Coletores de lixo e suas famílias participaram de comemoração neste domingo (22)

Para muitas crianças como o Thiago, o tema da festa de aniversário de 4 anos seria o Homem-Aranha ou o Batman, entre outros personagens do imaginário infantil. Mas, no caso desse pequeno belo-horizontino, os super-heróis dele se vestem de laranja e batalham contra a sujeira na cidade. Thiago tem tanta admiração pelo trabalho dos garis, que coletam o lixo três vezes por semana na rua onde ele mora – no bairro Alípio de Melo, na região da Pampulha – que resolveu fazer homenagem a eles em sua festa de aniversário, comemorada neste domingo (22) no bairro Castelo, na mesma região. O próprio menino fez o convite aos trabalhadores, que ele conhece pessoalmente, chamando todos pelo nome deles ou de “amigões”.

Para os garis, que levaram suas famílias para um almoço oferecido pelos pais da criança, a atitude de Thiago é uma lição de vida para os adultos diante da rejeição social sofrida por trabalhadores de camadas mais humildes e um incentivo para superar preconceitos e dificuldades da profissão. “A felicidade dele é a alegria nossa. Isso motiva mais a gente a trabalhar com seriedade e competência”, comentou o motorista da equipe, Hermes José de Barros, 43. “Thiago deveria ser um espelho para a sociedade”, completou Cláudio Silva, de 36, um dos garis presentes na comemoração.

Admiração. O caminhão do lixo passa às 9h às terças, às quintas e aos sábados na rua de Thiago, e ele já fica esperando desde as 8h30, segundo a mãe do menino, a engenheira Rosilene Viana, 46. “Ele mesmo quis convidar os garis. Fico muito orgulhosa e admirada por esse ato dele”, disse a mãe. “É uma profissão digna. Às vezes, nem eles (os garis) sabem o quanto é importante essa profissão. Imagina se a gente não tivesse o trabalho deles na cidade. A população estaria doente, e a cidade, suja, fétida”, comentou a mãe de Thiago.

Alegria no trabalho impressiona

O que mais impressiona o menino Thiago é a alegria dos garis. “Estou muito feliz. Eles coletam o lixo da minha rua e gritam: ‘bora, bora, bora...’”, disse o garoto. Segundo a mãe dele, Rosilene Viana, 99,9% das brincadeiras dele remetem aos garis. “Se ele está no supermercado, o carrinho de compras é o caminhão de lixo. A mochila, quando eu o pego de volta para casa da escola, vira caminhão de lixo. O degrau da igreja que a gente frequenta vira o estribo do caminhão”, exemplificou a mãe.