Diversos artistas decidiram usar as redes sociais nesta terça-feira (19) para repudiar uma operação da polícia do Rio de Janeiro, que terminou com a morte do garoto João Pedro, de 14 anos. Segundo testemunhas, o jovem teria sido baleado por policiais, dentro de sua casa em São Gonçalo, e seu corpo foi levado por agentes.

 
Nas redes sociais, Lázaro Ramos fez um desabafo em suas redes sociais: “Tristeza, revolta e mais uma vez o grito por justiça de quem já está chorando seus mortos há muito tempo. A primeira coisa que nos tiram é a humanidade. Para nós acreditarmos que não tem outro caminho. Não podemos acreditar nisso. Tem caminho e precisamos nos importar sim. Sempre”.

Taís Araújo usou seu perfil no Twitter para comentar o caso: "O Estado Brasileiro mata. Diariamente. Aos montes. Até tudo virar “apenas” número. Gente não é número. Gente tem nome, tem vida, tem história. Hoje foi o João Pedro. João Pedro não é um número", disparou

A apresentadora Astrid Fontenelle questionou os fatos que se sucederam em relação a atuação da polícia. "João Pedro estava em casa, tempos de pandemia, temos que ficar todos em casa. Ele estava. Até tomar um tiro na barriga vindo de uma bala perdida. Perdida?! Daí a polícia levou-o de helicóptero. Sumiu. Apareceu depois da já tradicional, muito embora eu ache mínima, grita das redes sociais. E se fosse o meu filho? E se fosse o seu menino? Até quando? Essa é outra doença. Morreu do Brasil das diferenças”, escreveu. 

A atriz Sheron Menezzes divulgou no Instagram um vídeo em que ela aparece em silêncio, com a canção de fundo “Tributo a Martin Luther King”, de Wilson Simonal. A composição exalta a luta do americano que atuou pela igualdade entre pretos e brancos e foi morto em 1968 após levar um tiro. 

Djamila Ribeiro, que é filósofa e escritora, destacou que na ocasião, João foi levado de casa e que os familiares só descobriram onde ele estava depois das campanhas feitas na internet. A acadêmica também destacou como a população da comunidade é silenciada pela mídia e relembrou de outras mortes parecidas com a do adolescente. “Historicamente ninguém dessas comunidades é ouvido em matérias como essa e, dessa vez, o formato se repetiu. Mais um discurso de supremacia branca produzido com sucesso na televisão, um discurso que produz mortes. João Pedro Mattos foi uma delas, juntando-se a Amarildo, Claudia, Ágatha e outras milhões de pessoas”, declarou. 

A escritora ainda fez duras críticas do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, relembrando de elementos defendidos pelo político no período de campanha. “Vale dizer, o governador do Rio de Janeiro foi eleito sob a promessa de uma política genocida, mais ainda da que já era praticada. Disse que sob seu comando a polícia ia mirar e ‘atirar na cabecinha’. Enojante, tudo muito revoltante. Existe uma guerra contra a população negra desse país. João Pedro, presente!”, completou. 

A cantora Iza compartilhou uma ilustração que mostra João chegando no céu e lamentou o acontecimento: “Acordei com essa notícia horrível. Que tristeza. Que dor. Até quando isso, meu Deus?”. Já Taís Araújo, no Twitter, escreveu que “o Estado Brasileiro mata. Diariamente. Aos montes. Até tudo virar ‘apenas’ número” e que “gente não tem número”, mas tem “nome”, “vida” e “história”. “Hoje foi o João Pedro. João Pedro não é um número”, finalizou.