissérie de Alexandre Machado (“Os Normais”) para a Globo, depois um programa com Paulo Gustavo para o Multishow e, cinco dias depois, já tem marcadas as filmagens de um novo longa ainda sem título, em que vai viver uma dupla sertaneja com Ingrid Guimarães. “Para o improviso, a criatividade é um músculo: quanto mais você exercita, mais cria processos de raciocínio. Mas, para construir uma personagem, é preciso parar; um momento de ócio criativo. Ano que vem é férias... A não ser que apareça uma oportunidade de trabalho que não quero perder”, completa.
Tanto trabalho e exaustão também se devem ao fato de que Tatá não é só uma atriz ou comediante decorando falas. Em “Uma Quase Dupla”, por exemplo – em que vive Keyla, uma policial carioca durona que forma um par de opostos com o inexperiente Cláudio (Cauã Reymond) para investigar uma série de assassinatos em uma cidade do interior –, ela acabou coassinando o roteiro. “O Cauã e eu sempre quisemos trabalhar juntos. Daí, chegou esse projeto, e a gente decidiu fazer. Mas no tratamento, o personagem dele era meio escada, e nós queríamos que os dois tivéssemos momentos de humor”, ela explica.
Foi quando Tatá chamou o ator e roteirista Daniel Furlan, seu parceiro de longa data, e botou a mão na massa. “Eu refiz algumas cenas com o Cláudio, acrescentei outros personagens, o Daniel ajudou a escrever o personagem dele, tirei algumas cenas, coloquei outras. Mas foram duas semanas, não tive muito tempo”, descreve, com sua cadência 220 volts que faz isso tudo parecer muito fácil.
A comediante só lamenta que muitas dessas contribuições tinham ficado no chão da ilha de montagem quando os produtores decidiram que o filme teria classificação indicativa 12 anos. Ela concordou com a decisão em prol de uma comédia que pudesse ser vista por toda a família, mas admite que 60% das piadas com as quais mais se identificou ficaram de fora. “Vou tentar vazar essas cenas de alguma maneira clandestina”, ela brinca.
Ainda assim, 90% do humor de “Uma Quase Dupla” vem de Tatá Werneck e seu estilo acelerado, improvisado e completamente nonsense de falar as coisas mais absurdas cena após cena. Um estilo que, a comediante admite, teve que aprender a administrar ao contracenar com Cauã, um ator muito técnico, não tão acostumado com o improviso.
E se o galã acabou entrando no ritmo e gostando de se deixar levar pela energia do que podia rolar a cada cena, Tatá reconhece também ter aprendido muito com o parceiro. “Ele já fez muita novela, filme, sabe muito de lente, posicionamento de câmera, luz. Eu não, estava no meu quarto filme, vou fazendo o que dá na minha cabeça. Aprendi muito com ele sobre como me posicionar em cena. Foram escolas complementares”, revela.
É o encontro de dois universos (ou dois astros) que, se conquistar toda a família, como os produtores desejam, não deve demorar a ganhar uma continuação. Algo em que Tatá não quer nem pensar por enquanto. “Se eu pudesse ver minha vida de fora e me aconselhar, provavelmente falaria ‘para um pouco, minha filha, tá na hora’”, ela ri.