SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Dani Calabresa, 38, se manifestou publicamente pela primeira vez sobre os novos detalhes que vieram à tona nesta sexta-feira (4), em publicação da revista Piauí, das denúncias de assédio moral e sexual feitas contra o ex-diretor da Globo Marcius Melhem, 48.

 
A humorista foi a primeira mulher a levar a situação à alta cúpula da Globo. Melhem nega as acusações.

"Nunca quis ser vista como uma mulher assediada", afirmou em mensagem postada nas redes sociais. "Mas para recuperar a minha saúde, precisei me defender. Nunca procurei a imprensa. Tomei as medidas cabíveis para conseguir ajuda. Tudo é muito difícil, dá medo, vergonha, mas temos que lutar por respeito e justiça. Não passarão. Assédio é crime!"

Ela também agradeceu pelas manifestações de carinho que vem recebendo tanto de amigos, colegas e do público em geral após o caso ser divulgado. "Obrigada pelas mensagens de apoio, agradeço demais a Mano Miklos e a doutora Mayra Cotta pelo apoio. E preciso declarar aqui todo meu amor e gratidão a Maria Clara Gueiros, minha amiga do meio artístico que me apoiou desde o inicio! Que mulher maravilhosa! Amorosa! Justa! (E hilária!)"

Calabresa ainda disse estar do lado de todas as mulheres que passam ou passaram por isso. "Toda minha solidariedade as mulheres que passam por isso e tem medo de denunciar", afirmou. "E impressionante a luta que uma mulher precisa travar pra provar que é vitima. Denunciem!!!"

RELEMBRE O CASO

A colunista Monica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, foi a primeira a expor a extensão das acusações contra o humorista, por meio de uma entrevista com a advogada Mayra Cotta, representante de vítimas e testemunhas no processo interno de compliance da TV Globo.

A reportagem provocou uma reviravolta no caso. Na ocasião, Melhem negou as acusações em nota enviada à jornalista da Folha de S.Paulo: "Sei que num caso desses, ainda mais no momento que vivemos, de tanto ódio, serei culpado até provar o contrário. Então quero que tudo seja colocado às claras, expor a minha inocência e os meus erros. Quero poder pedir desculpas e cobrar responsabilidades. Vou em busca da verdade".

Já nesta sexta, reportagem da revista Piauí revelou detalhes sobre dois assédios sofridos por Dani Calabresa que causaram comoção de internautas e artistas, que saíram em defesa da atriz.

Na época dos fatos, Marcius Melhem atuava como diretor humorístico da emissora. Segundo testemunhas e colegas de Calabresa, as situações aconteceram em 2017.

Uma delas, trazida na reportagem da Piauí, revela que Marcius Melhem tentou beijar Calabresa à força, além de agarrá-la contra a sua vontade e de exibir suas partes íntimas durante uma festa da equipe do Zorra, no Rio de Janeiro. Ele também pediu para que a artista "calasse sua boca" sobre a situação.

Calabresa denunciou o fato à chefe de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico (DAA), Monica Albuquerque, após deixar o elenco do Zorra. De acordo com a Piauí, a primeira decisão em relação ao fato foi recomendar uma terapia ao acusado, sem nenhuma advertência. Na sequência, o caso também foi levado para Carlos Henrique Schroder, diretor-executivo de Criação e Produção de Conteúdo da Globo.

Ainda segundo a publicação, Schroder pediu que uma investigação foi realizada e novos casos contra Melhem apareceram. Ao menos três atrizes manifestaram incômodo ao contracenar com o ator e diretor, citando situações em que ele roçava o pênis nelas.

À revista, em nova manifestação por nota, Melhem voltou a negar as acusações: "Qualquer pessoa que tenha convivido comigo sabe que eu jamais cometeria algum ato de violência e que nunca forcei ninguém a nada".