No ar em “Orgulho e Paixão”, Thiago Lacerda faz um balanço das duas décadas de carreira e da chegada dos 40 anos
RIO DE JANEIRO. Thiago Lacerda estudava administração de empresas quando se inscreveu em um curso de interpretação – o objetivo era vencer a timidez para conseguir um emprego. Mas ele, que não tinha a menor pretensão de seguir a carreira de ator, foi chamado para fazer um teste na Globo. Era o início de uma trajetória de sucesso, que já dura duas décadas. “Eu amo atuar. É divertido, acho legal”, diz o artista ao defender a profissão.
Lacerda participou de inúmeros trabalhos na televisão, no cinema e no teatro. Seu primeiro grande papel foi na minissérie “Hilda Furacão” (1998), da Globo, quando interpretou o jovem Arameu. A partir daí vieram outros personagens de destaque. “Eu tenho personagens na minha carreira dos quais me orgulho muito: Arameu, Matteo (‘Terra Nostra’, 1999, novela), Jesus Cristo (‘Paixão de Cristo’, 2000, teatro), Giuseppe Garibaldi (‘A Casa das Sete Mulheres’, 2003, minissérie), Capitão Rodrigo (‘O Tempo e o Vento’, 2013, filme), Tiradentes (‘Liberdade, Liberdade’, 2016, novela), Hamlet (‘Hamlet’, 2012, teatro) e Macbeth (‘Macbeth’, 2015, teatro)”, elenca o ator. “É bastante coisa, estou bem-acompanhado ao longo desses 20 anos”, orgulha-se.
Atualmente ele está no ar em “Orgulho e Paixão”, que estreou no mês passado. Na trama de Marcos Bernstein, o ator vive o industrial Darcy, o primeiro mocinho que ele interpreta após dois vilões – Ciro, de “A Lei do Amor” (2016), e Marcos, de “Alto Astral” (2014). “O Darcy veio para lavar a alma, dar uma iluminada no caminho”, brinca.
Embora se sinta feliz “por ser um herói”, Lacerda ressalta que “é difícil fazer o mocinho”. Ele diz que a história de Darcy, que chega à pequena Vale do Café e se envolve com Elisabeta (Nathalia Dill), o encantou. “Ele é um homem do século XX e que, ao mesmo tempo que tem uma sensação de pertencimento à época, o pensamento dele está à frente. Então há esse conflito. E, claro, é uma novela inspirada na obra da escritora inglesa Jane Austen (1775-1817), que fala da importância da discussão dos espaços femininos na relação”, explica.
Questionado sobre os personagens que ainda deseja interpretar, Thiago Lacerda afirma: “Tenho vários! Tem tempo (para ouvir)? (risos)”. “Eu tenho minha pesquisa com Shakespeare que começou em 2010. Então, depois de ‘Macbeth’, vão vir outros projetos. Mas para a TV tem muita história boa pra gente levar, muita história de quem somos”, acrescenta.
Rótulo. Logo que ganhou destaque como ator, Thiago Lacerda foi elevado ao posto de galã da Globo. Entretanto, ele rechaça o título.
“Ninguém nunca me ouviu dizer que sou um galã. As pessoas falam isso, pois há uma necessidade de rotular, mas eu lido com isso de uma forma natural desde que comecei minha carreira. Meu trabalho sempre teve foco nos personagens, nas histórias; o que me interessa é contar histórias para as pessoas. Se elas vão achar que sou bonito ou feio, alto ou baixo, não é uma preocupação que eu preciso ter”, afirma.
Transformação. Aos 40 anos, Lacerda faz um balanço da vida desde que se tornou famoso. “Vinte anos é muito tempo para a gente ir se transformando. A vida é dinâmica, a gente vai aprendendo, fazendo e vivendo coisas. Eu era muito diferente há 20 anos, ainda bem. Mas, de alguma maneira, eu sou aquele cara mais 20 anos em cima”, pontua ele, que confessa que tomou “muita porrada na vida” nesse período.
Quando o assunto é idade, o artista fala sem medo e diz que o fato de ser um quarentão não o assusta. “Eu fiz 40 anos em janeiro e me sinto muito bem. Mas confesso que tenho parado para repensar minha vida, meus valores, meus conceitos, para me perguntar quem de fato eu sou, quem de fato eu pretendo continuar sendo pelos próximos 40 anos. Não é lenda esse papo de crise dos 40, não. Mas não tem nada a ver com estética, não tem nada a ver com cabelo que cai, não tem nada a ver com o corpo, que já não é mais o mesmo”, conta.
O ator é casado há 17 anos com a atriz Vanessa Lóes, com quem tem três filhos: Pilar, Gael e Cora. Segundo ele, a idade e o amadurecimento trouxeram a necessidade de estar mais com a família. “Minha rotina é muito corrida e, para a maneira que enxergo a vida, tenho sentido muito a necessidade do silêncio. Então, talvez isso seja um caminho cada vez mais concreto na minha vida. Me dedicar cada vez mais quieto, em silêncio, com meus livros, com meus filmes, com meus filhos”, planeja.
*O repórter viajou a convite da Rede Globo